💙CAPÍTULO 7💙

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💙Alicia:

    - Me escute, Alicia. - meu pai falou ao telefone, enquanto eu me sentava na cama - Obedeça a senhora Rute e coloque o uniforme novo.

      - Nem sei quem é Rute. - bocejei, olhando para a monitora de braços cruzados, parada como uma estátua no meio do quarto.

      - A senhora que trabalha cuidando do dormitório feminino, a que me ligou. - ele estava bem bravo pelo jeito - Ela está tentando resolver as coisas sem te levar para a diretoria novamente, colabore.

      - Mas isso não é justo, senhor Tony... O uniforme é horrível!

      - Não me chame de Tony.

      - É o seu nome. - dei de ombros - Quer que eu te chame do quê? De Felipe?

      - Eu sou seu pai, Alicia. - conseguia imaginar a pequena ruga no meio de suas sobrancelhas - Me respeite.

      - 'Tá, paizinho. - minha voz saiu cínica - Me conta como estão as coisas por aí. Um dia sem me ver. Está conseguindo sobreviver?

      - Eu não vou cair nessa... Obedeça a senhora Rute ou pelo menos obedeça o seu pai e troque de roupa agora.

      - Eles aceitaram meu piercing, por que não...

      - Chega, Alicia! - ele gritou e pude ouvir minha mãe murmurar algo, então ele respirou fundo - Você não é mais uma criança, sei que você vai fazer de tudo para sair daí, mas você não vai. Entendeu? Já passou da hora de você entender que as coisas não podem ser sempre como você quer.

      Engoli em seco e fiquei em silêncio. Tentando não olhar para o rosto da mulher que me observava.

      - Entendeu? Me responda, Alicia.

      - Posso falar com a mamãe? - perguntei.

      - Me responda.

      - Quero falar com a mamãe.

      - Não. - sua voz ficava cada vez mais firme - Me responda primeiro.

      - Quero falar com a minha mãe.

      - Eu sou o seu pai, me responda agora.

      - Eu entendi. - acabei cedendo - Posso falar com a minha mãe agora?

      - Fala, filha. - suspirei ao ouvir a voz dela.

      Coloquei o celular no mudo.

      - Você pode sair daqui? - perguntei para a mulher.

      - Você tem 5 minutos para terminar de falar ao telefone, colocar o novo uniforme e ir para o prédio escolar. - ela respondeu, saindo e fechando a porta.

      - Oi, mamãe. - respondi, tirando o celular do mudo.

      - Por favor, Alicia. - sua voz estava cansada - Por favor, se comporte.

      - Lembra daquele incidente?

      - Qual deles?

      - No meu aniversário de 15 anos.

      - Quando você enterrou a cabeça do Dylan no seu bolo ou quando ele te prendeu dentro do freezer?

      - Mas essas coisas não foram incidentes. - revirei os olhos - Foi tudo proposital. Estou falando do final da festa.

      - Ah. - ouvi apenas sua respiração por um tempo - Achei que você nunca mais queria falar disso.

      - É que... - minha voz falhou e meus olhos encheram d' água - Eu só queria dizer que... eu não quero ficar aqui.

Nem tudo é azulWhere stories live. Discover now