💙 CAPÍTULO 70 💙

2.4K 207 51
                                    

💙Alicia:

- Ombro-a-ombro com um pequeno decote. - falei para Sônia, passando a mão pelo colo de Abigail - Assim como no desenho.

- Não precisa de decote. - Abigail arregalou um pouco os olhos, enquanto Sônia continuava tirando suas medidas.

- Claro que precisa. - sorri, me sentindo extremamente feliz por estar mandando fazer os vestidos que havia desenhado - Escolheu o tom de vermelho, Abigail? - peguei a paleta de cores com tecidos e aproximei de sua pele - Acho que para você, o vermelho scarlet vai ficar perfeito.

- Foi um dos que mais gostei. - sorriu - Pode ser esse mesmo.

- Ok. - me aproximei do espelho para me ver melhor - O da Abigail vai ser esse desenho vermelho scarlet. - entreguei o papel - O meu vai ser esse. - entreguei o próximo desenho - Escolhi o azul da Pérsia e quero que o decote seja exatamente como no desenho.

- Tudo certo. - Sônia sorriu - Vocês estarão perfeitas no baile, pode confiar.

- Eu confio. - lhe dei um abraço - Qualquer coisa me liga.

- Fui completamente excluída, é isso mesmo? - senti minha mãe passar as mãos pelos meus ombros.

- Mãe, era para você esperar na recepção. - reclamei.

- Fica quieta, Alicia. - abriu espaço até a Sônia - Deixa eu ver os desenhos.

- Aqui. - Sônia lhe entregou os desenhos - Sua filha tem muito talento, Ester.

- Caramba, realmente. - minha mãe sorriu, me abraçando de lado - Esses vestidos são lindos, meu amor.

- Claro, eu que desenhei. - dei de ombros, sem querer demostrar o quanto estava feliz com aquele elogio.

Nos despedimos de Sônia e fomos embora para casa. No caminho, tive vontade colocar uma rolha dentro da boca de Abigail para que ela parasse de agradecer, parecia que as únicas coisas que podiam sair de sua boca era "muito obrigada, muito obrigada mesmo e nem sei como agradecer, muito obrigada". O que, com certeza, era extremamente irritante; mas, minha mãe não achava irritante. Como eu havia sido gerada dentro de algo que não se irritava e parecia um anjo?

A tarde passou muito rápida e, quando percebi, já estávamos a caminho do colégio com o som do carro no último volume escutando e cantando clássicos do mpb dos anos 2000. Não me lembrava qual era a última vez que me divertia tanto dentro de um carro, ainda mais com André no volante, que costumava ser mais sério que meu pai. Quando a música Versos Simples dos Chimarruts começou tocar, fechamos os olhos - menos o André, logicamente - e levantamos as mãos, rindo e cantando. No fim da música, abri os olhos, encontrando os olhos de Dylan fixos em mim. Abri um sorriso, assim como ele e ficamos nos encarando, até a música Eu Sei dos Papas da Língua começar tocar e cantei baixinho "Eu sei, tudo pode acontecer... Eu sei, nosso amor não vai morrer".

Desviei os olhos, sentindo um pouco de vergonha ao perceber que Abigail nos observava e encostei a cabeça na janela, olhando para a estrada e percebendo que já estávamos chegando ao colégio. Não consegui tirar o sorriso do rosto, não sabia o que estava acontecendo, mas, nunca havia me sentido tão viva e completa como naquele final de semana, ainda mais dentro daquele carro. Procurei a mão de Abigail e a segurei, sabendo que ela fazia parte por eu me sentir daquela maneira. Foi muito estranho pensar em "adotar" Abigail, porém, agora entendia que ela já fazia parte daquela família.

Talvez, eu apenas estivesse descobrindo partes minhas que nunca imaginei descobrir. E puta que pariu, acho que estava amando-as.

💙

Nem tudo é azulOnde histórias criam vida. Descubra agora