💙CAPÍTULO 13💙

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💙Alicia:

       Por que eu ainda era tão legal com o Dylan?

       Porque, com toda certeza, eu era a pessoa mais legal do mundo com ele. Então, ele com o tamanha falta de consideração que tinha por mim, decidia desenterrar aulas de piano e flauta que eu havia feito, assim como ele com suas aulas de violão, quando tínhamos uns 5 anos de idade. O que durou até muito, pois só paramos com as aulas quando tínhamos 12 anos.

       Não me arrependo de ter aprendido - e modéstia parte, muito bem - tocar os dois instrumentos. Entretanto, infelizmente ou felizmente, eu havia quebrado o teclado, o piano e a minha flauta, em um desses surtos que todo bom adolescente sempre tem. Acho que o otário do Dylan ainda devia ter seu violão, mas com quase certeza, ele não era tocado havia mais de um ano.

       Eu havia tido bons motivos para fazer farelo deles e no íntimo, gostaria de nunca mais ter que encostar em nada relacionado a música. Porém, o destino - se é que podemos chamar disso - é uma grande merda.

       Convenhamos que o jeito mais rápido, prático e fácil de resolver as coisas que acabo causando de propósito, com toda certeza, seria me mandar embora daquela espécie de fazenda escolar que até agora eu não havia entendido o que era de fato. Mas, não. Eu não iria embora, teria que participar de um maldito coral, tudo porque o idiota decidiu abrir a boca e falar que eu sabia tocar alguns instrumentos.

       Claro que tentei convencer os diretores de todo o jeito, dizendo que fazia anos que não tocava, que não sabia cantar, não lembrava de nenhuma nota mais... cheguei até a falar que havia parado com a música porque meus dedos haviam paralisado e eu nunca mais poderia voltar a tocar. No final, toda a minha tentativa de convencimento, só demonstrou o quanto eu não queria aquilo, o que, obviamente, os deixou com mais certeza de que aquele era o castigo ideal para mim.

       Além disso, meus pais foram intimados a virem me ver - na verdade, ver os diretores - no final de semana. Já estava até me preparando mentalmente pela bronca e pelo mês de tortura que seria trabalhar no colégio nos finais de semana, por um mês. E esse trabalho incluía pintar o guarda roupa - com a antiga cor brega e marrom - que eu havia pinchado.

       Tudo isso, era extremamente injusto. Fala sério, eu só havia entrado na área dos meninos, cortado alguns paninhos e dado um novo ar azul para o local... junto com o rosto do Frederico.

       E era exatamente por todos os motivos citados, que eu me encontrava sentada numa espécie de meio-fio, onde os quatro prédios ficavam as minhas costas e a minha frente havia árvores, estrada de brita e grama. Enquanto os outros moradores daquele inferno, passavam pelas minhas costas até o prédio escolar e eu continuava ali, olhando para a estrada e pensando no que aconteceria se eu tentasse fugir.

       - Alicia! - ouvi a voz de Abigail, mas não me virei para olhá-la - O que você está fazendo aí? A aula já vai começar.

        Suspirei e coloquei minha mochila nas costas, revirando os olhos ao olhar aquele uniforme ridículo no meu corpo. Eu jamais me acostumaria com aquilo.

       - Não posso nem faltar aula em paz? - me virei, ainda sentada, para vê-la revirar os olhos e andar em minha direção.

       - Não, não pode. - se sentou ao meu lado - Novamente, não fui eu que falei sobre você estar no quarto dos meninos.

       - Eu sei. - dei de ombros - Tanto faz.

       - O coral não é ruim. - ela continuou, cutucando a grama abaixo de nossos pés - Eu queria participar, mas não sei cantar, nem tocar... E seria muito corrido, já que os ensaios são das 18:00 às 20:00.

Nem tudo é azulWhere stories live. Discover now