💙Alicia:
Tinha prometido a mim mesma que esqueceria toda aquela história, aquilo tinha ficado no passado e o melhor a se fazer era enterrar. Acontece que, quando enterramos algo que ainda está vivo em nós, não sufocamos o acontecimento, sufocamos nós mesmos.
Me sufoquei por mais de dois anos e sabia que desenterrar toda a história poderia acabar comigo novamente. Mas Abigail havia confiado em mim, devia um voto de confiança a ela também. E, parte minha também sentia que não adiantava mais fugir daquilo.
- Minha mãe e minha irmã são muito emotivas, elas acreditam no amor, são extremamente melosas e chatas para um caralho. - comecei e encostei minha cabeça na parede - Conforme fui crescendo, não perdia uma oportunidade para rir da cara delas, não sentia que a vida era do jeito que elas falavam. Mas quando faltavam quatro meses para eu completar quinze anos, comecei a me sentir sozinha. Parecia que todo mundo tinha alguém, menos eu. Ficava com muitos garotos, mas não tinha o meu Rodrigo.
- Quem é Rodrigo?
- O noivo da minha irmã, irmão do Dylan. Eles namoram praticamente desde que nasceram e sempre se amaram muito. Eles já nasceram e encontraram o amor da vida deles, simples assim. Grande sorte de merda. - suspirei - No começo achava ridículo, mas como falei, comecei a me sentir muito sozinha e a partir disso, tudo desandou.
Fiquei em silêncio, olhando para a porta, enquanto sentia os olhos de Abigail fixados em mim.
- O ano estava quase acabando. - continuei - Já era outubro, mas um menino entrou na escola... Frederico entrou na escola. - os olhos de Abigail se arregalaram - Sim, esse Frederico mesmo.
- Por que ele mudou de escola em outubro? - sua expressão estava confusa.
- Tinha sido expulso de sua antiga escola. - dei de ombros - Ele era um demônio, sério, ele está parecendo um anjo agora, mas ele era um demônio. - as lembranças começaram a pipocar a minha cabeça - Lembro do primeiro dia que o vi, faltavam exatamente quatro meses para o meu aniversário. Era dia 2 de outubro. Ele chegou na sala de aula com uma bandana azul na cabeça. - comecei a rir - Eu achei ridículo, só gostei porque era azul e sempre fui fissurada em azul.
- Não consigo imaginar o Fred com uma bandana. - sorriu.
- Mas ele usava. - parei de rir e me concentrei nas imagens da minha cabeça - Assim que chegou, começou andar com a turma que o Dylan fazia parte. Então, era ele, Dylan, Ben, Emanuel e o Léo. Uma semana depois que ele tinha entrado na escola, quase toda a nossa sala marcou de ir passear no centro da cidade e eu e o cara de cu do Dylan sempre nos implicamos muito. Por isso, enquanto passeavamos pelo centro com no mínimo umas 22 pessoas, começamos nos desafiar a fazer coisas super idiotas. - percebi que Abigail estava confusa e tentei explicar - Tipo, Dylan me desafiava a subir em cima de algum carro e gritar: "Eu amo banana" e eu mandava ele fazer outra coisa mais idiota ainda, como abaixar a calça de alguém aleatório.
- Que ridículo. - ela revirou os olhos.
- Sim, muito ridículo, eu sei. - coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha - O mais ridículo era que fazíamos todos os desafios, uma merda de ilusão ao achar que aquilo nos tornava superiores.
- Típicos adolescentes idiotas. - comentou.
- Você é uma adolescente, não fala isso.
- Só estou falando a verdade.
- É verdade, mas não precisa ser dito em voz alta. - abri um sorriso fraco e sem achar graça de nada, realmente contar aquilo fazia tudo parecer ainda mais ridículo do que já era - Enfim, Fred decidiu entrar no jogo que estava rolando só entre eu e Dylan, o que deixou Dylan um pouco irritado, afinal, ele não estava na brincadeira. Primeiro ele desafiou Dylan a fingir um assalto, o que foi uma grande merda.
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Nem tudo é azul
قصص المراهقينOs pais de Dylan e Alicia sempre foram melhores amigos, por isso, planejaram suas vidas em quatro tópicos: •Casarem juntos; •Passarem a lua de mel juntos; •Terem filhos com idades semelhantes; •Casarem seus filhos. Seus planos deram certos...