💙 CAPÍTULO 52 💙

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💙Alicia:

  Não estava me reconhecendo. Eu havia falado para meus pais e para a Talyane que os amava apenas uma vez e, mesmo assim, havia tido coragem de falar que estava apaixonada. Porra, minha vida estava toda errada, mas nunca esteve errada de um jeito tão bom. Durante toda a minha vida, briguei com Dylan e agora estava beijando-o escondido e me declarando e, o mais impressionante, ele também. Puta que pariu, ele também.

  Será que estávamos namorando, então? Não. Pelo menos, não me lembro de tê-lo pedido em namoro e, ainda que ele também tenha falado que estava apaixonado por mim, não fez nenhum pedido. Então, definitivamente, não estávamos namorando, certo? O que era aquilo? Estávamos apenas ficando? Se fosse assim, poderíamos ficar com outras pessoas? Como que eu pude ficar com tantos outros caras na vida e não ter nenhuma experiência com aquilo? E por que eu realmente estava preocupada com aquilo?

   Não preciso de rótulos. Não preciso me rotular, muito menos rotular meus relacionamentos... Eu acho. Talvez, naquele momento não importava mais o que éramos ou o que estávamos fazendo, só que havia consentimento de ambas as partes e queríamos que acontecesse muitas outras vezes. Espera... ele queria que acontecesse outras vezes? Provavelmente, sim. Provavelmente, não. Com certeza, ele queria. Isso, pensamento positivo.

  Levantei os olhos do livro de História e encarei Dylan que estava na mesa ao lado da minha na biblioteca, seus olhos também saíram do livro e me olharam, fazendo um sorrisinho surgir no canto da sua boca. Balancei a cabeça de um lado para o outro e também abri um leve sorriso, voltando olhar para o livro, porém, senti que ele continuava com os olhos em mim. Agora entendia porque as pessoas ficam bobas quando estão apaixonadas, porque, com certeza, estava me sentindo uma boba naquele momento. Infelizmente, estava gostando de me sentir boba.

  - Com licença, professora Vilma. - ouvi a voz de Abigail e olhei para a porta. Há alguns minutos, ela havia saído para falar com os diretores. - Preciso que alguns alunos me acompanhe, pode liberá-los?

  - Claro, Abigail. - a professora respondeu, abrindo um sorriso fraco - Quais alunos?

  - Daniel, Alicia, Dylan, Frederico e Tainá. - respondeu, me fazendo franzir as sobrancelhas e olhar para Dylan, que parecia tão confuso quanto eu.

  - Podem ir. - a professora apontou gentilmente para a porta, pelo visto ela estava de bom humor. Milagre.

  Nos levantamos, olhei para cada um enquanto caminhávamos para a porta e, com exceção de Tainá, todos pareciam confusos. Assim que saímos da biblioteca, começamos perguntar para Abigail do que se tratava, mas ela não nos deu nenhuma resposta. Comecei repassar tudo que havia feito na última semana que estava ali, relembrando se teria alguma razão para estar de castigo. Felizmente, tinha, a prova era ter me agarrado depois do café da manhã com Dylan, mas ninguém havia nos vistos. Claro que não poderia ser isso, por que o que Tainá, Frederico e Daniel tinham haver com isto?

  Quando chegamos ao laboratório, Abigail enfim nos disse que podíamos entrar e sentar ao redor da mesa. Assim que estávamos acomodados, - tive que me sentar entre Dylan e Frederico - ela começou escrever algo na folha que estava pendurada em sua prancheta, nos fazendo ficar cada vez mais confusos. 

  - Porra, Abigail, você é aluna ou funcionária dessa droga? - perguntei, depois de uns 2 minutos de silêncio.

  - Ela é bolsista. - Tainá respondeu, batucando a mesa.

  - Oi, Abigail. - a olhei e estendi a mão, como se fosse cumprimenta-la - Não sabia que havia trocado de corpo.

  - Cala a boca, Alicia. - revirou os olhos.

Nem tudo é azulOnde histórias criam vida. Descubra agora