🖤CAPÍTULO 71🖤

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🖤Dylan:

  - Ela aceitou! - Daniel entrou no quarto correndo e fechou a porta.

  - O que? - arqueei uma sobrancelha, levantando os olhos do desenho.

  - De quem você está falando? - Fred perguntou.

  - Da Abigail. - sorriu, deitando em sua cama - Ela aceitou sair comigo nesse final de semana.

  - Até que enfim. - sorri, voltando minha atenção para o desenho - Onde você está pensando em levar ela?

  - Pro parque de diversão da cidade aqui perto. - o sorriso não sumia de seu rosto, parecia que ele estava em algum tipo de paraíso - Será que eu deveria ir com alguma roupa social?

  - Não. - Rubens murmurou, concentrado em seu celular.

  - Com certeza, não. - reforcei.

  - Você não acha parque de diversão muito infantil? - Fred franziu o cenho - Deveria levar ela para jantar ou algo assim.

  - Acho o parque de diversão romântico. - Daniel se sentou, dando de ombros - Acha que ela não vai gostar? - me olhou um pouco apreensivo - Pergunta para a Alicia se ela acha que a Abigail vai gostar, por favor.

  - Pergunta você. - bufei, me levantando e guardando os desenhos - Abigail tem cara de quem gosta de parque de diversão.

  - A Alicia gosta? 

  - Gosta só dos brinquedos que causam sensação de morte. - me deitei na cama e encarei o teto.

  - Entendi. - ouvi a voz de Daniel se aproximar - Acha que é uma boa ideia levar um buquê?

  - Talvez. - dei ombros - Eu não sei o que a Abigail quer, por isso,  para de planejar tudo.

  - Só deixar acontecer? - assustei quando vi ele em pé ao lado da minha cama, me olhando.

  - Isso. - - arqueei uma sobrancelha - Você é muito esquisito.

  - Eu sei. - suspirou.

  - Você pode conversar comigo lá sentado na sua cama, sabia disso? - abri um sorriso - Consigo te ouvir muito bem.

  - Sim, eu sei. - deu de ombros.

  - Então... - esperei que ele fosse se afastar, mas apenas continuou ali, me encarando - Para de me olhar e vai para a sua cama.

  - Primeiro preciso te perguntar uma coisa. - sussurrou, semicerrei os olhos e continuei esperando - Não quero que o Fred ouça porque ele pode contar para a Abigail e pra todo colégio.

  - Não sou fofoqueiro. - ouvi a voz irritada de Fred.

  - Promete? - Daniel o olhou desconfiado.

  - Você tem quantos anos, cara? - Fred arqueou uma sobrancelha - Fala sério.

  - Ok. - Daniel voltou correndo para sua cama e escondeu o rosto no travesseiro - Vocês não podem contar para ninguém e também não podem rir.

  - Fala logo, Daniel. - Fred revirou os olhos - Para de fazer drama.

  - Desembucha. - voltei a me sentar, para ver Daniel melhor.

  - Como eu sei a hora certa de beijar? - sua voz saiu baixa e por um minuto pensei que tinha entendido errado.

  - Você realmente está perguntando isso? - Fred comprimiu os lábios como se estivesse tentando não sorrir.

   - Sim, ele 'tá. - Rubens deixou o celular de lado e começou a rir.

  - É... - tossi, sem saber o que falar - Quando você sentir que é o momento, não sei.

  - Você nunca beijou? - Fred começou a rir e colocou a mão na boca - Desculpa.

  - Claro que já. - Daniel levantou o rosto vermelho do travesseiro - Mas, não é a mesma coisa.

  - Claro que é. - Fred revirou os olhos - Beijo é beijo.

  - Eu não estava apaixonado pelas outras garotas. - Daniel respirou fundo - Com Abigail é extremamente diferente, ela é diferente... não sei como saber o momento certo.

  - Não existe esse negócio de momento certo. - me levantei para ir ao banheiro - Ás vezes, o momento certo está de mãos dadas com o momento errado. - comecei a rir - Sério, para de se preocupar com isso, quando o momento chegar, você vai saber.

  - Nossa, como ele está sensível depois que começou namorar. - Fred zombou.

  - Vai tomar no seu cu. - levantei o dedo do meio.

    A conversa só acabou quando o monitor anunciou o toque de recolher, mas não sei se ajudamos ou pioramos a situação do Daniel. Entendia o que ele queria dizer ao falar que com Abigail era diferente, porque também sentia aquilo pela Alicia. Beijar sempre foi muito bom, mas beijar a pessoa que está apaixonado... era indescritível. 

  Pensei naquela conversa durante toda a semana e, ainda mais no final de semana, quando eu e Alicia tínhamos a oportunidade de ficar juntos. Prestei atenção nos mínimos detalhes de Alicia e participei destes detalhes. Como, na manhã de sábado, quando ela foi pintar suas unhas de um azul claro e, para nos divertimos e passarmos ainda mais tempo juntos, tentei ajuda-la. Claro que acabei pintando não apenas sua unha, mas quase todo o seu dedo. Então, Alicia pintou minha unhas, mostrando como se fazia, para que só depois eu pudesse tentar em sua mão novamente. No final, tive que pedir a acetona da minha mãe, já que Alicia havia escondido a sua.

  Nossos finais de semanas sempre eram assim: divertidos e cheios de amor. Sim, amor. A cada momento que passávamos juntos, tinha ainda mais certeza do que sentia e, também tinha quase certeza que ela sentia o mesmo. Devia ser por isso que passavam tão rápido e quando menos esperávamos, já estávamos a caminho do colégio. Tinha até me esquecido que Daniel e Abigail iriam ter um encontro no final de semana, mas, assim que eu e Alicia entramos nos empurrando na sala de conversas e vimos os dois conversando extremamente sorridentes, me lembrei. E, porra, a julgar pelos sorrisos e a troca de olhares, o encontro havia sido perfeito.

  Assim que eles nos viram, se levantaram e vieram ao nosso encontro, um pouco envergonhados. Apenas nos cumprimentamos e me despedi de Alicia, para ir com Daniel para o quarto. Apenas quando chegamos no quarto, ele respirou fundo, me olhou e soltou tudo que eu não esperava ouvir.

  - Demos um selinho. - sorriu e levantou as mãos comemorando - Um selinho!

  - Porra, Daniel. - bufei, sentindo que toda a minha empolgação havia sido quebrada - Um selinho?

  - Sim. - sua expressão estava sonhadora - Foi o melhor beijo da minha vida.

  - Selinho nem é beijo, mano. - revirei os olhos - É... um selinho.

  - Também é beijo. - suspirou - Nem tente estragar a minha alegria.

  - Puta que pariu, nem abriram a boca um pouquinho? - tentei - Um selinho com a boca um pouco aberta? Nada disso? Nem uma língua? Nada mesmo?

  - Só um selinho e foi perfeito. - ele estava parecendo um bobo alegre - Sabe por quê? Porque eu estou apaixonado.

  - Imagina quando vocês se beijarem de verdade. - comecei a rir - Você vai ter ataque cardíaco.

  - Não duvido.

  

Nem tudo é azulOnde histórias criam vida. Descubra agora