Nem tudo é azul

🖤CAPÍTULO 30🖤

🖤Dylan:

       - Isso tudo está ficando ótimo. - Daniel gargalhou.

       - Para de encher o meu saco, porra. - revirei os olhos, colocando dois sanduíches na mochila.

       - É sério, cara. - pegou seus livros em cima da mesa - Sábado você desentupiu as privadas, né?

       - Por que eu fui te contar isso? - perguntei mais para mim do que para ele, enquanto caminhávamos para fora do refeitório.

       - Domingo você e a Alicia lavaram o ginásio. - continuou, como se estivesse achando aquilo muito divertido - Sendo o tempo todo monitorados pelo Gaspar.

       - Cala a boca, Daniel. - quase todo o pessoal do coral já estava em fila ao lado de fora do ônibus.

       - Segunda e ontem, você até que nem foi tão chato. - sorriu, um pouco debochado - E hoje vai cantar para um bando de velhinhos, acho que você está mudando, Dylan. 

       - Tocar. - corrigi - E fui obrigado a fazer tudo isso, então cala a sua boca ou vai ficar sem os seus dentes.

       - Dylan bonzinho. - debochou de novo.

       - Sai, Daniel! - o empurrei, fazendo ele rir.

       - Tchau, boa sorte com os velhinhos. - colocou as mãos nas costas, como se estivesse com dor e saiu andando, com uma falsa dificuldade, em direção ao dormitório.

       - Vai se fuder! - peguei uma brita da estrada e joguei, acertando sua mochila.

       - Cuidado, assim você machuca o velhinho! - gritou, começando a rir e correndo para o dormitório.

       - Aí está você! - Vivian me deu um leve tapa nas costas, com um enorme sorriso no rosto - Cadê o violão?

       - E eu vou saber? - bufei, me agachando para sentar no meio fio.

       - Não está com você?

       - Está vendo ele aqui?

       - Então, vá buscar. - me deu outro tapa nas costas, me fazendo revirar os olhos.

       - Porra. - resmunguei.

       - Dylan. - me repreendeu, mas apenas dei de ombros - Vai logo, o ônibus vai sair daqui 10 minutos!

       - 'Tá. - me levantei, um pouco relutante e refiz o meu caminho até o prédio escolar novamente.

       Devia me sentir um pouco feliz por estar saindo daquele colégio, mas não conseguia sentir nada além de preguiça. Não queria ficar não sei quanto tempo dentro de um ônibus e chegar em um asilo do qual eu nem poderia fugir. Outras coisas me incomodavam e Tainá era uma delas. Pensei que depois que ficasse com ela, iria me sentir um pouco melhor, o que logicamente não aconteceu. Só piorou a confusão que tanto meu corpo como o meu cérebro estavam.

       - Oi, Amora. - a cumprimentei, assim que ela passou por mim carregando o cajón.

       - Oi, Dylan. - sorriu - Com quem você vai se sentar no ônibus? - pareceu pensativa - Ah, deixa. Você vai se sentar com a Alicia, né? É que eu não quero me sentar sozinha, mas também não quero correr o risco do retardado do Renan se sentar ao meu lado.

       - Não, óbvio que não vou me sentar com a Alicia. - respondi, achando aquela ideia ridícula - Não suportaria um segundo de viagem ao lado dela, fala sério. - revirei os olhos - Vou sentar com você.