🖤CAPÍTULO 6🖤

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🖤Dylan:

    O suor escorria pelo meu pescoço. Nunca imaginei que seria tão cansativo ser jardineiro por algumas horas. Pelo menos, havia mais uma coisa que eu podia esquecer ao tentar pensar no que deveria fazer depois que o ensino médio acabasse. Nada que envolvesse um esforço físico daquele. 

      Que povo idiota. Seria tão mais fácil terem me mudado de quarto, mas decidiram seguir pelo caminho do castigo. Agora, eu teria que ser inteligente o suficiente para aprontar algo que me levasse direto a expulsão, porque eu não estava nem um pouco afim de ficar trabalhando no jardim ou lavando pratos como Alicia. Pensar que Alicia deveria estar se fudendo na cozinha, assim como eu ali, me fez sorrir. Sorriso que logo desapareceu ao lembrar da nossa discussão no refeitório.

      - Pode ir para o dormitório, Dylan. - Wilson, o senhor jardineiro chefe, como eu o chamava, me falou, dando dois leves tapas em minhas costas.

      - Até que enfim. - entreguei o garfo grande para ele e me estiquei - Eu não tava aguentando mais isso não. É assim que eles dão boas vindas aos alunos novos?

      - Aos que brigam, sim. - sorriu, fazendo seu rosto queimado pelo sol se enrugar - Não costuma trabalhar, não é playboyzinho?

      - Claro que não. - bufei, limpando o suor da minha testa - Só fico encharcado assim no treino ou... fazendo outras coisas. - suas sobrancelhas se arquearam, um pouco confuso - Transando. - expliquei, me arrependendo em seguida ao falar aquilo para um cara que devia ter o triplo da minha idade - Eu vou para o dormitório.

      Ele gargalhou, percebendo meu desconforto e voltou ao serviço. Me despedi dos outros jardineiros e me arrastei até o dormitório. O sol começava a se pôr, deixando aquele lugar até bem aceitável se fosse levado em conta só a paisagem: quatro prédios cinzas, jardim, uma meia floresta e o céu alaranjado. Algumas pessoas saiam do prédio escolar, algumas sorriam, outras ficavam sérias ao passar por mim. Então, avistei a garota gata que vi assim que cheguei.

      Qual era o nome mesmo dela? Tayla, Kayla, Tânia...

      - Ei, Tunísia! - acenei quando ela passou por mim, entrando na "sala de conversas" do dormitório ao meu lado.

      Ela levantou os olhos e arqueou uma sobrancelha, dando um leve sorriso.

      - Você está falando comigo?

      - Sim.

      - Ok... - passou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha - Você sabe que Tunísia é um país, certo?

      - Claro. - não, eu não sabia - Só quis chamar sua atenção mesmo, Ta.. Tu...

      - Tainá, conseguiu. - abriu um sorriso sem graça - Seja bem vindo ao colégio, garoto encrenca.

      - Então, eu já tenho apelido? - abri um sorrisinho de lado.

      - Pelo jeito sim. - olhou para os lados, depois voltou seus olhos para mim - A gente se vê.

      Dizendo isso, caminhou em direção ao corredor esquerdo. Senti alguns olhares em mim e soube que era de um grupo de meninas que conversavam sentadas em um dos sofás ao lado esquerdo da sala. Apesar do cansaço, meu sorriso se alargou.

      - Ela tá mentindo, não é? - meu sorriso desapareceu, assim que abri a porta do quarto que falaram que seria meu, ao ouvir a voz de Fred.

      - Do que você está falando? - tirei minha camiseta molhada de suor e deitei na cama, até que não era tão dura como eu havia imaginado.

Nem tudo é azulWhere stories live. Discover now