💙 CAPÍTULO 78 💙

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💙 Alicia:

       Me segurei no poste e respirei fundo, com os olhos fechados, torcendo para que o enjoo passasse. Enquanto isso, repeti mentalmente que teria que contar para Dylan naquele dia, não podia e nem devia esperar mais. Respirei fundo e me endireitei, me preparando para esperá-lo dentro do restaurante, porém, um barulho alto me fez ficar paralisada e engolir em seco. Não sabia direito identificar o que significava aquilo. No começo, pareceu algo se chocando, depois alguns sons de pneus derrapando pelo asfalto, como se quisessem desviar de alguma coisa e a pior parte foi começar ouvir alguns gritos assustados e pessoas falando alto. O simples ato de pensar em tudo o que estava acontecendo fazia meu estômago se revirar mais um vez.

       Foi nesse exato momento que, além de sentir meu estômago piorar, meu coração começou a acelerar e me virei para visualizar o que estava acontecendo. A rua estava uma bagunça, um caminhão estava parado no meio dela, bloqueando a passagem dos carros que esperavam o sinal ficar verde, muitas pessoas já haviam saído de seus carros e motos e formavam um círculo no meio da rua, há alguns metros do caminhão. Eu precisava achar Dylan e entender o que estava acontecendo. Será que ele já estava no estacionamento do outro lado da rua? Não, ele era muito curioso, se ouvisse todo esse alvoroço, não ficaria dentro de um estacionamento, provavelmente, deveria estar no meio daquele círculo cheio de pessoas curiosas. 

       Fiquei na ponta do pé para tentar ver melhor, mas a multidão apenas crescia. Pessoas haviam saído dos restaurantes e de suas casas para ver e tentar entender o que estava acontecendo, o que me deixava ainda mais confusa. Comecei abrir caminho entre as pessoas, tentando encontrar Dylan, mas parecia em vão, por isso, ao ver uma senhora falando ao telefone e chamando a ambulância, esperei ela terminar e perguntei o que estava acontecendo, com a sensação de que uma mão estava dentro do meu peito, apertando meu coração e meu estômago ao mesmo tempo.

       - O caminhão bateu no garoto de moto. - respondeu, um pouco assustada - Pelo jeito, o senhor atravessou o sinal vermelho.

       - Ga-garoto de moto? - engoli em seco - Uma moto preta?

       - Isso mesmo, parece que ele está péssimo. - a senhora balançou a cabeça.

       - Dylan. - balbuciei, arregalando os olhos.

       Comecei a empurrar as pessoas e abrir caminho até o centro de atenções delas. Senti minha boca ficar seca e comecei dizer a mim mesma que estava enganada, não era Dylan que havia sofrido o acidente. Havia muitas motos pretas na cidade e, ainda mais, garotos que andavam de moto preta, não poderia ser ele. Mas, a tentativa de manter os pensamentos positivos, cessou ao vê-lo deitado no asfalto. Sua camisa preta estava molhada, do que imaginei ser sangue, pois estava sujando todo seu braço. Pelo menos, achava que todo aquele sangue não podia ser do seu braço.

       - Dylan. - murmurei, me aproximando e agachando ao seu lado, pegando em sua mão direita e fazendo ele gritar de dor - Desculpa. - senti um nó se formar em minha garganta - Você vai ficar bem, a ambulância já deve estar a caminho.

        - Acho que quebrei meu braço. - sua voz estava fraca e seus olhos cheios d'água - Porra... isso dói.

       - Vai ficar tudo bem. - não sabia se estava repetindo aquilo para ele ou para mim mesma.

       - Me... -tossiu, tentando levar a mão até o capacete e gritando novamente - Caralho. - tossiu novamente - Por que e-eu 'tô sangrando? - engoli em seco novamente, sem saber o que fazer. Não sabia se podia ou onde podia tocar nele, não fazia ideia do que estava acontecendo.

Nem tudo é azulWhere stories live. Discover now