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— Ah, qual é maninho?

— Thalles, eu não estou de brincadeira. — massageio minhas têmporas, sentando em minha cadeira acolchoada.

— Certo. Vamos fechar esse contrato logo, porque estou enjoado de chegar em casa, ligar a TV e ver esse seu corpinho sexy. — pisca o olho, fazendo uma cara sedutora. Rolei os olhos.

— Vou logo avisando que ser famoso é um porre! Vai mesmo querer que sua filha esteja exposta a essa loucura?

— Ela adora quando passa aquele comercial em que você entrega um buquê de rosas vermelhas a garotinha. — sorri.

— Dia dos pais. Você acredita que ainda nem vi? Eles me enviaram por e-mail, mas não tenho muita paciência para assistir.

— Você, realmente, não faz questão desse trabalho extra?

Neguei.

— É um pouco constrangedor estar em uma sala com diversos homens que tem filhas que devem assistir você e pensar: "Meu pai trabalha com esse gostoso".

Minha cabeça já estava doendo com tanta pressão. Abri minha gaveta, pegando a cartela de remédio. Tirei um e segui para o bebedouro.

— Ultimamente não ando com tempo pra pensar em mulheres e pouco me importa se elas pensam em mim. Hoje, Kate vai dormir lá em casa e nem pense em negar. Eu prometi. — coloquei o remédio na boca e bebi a água.

— Não gosto da ideia de minha filha gostar mais do tio do que do pai. — cruza os braços.

— Deve ser porque o pai anda ocupado demais com o trabalho. A família deve estar em primeiro lugar, Thalles. Mamãe sempre dizia isso, mas você prefere agir como o papai. Quando foi a última vez que levou Kate para o parque? — crispei os olhos.

— Odeio, também, o fato de que meu irmão mais novo me dá sermões. — revirou os olhos.

  Descartei o copo e voltei para mesa. Havia tantos papéis para assinar, tantos contratos para ler... Quero férias! 

— Léo vai buscá-la no mesmo horário. Avise logo a bruxa da sua esposa.

Eu a odiava pelo simples fato de vê-la trair o meu irmão e só ele não enxerga isso. Mais um motivo para não querer me relacionar sério com ninguém!

— Já disse para não chamá-la de bruxa. — ameaça.

— Tá, tá! Preciso de privacidade. Tchau! — digo rude, enquanto o mesmo sai xingando e batendo a porta com força.

Apoiei os cotovelos sobre a mesa, levando minhas mãos até meu rosto. Estava sentindo que aquela crise de estresse iria me possuir a qualquer momento. A vontade de quebrar tudo só crescia, mas eu precisava me controlar. Eu preciso.

Encarei o telefone ao meu lado. Queria tanto não ser dependente desse serviço, mas... Disquei os números "188".

Linha de ajuda, em que posso ser útil?

  Aquela voz era tão... Suave, espontânea e doce. Tão diferente das outras que me atendem todos os dias mesmo sendo as mais gentis possíveis.

— Eu... Estou estressado. Uma vontade de quebrar tudo! E não me mande contar até três e respirar. Estou cansado desse exercício. Não me ajuda em nada. — bufo, irritado.

Ela solta uma risadinha abafada.

Você costuma falar o que sente?

— Não. Sempre ligo quando estou estressado. Não... — suspiro. — Muita coisa não resolve.

188 - A DONA DA VOZOnde histórias criam vida. Descubra agora