9. Incertezas ☎️

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— Não... — ri, ironicamente, levantando suas duas mãos em sinal de defesa. — Desde sempre tivemos esse acordo. É certo que vão existir coisas que não poderei saber sobre você, mas juramos cumplicidade. Sempre.

— Eu sei, a questão é que não estou com paciência para dramas. O assunto é mais sério do que imagina.

— E eu não sirvo de nada aqui, certo? Porque tudo que digo é motivo de você desdenhar. Irmão, não sei exatamente sobre a relação de vocês, também não sei como irá entender o que vou dizer, pois sou responsável pelo que digo, o que você entende, já não é problema meu. — ele levanta da cama. — Se arrisca. Se não tomar uma atitude, nunca irá saber se é ou não para ser. De uma coisa eu tenho certeza: você já se apegou a essa garota pelo simples fato dela te acalmar e compreender seus sentimentos. Já não consegue viver sem a mesma, Théo, por isso é difícil aceitar sua ida para outro país.

— Fiquei um mês longe dela e consegui sobreviver. — disse, sem pensar.

— Existe uma grande diferença entre ela e as outras que você passa um dia. Emma e tantas por aí, você costuma esquecer até o nome ou a característica física, a garotinha? Já não consegue lutar contra sua vontade de sempre a querer por perto. Acredita que esse sentimento tem um nome? Pode até ser que ainda não seja, mas eu quero apresentá-lo. Amor, esse é Theodore; Theodore, amor. O que está sentindo, meu irmão são sintomas dele. E amar faz bem para alma. — abre a porta. — Só mais uma coisa: se não der certo, saiba que terá um ombro para chorar e várias mulheres do mundo para conhecer.

Thalles se retirou, me deixando sozinho, dentro de uma bolha de incertezas. Furioso, deitei na cama a espera do sono, e minha última lembrança foi de uma par de olhos negros que tem mexido com meu psicológico.

  Parei no breu, onde um pequeno relógio caia numa velocidade absurda sobre minha testa. Abri os olhos, assustado. Um sonho.

Merda! — murmurei. A claridade violentou minhas pupilas. Ouvi vozes um tanto alteradas e tenho certeza que isso só pode vir de uma só pessoa.  Levantei da cama conta minha vontade, seguindo para o banheiro. Fiz o ritual de sempre, coloquei meu terno, dei uma ajeitada no cabelo e segui para a cozinha.

A desagradável da Eliza estava na sala discutindo com meu irmão. Revirei os olhos e continuei meu caminho.

— Linda?! — sorri ao ver Kate tomando seu café. Deixei um beijo em sua bochecha. — Bom dia.

— Bom dia, tio. Ontem o senhor demorou demais para chegar, por isso não te dei um abraço de boa noite. — justificou-se.

— Desculpe, querida. Não posso prometer que não farei a mesma coisa, sendo que haverá dias em que chegarei ao amanhecer. Mas prometo passar em seu quarto e deixar um beijo e um bilhete secreto. — sorri, sentando na cadeira.

Uma das secretárias aproximou-se para servir o meu café.

— Senhorita, prefiro me servir. Obrigado. — disse e ela assentiu, saindo.

— Eles estão brigando desde quando minha mãe veio se oferecer a me levar para a escola. — falou, tristonha.

— São coisas de casais, Kate. Um dia isso passa e vai ficar tudo bem. — forcei um sorriso. A verdade é que nem eu mesmo sei lidar com essa situação, tomei um pavor da minha ex-cunhada.

   Terminamos o nosso café e mamãe levou Kate para escovar os dentes. Fiz o mesmo, no meu quarto e segui em direção a sala. Thalles estava sentado, cobrindo o rosto com a mão e os cotovelos apoiados nas pernas. Eliza estava em pé, parecendo esperar algo acontecer. Foi a primeira a notar minha presença

188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now