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  Retornei até a minha sala a fim de deixar a turma de Antony trabalhar tranquilamente sem a minha supervisão, porém não significa que não deixei pessoas de olho neles.

  Abri todas as cortinhas que havia dentro do escritório. Eu costumava fechar tudo e viver como se não estivesse ninguém dentro do ambiente, mas hoje precisava clarear o meu secreto.

  Acabei por abrir, também, a enorme porta da sala tendo a vista para o corredor do meu andar e a mesa da secretária. Ninguém me pergunte o que deu em mim.

  Distraído com as anotações, senti que estava sendo observado e só pude ter certeza quando, de relance, vejo um clarão. Ergui a cabeça, assustado. Foi então que vi a perna curta tirando fotos minha.

— Essa com você assustado ficou feia. — falou. — Bem que as meninas da minha turma disseram que a câmera parece te amar, porque você fica perfeito em quase todas elas. Quase mesmo, nem encha seu ego.

— As meninas da sua turma falam de mim com que frequência? — meu coração estava sorrindo por dentro.

Aff, de tudo que falei, só prestou atenção nessa parte? — revirou os olhos batendo outra foto da janela e murmurando algo que não consegui entender.  — Nome estranho esse seu, não combina nada com você. — senta na poltrona, a minha frente.

— Você acha?

— Que mãe dá o nome "Baccelli" a uma criança? — meu sobrenome em seus lábios saiu tão perfeito.

— Eu acho que nenhuma mãe teria coragem de fazer isso. A minha mesmo, colocou em meu sobrenome, pois se encaixa perfeitamente na minha personalidade. — entrei na brincadeira. Ela riu.

— Pode ficar tranquilo, pois ainda não tenho certeza do seu nome. Tenho duas opções. — fez o número dois com os dedos.

— Fale, por gentileza. — cruzei meus braços sobre a mesa.

— Começam com B. Babaca e Bipolar. Estou meio que na dúvida. — confessou, me fazendo rir alto. — Mas acredito que seja Babaca Bipolar Baccelli. — ri ainda mais e, sinceramente, estou amando essa sensação. Faz um mês que não me divirto dessa forma, as pessoas costumam fazer sacrifícios para que eu ria de verdade com algo.

— Por que sumiu? — automaticamente ela fica séria, a solidariedade também existia naquela pergunta.

— Você que sumiu. — menti.

— E você não publicou nos jornais a minha imagem?

— Desnecessário. — encolhi os ombros.

— Vamos fazer, novamente, aquele desafio em falar sobre alguma mentira que contamos um para o outro? — sugeriu, me fazendo sorrir. — Mas não precisa me contar, já sei de algumas verdades. Sabe, durante essas semanas, estive em vários lugares diferentes, fotografando momentos junto com minha equipe, capturando olhares de pessoas e as lentes pareciam querer ver além do corpo. Nessas expressões faciais, lembrei de sonhos e as aconselhei a não cometerem o que planejavam. Deus é bom. — fez uma breve pausa. — Te encontrei dez vezes durante esse período.

 
  Tirei os braços da mesa, encarando-a perplexo.

— Por que não falou comigo?

— Eu deveria? — suspendeu o cenho. — Nesses dez encontros eu percebi que sua intenção era ficar mais tempo sem ter que me encontrar.

Engoli o seco pensando na possibilidade dela ter me visto com outras mulheres. Mas será que Al estava com ciúmes?

— Não significa que eu queria que ficasse correndo atrás de mim. Jamais! Só estou respondendo, por você, o desafio. — sorriu, em seguida.

Essa garota é louca.

— Seu império é maneiro. — olha em volta.

Pisquei os olhos diversas vezes, tetando entender o que de fato estava acontecendo.

— É... — pigarreei. — Então está no último período do curso? Acho que é umas das profissões ideais para seu perfil. Espero que consiga seu diploma.

— Obrigada.

— Aquele menino... É seu... Quem é aquele rapaz?

Droga, mil vezes droga!

— Ainda não me acostumei com sua mudança tão rápida de interesse em diversos assuntos. — morde o lábio inferior para prender o riso. —
É meu colega de classe, amigo de longas datas e um irmão para mim. A empresa do pai dele vai me ajudar na obra social que irei fazer na Bahia.

Havia me esquecido totalmente desse detalhe, mais um motivo para que eu me afaste rapidamente dessa garota.

— Certo. — sem perceber, curvei a cabeça, contendo meu péssimo humor. Mais um flash é lançado.

— Muito rico, maninho vai adorar esse click.

Revirei os olhos, erguendo a cabeça.
— Vou cobrar por cada foto minha. 

— Você não faria isso comigo. Tens um coração doce. — comentou me fazendo arregalar os olhos. Ela fica confusa com minha reação. — O que foi?

— Nada, só... Deixa pra lá.

Só podia ser paranóica da minha parte, mas é uma mera coincidência.

— Bom, tenho que voltar. — levanta. Por um impulso, fiz o mesmo. — Até outro dia.

— Espera! — falei mais alto do que esperava. — É... Qual o horário que termina seu curso?

O que você está fazendo, THEODORE?

— Hoje tive que vir pela manhã, mas tenho aula pela tarde, das catorze às quatro e meia. Por que?

— Eu vou te buscar, pagar um hambúrguer bem gorduroso para recompensar meu sumiço. — sugeri. Não tinha a menor ideia do que estava fazendo, só sei que vai me prejudicar. E muito!

— Lembre-se: não quero aparecer nos jornais. Tchau, babaca. — faz careta, se retirando.

— Estou ferrado. — disse para mim mesmo antes de me sentar.

Muito ferra...

Telefone toca. Olhei no visor de quem se tratava e revirei os olhos.

— Fala.

Theodore? Está tudo bem? — Emma questiona, preocupada.

Respirei fundo.

— Sim, só muito ocupado agora. — menti. — Aconteceu alguma coisa?

Não... Você me pediu para que ligasse, ficamos de marcar um jantar em meu apartamento.

Droga!

— Ah, sim. Assim que eu estiver disponível, te ligo. Hoje aconteceu algo inesperado, então tive que mudar meus planos.

  Depois de alguns segundos é que percebi o sorriso bobo estampado dos meus lábios ao lembrar da baixinha.

Entendo. Bom, saiba que não vou ficar esperando por você. — sua voz carregava desapontamento.

— Tudo bem, Emma. Se cuida. — e encerrei a ligação.

  Eu preciso urgentemente descobrir que feitiço aquela perna curta tem. Pois não é normal que alguém me faça mudar de opinião rapidamente. Nem minha própria mãe consegue me convencer a este ponto.
  Irei me odiar se a consequência do  risco me trazer sofrimento. Ah, se vou!

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"Amor, jamais
deixarei você"

♥️😍

188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now