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  As vendas dos nossos produtos só cresciam e as empresas elogiavam nosso empenho. Eu também precisava sair para visitar outros boxs, então chamei meu irmão.
  Caminhamos pelo corredor repleto de gente até encontrar alguma coisa que chamasse a nossa atenção.

Meu Deus! — avistei três jovens em minha frente. Elas estavam inquietas. — Theodore, eu sou sua fã! Tira uma foto comigo? — uma delas disse, sonhadora.

— Claro!

Ela abriu um sorriso gigante e se posicionou do meu lado, elevando o celular e tirando uma selfie. Depois, as meninas também se juntaram.

— Obrigada!

— Pode me marcar no Instagram. Eu gosto de ver como fiquei nas fotos. — falei e elas assentiram.

— Você mentiu. — Thalles retruca. — Desde quando você gosta de saber como fica nas fotos?

— Desde hoje! Só não gosto de ver opiniões sobre minha vida, mas agora me importo com as fãs.

Em questão de segundos sinto minha barriga congelar com o líquido derramado sobre o terno.

— Eu mereço. — fechei os olhos, respirei fundo e abri novamente. — Quem mais poderia ser? — sou irônico ao ver a garotinha em minha frente. A mesma que quis me dar lição de moral.

— Me desculpe. Eu te ajudo a limpar.

— Como?! —  crispei os olhos, furioso. — Você, por um acaso, tem super poderes? Eu ligo muito para preços, foi muito difícil ter que abrir mão para comprar um terno  caro desse e agora alguém que não olha para onde anda vem e suja? Inferno!

Ela cruza os braços e revira os olhos.

— Você é inacreditável. — me pega pelo pulso e me arrasta para um lugar que não sei. A música eletrônica foi ficando mais abafada ao adentrarmos em um ambiente que suponho que seja o banheiro.

— Esse é o feminino. — falei assim que vi os secadores de cabelo em um suporte, na parede.

— Jura?

A garota é baixinha, mas tinha uma força incrível. Me empressou no parapeito da pia e abriu meu paletó.

— Essa cena é sexy demais e seu rostinho de garota não condiz nada com sua atitude.

— Não farei nada do que está pensando. Tenho princípios bons que levarei para toda vida. — tira o secador do lugar e direciona para o meu terno. Ela tem alguma coisa familiar que não consigo lembrar. É frustrante! Bom, se ela fez parte da minha vida alguma vez e já me fez bem, sinto em dizer que estou odiando essa garota.

— Você é freira? Bem que desconfiei. — brinco.

— Acho bonito para quem tem coragem, mas não é preciso ser freira para ter bons princípios. Coisa que você não tem, seu pervertido! — aumenta a temperatura do secador, me fazendo gritar.

— Você é louca?! — tomo o objeto da sua mão e ela cruza os braços, desafiadora.

— Freira, louca... — balançou a cabeça em sinal de negatividade. — Só estava tentando ajudar. — é debochada. — Você é um ingrato.

— Isso é ajuda? Tentando me matar? — questionei.

— Ah, cala a boca. Você atingiu cem por cento da minha longa paciência. — toma de volta o objeto da minha mão e passa ele suavemente pela minha roupa. O silêncio reinou entre nós e foi a minha deixa para reparar nos seus traços de garota delicada. Ela tinha um olhar sereno e um cuidado no que fazia. Não sei se qualquer outra mulher faria isto por mim. Bom, já aconteceu de derramarem drink de propósito para poder me levar para um local mais reservado e... Enfim, fazer o ato e depois fingir que nunca nos vimos. Mas, também, teve outras vezes e nenhuma se propôs a me limpar. — Você é bipolar? — perguntou.

— Não sei.

Será que ela está fingindo costume ao meu lado ou verdadeiramente não me conhece?

— É sim. Assim que entrei na loja, vi sua expressão de raiva e ansiedade e após derramar o refrigerante em você, percebi que leva muita coisa na brincadeira. Isso só acontece quando a pessoa é humorada o suficiente para te fazer rir, porque do contrário, vive fechado em um mundo só seu. É como se existisse uma tristeza dentro do seu coração que te faz agir assim, mas  tenho certeza que não és nada daquilo que  mostrou ser com aquele funcionário. No fundo, você é um chefe legal.

Ela inclina seu olhar, encontrando o meu. Essas palavras foram tão profundas que não consegui dizer alguma coisa. Tudo indica que conheço essa jovem de algum lugar. Foi a primeira a mulher além de Teresa que conseguiu me deixar sem palavras. O que me é estranho, pois sou acostumado com cantadas e seduções.

— Você é vidente? — crispei os olhos e ela soltou uma risada alta, desligando o secador em seguida.

— Quem estuda o comportamento humano tira conclusões de várias coisas.  — coloca o objeto de volta no suporte. — Prontinho. Novo em folha. Me desculpe pelo transtorno. — fala e vai se retirando, mas agarrei seu braço surpreendentemente. Ela me olha confusa.

— É... — sorri, soltando seu braço. — Como se chama?

— Podia jurar que estava me odiando. Eu só te fiz um favor. Sabe, um "de nada" não mata ninguém, mas você insiste em ser durão. Coisa que não combina contigo.

E ela sai por aquela porta me deixando plantando. É a primeira mulher que me rejeita. Espera um pouco... Rejeitar? Não fiz nenhum convite, certo? E qual o problema de falar o nome? 
Sai daquele banheiro em disparada antes que saísse nas revistas de fofocas. Tive esperanças de que a encontraria. Bom, só encontrei mesmo meu irmão com um sorriso sapeca nos lábios.

— Você não perde tempo. — me olha de cima a baixo.

— Do que está falando, idiota?

— Por que demorou tanto? Estavam...

— Não! Ela não faz o meu tipo. É baixinha e marrenta. Sem contar que deve ser vidente ou sei lá o quê! Garota doida. — sussurrei a última frase ao me lembrar do que a mesma havia me dito.

Visitamos alguns boxs, porém apenas Thalles que comprava as coisas. Eu concordava com tudo, mas com a mente naquela baixinha atrevida. Suas palavras ainda eram recentes e me deixava intrigado.
Voltamos para nosso estande e um cabelo me chamou atenção. Era ela. De novo. Seria o destino?

— Tem certeza que vai levar esses microfones? — sussurro bem perto do seu ouvido e a mesma vira-se com a mão no peito.

— Que susto!

— Susto foi eu quem levei ao ver a jovem que minutos atrás me deu uma lição de moral. Achei que não voltaria mais nesse estande. — desajeitadamente, cruzei os braços.

— Meu patrão insistiu para que eu comprasse aqui. O que aconteceu contigo? — se refere ao ferimento.

— Nada muito grave. E onde seu patrão está?

— Me esperando na saída. Tenho que ir. Ah, aquele funcionário que você destratou é um excelente rapaz. Deveria ser efetivado. — sugeriu, sumindo de minha vista. 

— Deveria correr atrás dela. — Victory aparece do meu lado.

— Não sou desse tipo.

— Parabéns, Theodore, você a encontrou e está deixando escapar.

— Não seja tola. — revirei os olhos.

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“Foi um sentimento que se misturou.
Me apaixonei, você se
apaixonou também.”

😍♥️

Aiai, não quero criar expectativas... 😂

188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now