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6 MESES DEPOIS...

  
  Diante do meu relógio passou rápido demais, mas convivendo ao lado de pessoas normais, notei que o tempo, na verdade, pegou carona com uma tartaruga.
  Eu gostaria de poder dizer que minha rotina mudou e consegui superar muitos desafios, porém a verdade é que permaneci estacionado no mês de Agosto. Todas as recordações eram visíveis e nada saia de minha memória.
 
  Como ela conseguiu? Também desejo saber. Só sei que a partir daquele mês até aqui, as pessoas tiveram que ter bastante paciência comigo.
  As crises de ansiedade aumentaram, tive que marcar várias sessões com um psicólogo, os gastos com remédios eram estressantes e o coração pesava sem saber notícias suas. Não tive coragem de entrar em contato com a mesma depois de ter sumido. Isso só mostra o quanto sou babaca por ter me declarado no aeroporto e não ter permanecido. Ela deve estar me odiando e, com certeza, construiu seu futuro ao lado de outro rapaz.

— Filho, seu quarto está um caos! — mamãe reclama ao olhar em volta. Revirei os olhos e depois fechei. Todos os finais de semana eu passava em casa, deitado. Não tinha mais ânimo para me divertir. — Acabei de receber uma encomenda sua. São às camisas sociais daquela loja que esqueci o nome, vou colocar no seu guarda roupa.

  Só sei que Alyssa levou embora consigo toda minha disposição. Há um tempo atrás, dirigi em todos os lugares que eu havia a encontrado, mas, infelizmente, ela não estava em nenhum deles. Natal e fim de ano não fizeram sentido algum.

— O que é essa caixa, na última gaveta? — questionou. Abri os olhos e levantei. Droga! Fazem seis meses que ela me deu e ainda não abri.

— Não sei. — peguei a mesma de suas mãos e voltei para cama. Dentro dela tinha vários papeis dobrados. Peguei um e abri; o que vi foi surpreendente: uma caricatura minha, desenhada em dois mil e cinco. Depois fiz o mesmo com os outros papéis, também havia meu perfil em todos eles.

"Desde criança sonho com esse rapaz. Não sei o que significa vê-lo correndo contra o tempo e com a necessidade de ser ajudado. O nome dele é Theodore, pelo menos é assim que ouvi Deus o chamar, enquanto do outro lado, o relógio gritava, impedindo-o de ouvir o chamado de Cristo. Tenho que orar, pois sinto que ele precisa de ajuda.",

"Mais uma vez me vi em alerta sobre o caso desse jovem, pois até o barulho do ponteiro do relógio estava me perturbando. Posso sentir sua angústia e desespero dentro de mim."

"Uma das coisas que só Deus eu e meus pais sabem é que esse Theodore é o escolhido que sempre esperei. Só descobri quando amadureci, foi quando meu Pai me deu esse entendimento para discernir os sonhos que vinham direto de seu coração. Eu esperarei por você, Theodore. E se um dia estiver lendo essa pequena folha, procure minha mãe no endereço abaixo. Ela estará a sua espera."

   Não perdi tempo para raciocinar, coloquei uma blusa qualquer, vesti uma bermuda jeans, peguei meu óculos escuros, os papéis e sai em disparada em direção a garagem.
  O lugar ficava bem próximo ao Central Park, no mesmo local em que encontrei Alyssa na noite a qual decidi caminhar. Não tinha necessidade de ir de carro, mas correria o risco de derrubar as pessoas em minha frente devido a pressa.

Cheguei em menos de cinco minutos, estacionei em frente a uma quitanda de frutas. Tudo faz sentido, agora. Sai do carro e avistei uma senhora que lembrava Alyssa, ela atendia uma jovem , porém quando me viu, abriu um sorriso de orelha a orelha. Não sei se foi exatamente para mim, pois me encontrava de óculos escuros.

— Certo, querida. A gente se fala mais tarde. — despediu-se da moça e se aproximou de mim. — Entre, querido.  — incentivou-me. Pedi licença e me acomodei no ambiente pequeno, porém repleto de clientes.

— Não quero atrapalhar seu trabalho. — falei.

— Irei fechar daqui a cinco minutos para o almoço e não ouse a negar. Lhe devo esse convite a meses! — disse, autoritária. Atitude bastante familiar. Só queria entender desde quando fiquei com tanto medo das mulheres.

Depois dos minutos contados, ajudei a colocar as coisas dentro da venda e me ofereci a levá-la de carro para sua residência.

— Seu carro é muito bonito. — falou, após fechar a porta e abrir o portão da garagem. A casa era bem comum e quebrou minhas superstições que tinha da vida financeira de Al. Estacionei o veículo dentro da garagem e ela me levou até o primeiro cômodo. Sala de quadros deveria ser nomeado o ambiente; foto de pessoas antigas, de certificados, paisagens e mensagens bíblicas. Isso me lembra a casa da mãe do meu colega que mora no Brasil. — Bem, estou faminta. Me acompanhe até a cozinha e não hesite em me perguntar as coisas. A propósito, você demorou demais para aparecer, Alyssa não para de perguntar por ti. — falou enquanto caminhava até o outro cômodo, eu acompanhei, receoso.

— E como ela está?

— Feliz com seu projeto e com a cabeça em alguém muito importante para a mesma. — me olha, sugestiva. Lavou suas mãos na pia e abriu a geladeira. Sentei no baquinho em frente ao balcão. — Eu admiro muito a paciência da minha filha. Ela tem fé explicável e em momento algum se desesperou com sua demora. Pelo contrário, todas as vezes que ligava, me dizia que uma hora você iria ler aquela carta e entender o propósito.

— O que a senhora acha de tudo isso? Talvez eu não seja o rapaz do padrão que sempre orou para sua filha.

Eu estava confuso.

— Na verdade você é o rapaz por quem sempre orei. — disse, convicta. — Quando minha filha nasceu, eu não pensava na sua vida sentimental. Eu fazia muita campanha de propósito para sua vida espiritual e profissional. Sabia que com o espiritual forte  ela saberia tomar decisões e enxergar quando outras pessoas tivessem más intenções dentro de seus corações. Até quando no seus doze anos, me contou que desde pequena sonhava com um rapaz por nome Theodore e que além de coisas fortes sobre o mesmo, ela sonhava que ele era seu cônjuge.

— A senhora não ficou preocupada?

—  Não, porque já sabia que minha filha tinha esse dom de interpretar sonhos e da revelação.

— Isso tudo soa meio ridículo para mim. — confessei e ela riu.

— Alyssa me disse que falaria essa frase. Não é questão de conto de fadas, Theodore. Eu tenho certeza que você não acredita nesses contos e devo lembrar que não existem. Porém propósitos de Deus foram criados para a vida do ser humano. As coisas têm um propósito e Deus escolheu por bem unir o caminho de vocês e deveria agradecer e tentar descobrir o verdadeiro propósito dessa união. Você ama minha filha?

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"Que Deus cruze nossos
caminhos e nos dê um bom
encontro..."

❤️❤️❤️

188 - A DONA DA VOZDove le storie prendono vita. Scoprilo ora