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Eu não sei muito escrever capítulos melancólicos, porque sempre choro, mas vamos ver no que vai dar. 😅
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Ela pegou o telefone e fingiu discar alguns números. Inclinei a cabeça para cima afim de prender por mais tempos as teimosas lágrimas.

- Oi, eu do passado... - suspirou. - Lembra quando você disse que não conseguiria retornar para sua cidade natal, que aquilo parecia ser um sonho completamente impossível? Então, não será. Estou te ligando do futuro para lhe dizer que no dia treze do mês oito de algum ano que não posso te contar, esse sonho será realizado. Confia em Deus. Ah, lembra daqueles sonhos que viviam lhe fazendo ficar confusa desde criança? Você vai entender com o tempo. Também vai encontrar uma pessoa que vai mexer com seu coração. É, sim! Aquela velha história de ilusão desaparecerá, pois entrará o príncipe encantado de Nova Iorque. - confessou, me olhando. Eu sorri, deixando as lágrimas escaparem. - Quando seu patrão exigir que o acompanhe em uma feira de exposições, não reclame. Apenas vá. O amor da vida estará reclamando com um novato inocente. Quando os olhos dele se encontrarem com os seus, saberás o significado de tanto mistério. - fez uma breve pausa para respirar fundo. - Seu sonho sempre foi conhecer o Pier 17, então menina, cola com ele que vai dar certo! Não posso revelar muitas coisas, porque você sabe, né? Meu sobrenome é mistério. Fica com Deus. - pôs o telefone no gancho, depois tirou e me entregou. Segurei o objeto com certa dificuldade, porque com a outra mão eu limpava as lágrimas.

- Oi, eu. - suspirei. - Cara, nem sei como te falar isso, mas, infelizmente, aquilo que jamais queria vai acontecer. Sabe do que estou falando? Não, não é que vai acabar as promoções de ternos. - falei, arrancando uma risada alta da baixinha. - Pior que isso? Claro que existe! Você vai se apaixonar. Não achei que a ansiedade pudesse ir embora com apenas um olhar. Nem poderei falar mais nada, pois deixarei que o destino escreva o resto da história. Preciso de mais um tempo para ver se vale a pena continuar com esse sentimento. - fiz uma breve pausa. - Você acha que tem medo? Como escreveu um autor que não me recordo o nome 'De se apaixonar ninguém tem medo. A gente tem medo é do que acontece depois que se apaixona.' Tchau. - coloquei o telefone no gancho e em uma atitude rápida, Al me abraça. Retribui com todo carinho e cuidado como se a mesma fosse uma boneca de porcelana. - Al...?

- Alyssa, esse é o meu nome. - inclina sua cabeça para me olhar. Eu sorri em resposta. É o nome mais lindo do meu mundo.

- Theodore. - falei e a mesma assentiu, sorrindo.

- A letra 'T' já fez parte de muitas coisas na minha vida, inclusive, eu Te amo, babaca.

Meu coração se aqueceu com aquela confissão, alegrando as borboletinhas.
Segurei seu rosto com minhas mãos.
- Também te amo, Alyssa. Você não sabe o quanto eu estou feliz em saber seu nome e ouvir algo tão sincero da sua parte, minha Ice Queen. - deixei um beijo em sua testa, pois sabia que se eu fizesse outro gesto a mesma rejeitaria. Já entendi o que significa uma mulher decente. Ela me olha com carinho e permanece em silêncio. - Gostaria de saber o que se passa dentro da sua cabeça quando olha pra mim. - falei, pois meu coração já não aguentava mais guardar as coisas.

- Por um acaso não sabe defender sua personalidade, Baccelli? - provocou-me.

- ATENÇÃO, O VOO PARA O BRASIL SAI EM OITO MINUTOS, DIRIJAM-SE PARA O PORTÃO DE EMBARQUE!

Alyssa me olhou com preocupação. Eu sabia no que a mesma estava pensando.

- Eu devo ficar bem. - assegurei, mentindo.

- Muitas coisas vão fazer sentido... E eu estarei esperando por você, não importa quanto tempo demore. - lágrimas escorrem dos rostos de ambos freneticamente.

- Quero ver você conseguindo tudo que me contou durante esse período juntos... - com uma mão, separei uma mecha do seu cabelo e coloquei atrás da orelha. - mesmo que eu não esteja ao seu lado para te acompanhar.

Ela sorriu.

- Também quero saber da notícia que presenteou seu irmão com o escritório que sempre sonhou, quero saber sempre de você. - acariciou meu rosto. - Se cuida. - sussurrou, afastando-se, me deixando completamente vazio.

Eu queria poder implorar que ficasse e cuidasse de mim.
- Se cuida, também.

A mesma deu as costas e seguiu em direção ao enorme portão, pus minhas mãos dentro do bolso, esperando ela sumir ou desistir de tudo para ficar comigo. Estou sendo egoísta, reconheço.
Tirei as mãos do bolso, novamente, e limpei as lágrimas.

- Tchau, sweetheart! - gritou, me fazendo a olhar, perplexo. Nem deu tempo de reagir, pois a mesma havia sumido por aquele portão.

- Anjo? - murmurei, confuso.
Foi então que minha mente clareou. Ela sempre esteve comigo. E o que mais me chama atenção é que a mesma não usava isso a seu favor, ela era totalmente profissional e sabia separar o seu eu do trabalho com o seu íntimo.

Cheguei em casa transformado, pois o espírito de posse tomou conta de mim. Eu não estava conseguindo lidar com tamanha pressão. Coloquei a caixinha que Alyssa havia me dado para vasculhar dentro do guarda-roupa. Não estou com um pingo de paciência para pensar no quanto fui fraco e estou sendo egoísta para com a mesma.

De fato, a culpa é minha por ter me apaixonado, a culpa foi minha por ter insistido em algo que não iria dar certo.

Tomado pela raiva, joguei as coisas que estavam sobre o criado-mudo no chão, mal como tudo que estava nas prateleiras, com a mão direita acertei em cheio um soco no espelho pendurado na parede, ele se espatifou pelo quarto, deixando rastros em minha não.

Em milésimos de segundos, Thalles abriu a porta com agilidade, olhou as coisas em volta e depois 'pra mim. Estava parecendo processar a informação e lembrar que se gritasse, não resolveria muita coisa.

Quando eu avistei a próxima coisa que iria quebrar, o mesmo segurou em meu braço, me imobilizando na cama, de bruços. Entendi que estava detido e impossibilitado, então chorei.

- ELA SE FOI! - joguei para fora o que a alma estava querendo gritar. - Me deixou sozinho... Igual aos meus pais, Thalles. - sussurrei a última frase.

- Fique calmo, vou te soltar, vá tomar um banho quente e depois conversamos, ok?

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"Só agora me liguei que era
você"

♥️♥️♥️

188 - A DONA DA VOZOnde histórias criam vida. Descubra agora