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No começo da tarde sai para dar uma volta, sozinho. Acabou caindo uma chuva forte e uma correnteza de vento absurda! Cheguei em casa ensopado e tremendo de frio. Depois, tomei um banho quente e deitei na cama a procura de conforto, porém algo inesperado aconteceu: meu pescoço e cabeça estavam queimando. Maldita febre.
— Olá! — Al adentra com uma bandeja em mãos. Suponho que seja a sopa de mamãe.
— Oi. — murmurei. A garganta já estava ficando arranhada e a voz completamente diferente. Me confortei na cama afim de ajudá-la a me servir.
— Você é bem fracote. — zomba, sentando-se e deixando a bandeja sobre minhas pernas. — É o primeiro homem que vejo pegar um rápido resfriado com menos de dez minutos na chuva.
— Pelo menos tenho um ranking em algo ruim. Devo admitir que me odeio profundamente por não poder ficar muito tempo na chuva. Sempre quis fazer um ensaio fotográfico debaixo dela. — confessei.
— Você tem vários rankings em "partes ruins". Está se esquecendo da idiotice, da infantilidade, do ser irritante... Uh, muita coisa! — suspirou. — O que foi?
Questiona após me ver encarando a sopa com uma certa preguiça.
— Estou com muito frio e dificuldade em pôr as minhas mãos para fora da coberta. Aqui não tem luvas. Essa chuva veio completamente inesperada.
— Aff! Só por hoje. — se aproxima, pegando a colher para me servir.
— Obrigado, a senhorita é bem legal quando quer. — digo depois engolir minha primeira colherada. — Hum, o que esteve fazendo pela tarde? Vi que saiu e preferi não incomodar.
— Estive dialogando com meu Pai. — aproxima outra colher da minha boca.
— Hum, está tudo bem com ele? Sente muitas saudades, não é?
— Ah, não! — ela ri. — Não me refiro a esse pai, porém acredito que tudo esteja bem por lá. É muito difícil se comunicar com quem mora na roça. O sinal é péssimo e as pessoas não tem facilidade com internet. Principalmente meu pai. Ele só consegue falar conosco quando vai a cidade para resolver os envios de cargas. Lá mora minha tia, na casa dela tem internet disponível.
— Como sua mãe consegue ficar longe dele? — mais uma colher é trazida até minha boca.
— O povo do interior não é igual a geração de hoje. Não sei explicar como eles conseguem. Nunca vi meus pais se beijarem. Quando ele viaja pra cá, o abraço é o suficiente. Estranho, porém lindo. — dá os ombros.
— Muito estranho mesmo...
O silêncio reinou até o término da sopa. Nem sei se poderia considerar aquilo como incômodo ou tranquilidade.
— Prontinho, bebezão. Espero que amanhã esteja melhor.
— Ainda é cedo para o amanhã. Não quer ficar mais um pouco para me dar lição de moral?
Al me olha, desconfiada.
— Não sei se te chamo de bipolar ou indeciso.Eu ri.
— Você bem que poderia fazer um almoço baiano, amanhã. Deixo meu orgulho de lado só para dizer que estou com saudades da sua comida.— Devo acreditar que sou boa em tudo que faço, então seu orgulho vai embora todas as vezes em que estiver comigo. — disse, convencida. Bufei.
— A quem você puxou em quesito de segura de si?
— Ninguém. Minha mãe é muito tranquila, meu pai nem se fala. As experiências da vida me moldaram e me tornei essa mulher maravilhosa. Eu costumo dizer aos adolescentes da minha congregação: "Molde a mente de vocês para ver a resiliência que as circunstâncias trazem. Enquanto uns se ferem, outros espalham os curativos de Cristo."
Me impressionei com aquela concepção.
— O que seriam esses curativos?
— A palavra de Deus que é lâmpada para os nosso pés e luz para os nossos caminhos, ela é viva e eficaz, mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração. Santifica-nos na verdade. Como um martelo que despedaça a rocha e muito mais. Citei só algumas de suas características.
Concordei.
— Você acha que Deus... Bom... Acha que Ele cura alguém com ansiedade?— Deus cura qualquer enfermidade, seja ela na alma ou física. Primeiro que ansiedade pode ser normal e é um indicador de doença subjacente somente quando os sentimentos se tornam excessivos, obsessivos e interferirem na vida cotidiana. Para muitos é algo que sempre estará presente, idependente de medicamentos. Porém creio que Deus aquiete os turbilhões de pensamentos que lhe atinge. Tenha fé.
(...) 🌺
— Como é ser filha única? Não vejo minha vida normal sem meu irmão.
— Quando se tem uma prima da mesma idade, você agradece a Deus por ser filha única. — disse, me fazendo rir. — Nunca gostei de ser mimada, sempre fui muito retraída com esse negócio de carinho. Eu gosto, porém não sei demonstrar. Também nunca gostei de sentir em excesso; mais um motivo de estar solteira.
— Você pensa em casar um dia?
— Olha, nunca namorei, então meu primeiro namorado tem que ser o último, também. Não concordo com essas coisas de trocas, de fins, de recomeços... O coração pesa. Apesar de não ter experiência, ouço e presencio relatos.
— Isso não te assusta?
— O que acontece com todos ao meu redor, não significa que vai acontecer comigo. — disse, firme. — Mamãe sempre me diz que dá para conhecer alguém profundamente na amizade. Não é preciso inciar um relacionamento para se descobrir se dá certo.
— Tenho uma leve impressão de que só eu não sei o seu nome. — bufei.
— Acredite, todos os meus amigos passaram por este teste de resistência. E você muda de assunto muito rápido.
— É uma maneira de tentar lhe conhecer, já que a mocinha preserva sua identidade. Quanto tempo a senhorita acha normal para que nossa aproximação se torne uma verdadeira amizade? — questionei.
— Pergunta desnecessária para alguém que confessou que parecia me conhecer de algum lugar. Não sei como posso classificar nossa aproximação, só sei que nos conhecemos e nos entendemos de alguma forma.
— Então não gosta de dar nome a nada! — exclamei.
— Não ao que nem tenho certeza.
— Qual é baixinha? Já disse que não tenho nada a esconder de ti, apenas meu nome. Sou real assim como és.
— Fora que é famoso em Nova Iorque. Não me assusta, só... — deixa os ombros caírem.
— Não se preocupe, sua imagem será preservada. Não sou tão famoso quanto pensa, nem estudei para ser peça digna de ser fotografada. A mídia ajuda muito na divulgação da minha empresa e os ensaios, propagandas servem para uma renda extra. Quero presentar meu irmão com o escritório que sempre sonhou, manter o salário dos funcionários da empresa e da minha casa, entre outras coisas. Não ostento dinheiro.
— Eu sei a verdade sobre você, querido. Outras coisas me preocupam.
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📞"O que Deus que surpreende,
que me ensina sempre, que eu
preciso confiar mesmo sem
compreender"🎶♥️
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188 - A DONA DA VOZ
SpiritualObra Concluída ✔️ # 4°lugar em autoajuda "Há traumas que impedem de bons sentimentos florescerem, mas, também há uma simples solução para que todo resquício de dores vá embora." Theodore Baccelli é um empresário de software muito requisitado em No...