3. Ele é diferente ☎️

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   Me jogo na cama, cobrindo meu rosto com o travesseiro. Não iria chorar por aquilo. Seria totalmente desgastante e desnecessário.

— Não vai falar comigo? — o ouço perguntar. Ignorei. — Você que sabe. Não irei incomodar.
 
  Pelo barulho, suponho que esteja trocando de roupa. Ele vai embora. Eu queria impedi-lo, mas não posso, estou chateada pela sua falta de maturidade.
  A porta do quarto se fecha com uma força absurda, assim como a da sala.

Ridículo.

Suspirei fundo e tirei o travesseiro do rosto. Peguei o celular dentro da bolsa, mandando uma mensagem para Fagner. Se eu ficasse muito tempo sozinha depois de uma discussão como essa, com certeza, choraria.

Meia hora depois a campainha toca,  relevando o homem elegante, alto, forte e pele negra. Fagner é aquele tipo de moreno que deixa qualquer uma a desejar. Zero defeitos.

— Finalmente consegui te ver sem terno. — disse, assim que meus olhos vagaram pela sua vestimenta. Ele estava de calça jeans, sandália Havaianas e camisa polo.

— Estou me sentindo liberto. — dá os ombros. Em sua mão havia uma sacola. — Posso entrar?

— Ah, sim! — dei passagem e ele adentrou. Duck latiu, mas só porque não o conhecia. — Não se preocupe. Ele só quer brincar.

— Esse deve ser o Duck. Olá, amigão! — estala os dedos e logo o cachorro pula em suas pernas. — Então é você com quem Baccelli postou a foto ontem?

Fagner se abaixa e faz carinho no animal.

— Eu amo cachorros. — disse, ainda entretido. — Deus pensou muito bem no ser humano quando criou essa espécie de animal. Bom... — suspirou, levantando-se. — Trouxe comida para nós. Você me disse ontem que não gostava de comida japonesa, então comprei uma massa de lasanha pronta. Eu poderia usar meus dotes culinários, porém o convite veio mais rápido do que pensei. — sorriu de canto. E que sorriso!

— É... — eu não sabia como agir em sua frente. — Vamos colocar no forno, então?

Ele me entregou a sacola e seguimos para a cozinha. Tirei o embrulho do recipiente, liguei o forno e coloquei dentro.

— Seu apê é incrível. Posso te fazer uma pergunta?

— Pode.

— Qual sua relação com Baccelli?

Olhei para o mesmo um pouco sem graça. Entendo sua preocupação em saber se tem mais alguém investindo em algo que ele está interessado. Uma hora ou outra essa pergunta viria e se desse certo, era melhor o mesmo entender o grau de intimidade entre eu e seu melhor amigo.

— Sabe, só estou fazendo essa pergunta porque sei que ele frequenta seu apartamento e até que dorme aqui. Somos melhores amigos, sei que foi sua visita, mas não se preocupe. Ele não me conta suas... intimidades.

— Não... — suspirei. — Tudo bem. — relaxei os ombros. — Éramos grandes amigos na faculdade. Criamos um vínculo muito forte até percebermos que não dava para levar uma relação adiante, porque meu sonho era ter uma família enquanto o mesmo só queria se divertir com as garotas. Não vou negar que... Nos beijamos, as vezes.

Olhei bem no fundo de seus olhos tentando procurar alguma reação, mas ele permaneceu intacto. Como ele conseguia?

— Isso não acontece sempre. As vezes... Sei lá! Quando caímos em si, aconteceu. Mas não passa disso. Vou confessar, também, que ele é muito tentador e acha o mesmo de mim, só que... Não acontece. Sabemos que se permitirmos, ambos sairão machucados.

188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now