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   Amanheceu na Bahia. São apenas seis horas da manhã e o sol já está tão quente quanto uma panela no fogo. Ainda bem que o ar condicionado está ajudando a aliviar. Gostaria que o verão da minha cidade fosse assim.

  Terminei de arrumar minha mala, fiz o pagamento do quarto e esperei pelo meu sogro na recepção. Eles haviam me convidado para ficar por lá devido a distância. Não poderia recusar um convite desse, vindo diretamente de alguém que estou tentando agradar.

O celular vibra dentro do bolso; meu irmão ligando.

— Me conte as novidades. — atendi.

Bom dia, achei que estaria dormindo.

— Gostaria, mas pessoal do interior acorda muito cedo, daqui a pouco meu sogro está vindo me buscar. — expliquei.

Hummm, sogro?! Você é rápido.

— Tecnicamente ainda não, mas vou preparar uma surpresa para Alyssa. Sei que deseja me perguntar como foi nosso reencontro...

Na verdade estou bem chateado por não ter me esperado chegar em casa, também gostaria de estar aí. Vai que eu encontre uma baiana e me apaixone. — disse, sugestivo.

— Gostaria de lembrar que as mulheres daqui são bastante arretadas. — falei a palavra que descobri ontem numa discussão divertida entre minha futura namorada e meu futuro sogro.

Não entendi essa palavra, mas devo imaginar o que signifique. Gosto de mulheres difíceis e que gosta de dominar.

— Você é um pervertido.

E você virou o virgem da família, muito cuidado e respeito pela minha futura cunhada. Conhece as normas, certo? Casamento é uma vez só, adultério é pecado, cobiçar a mulher do próximo é pecado, traição também...

— Já disse isso pra você, hoje?

Eu não vou me converter agora, você sim. — retrucou.

— Thalles, eu vou honrar minha namorada. Nascemos um para um o outro e ambos para Deus.

Uau! Tenho que agradecer eternamente a minha futura cunhada pela transformação que fez nessa sua cabeça oca. — zomba.

— Certo, vou desligar porque tenho mais o que fazer. Infelizmente na roça não tem sinal, então todas as vezes em que eu vier para cidade, espero que esteja disponível. Tchau, te amo. Deixe um beijo bem acolhedor na testa de mamãe e na de Kate.

  Encerrei a ligação após ver meu sogro dentro da caminhonete e Alyssa no banco do carona. Ela abriu um sorriso largo ao me ver.
  Ontem a noite eu havia comprado um presente especial para a mesma e combina perfeitamente com seu sorriso meigo e inocente.

— Bom dia. — disse em português.

— Bom dia, jovem. Olha, não é necessário falar em português o tempo todo, pois eu também entendo inglês, mas acredito que é bem melhor para você praticar o idioma.

— Concordo. — falei, sentando no banco de trás.

— Théo, hoje iremos conhecer a creche que foi fundada a pouco tempo com o dinheiro arrecadado enquanto estive por lá. Como você ama crianças, acho que é uma oportunidade maravilhosa de conhecê-las.  — Alyssa se pronuncia.

— Sim, estou ansioso para isto.

  Ao chegarmos no lugar denominado roça (ou vila como eles tinham o costume de chamar) seguimos diretamente para a creche. O lugar era amplo e ainda com cheirinho de novo. Cenário alegre e avantajado.

— O incrível desse lugar é que mesmo com tantas dificuldades, nossos jovens sonham em entrar na universidade e conseguem. Todas as professoras que trabalham por aqui são recém-formadas. Não é bacana?

— Com certeza. Estou muito orgulhoso de você, Alyssa. — sorri.

— Tenho vontade de te apertar todas as vezes que você fala em português. Fica tão fofinho. — comentou, emocionada.

— Não hesite em fazer isso, também tenho vontade de apertar essas suas bochechas.

— Oi Aly?! — fomos interrompidos pelo rapaz que se aproximou. Ele estava diferente desde a última vez que o vi. Ao notar minha presença, sua reação foi espantosa.

— Tudo bem?! — estendeu a mão e eu cumprimentei.

— Tudo sim e você?

— Ótimo. Bom, ainda bem que você chegou, suas alunas estão loucas para te ver. — dirigiu sua fala a minha namorada.

— Oh, vem comigo? — pediu-me.

— Claro! — nem pensei duas vezes. Seguimos, deixando o tal do Alexander para trás.

(...) ♥️

  No por do sol, ela me apresentou o restante da vila e os lugares que mais gostava de frequentar sozinha. Um pequeno monte, proporcionava uma vista maravilhosa das montanhas e pedaços de algumas fazendas.

— Venho aqui quando quero pintar ou conversar com meu Pai.

Estávamos sentados na grama, admirando a paisagem.

— Entendo... Posso te fazer uma pergunta?

— Sim.

— Orou por mim enquanto estive fora? — encarei sua face que estava entretida com a vista a sua frente. Ela sorriu.

— Que pergunta mais óbvia, Batchelli. — brincou.  — Parece ser estranho confessar, mas cheguei num ponto em que pensei que não voltaria. A questão não era se deslocar do seu país até aqui e sim, excluir todos os meios que me ligava a você. Partiu meu coração, pois não sabia o que estava acontecendo. Nossa despedida foi um misto de sentimentos e, de repente... Seis meses sem notícias suas. O que, de fato, aconteceu?

— Nem eu sei explicar. Fui covarde, admito. Tudo que está relacionado ao amor me faz sentir-se acovardado. É um sentimento bom, mas durante sua convivência com ele, não sabemos o que fazer. Principalmente eu que nunca amei ninguém antes. És a primeira mulher em que meu coração tanto chama. — confessei, fazendo a mesma me olhar.

— O que fez durante esse tempo?

— Deseja mesmo saber? Sou homem suficiente para confessar, mas você é uma mulher tão abençoada que não acho que deva ouvir. — dei os ombros. — Só quero que saiba que fiz de tudo para te esquecer, mas chegou um tempo em que fui em todos os lugares que eu sabia onde te encontrar. Tu não estava em nenhum deles. O que mais resultou minha demora, foi por ter esquecido da caixinha que tinha me dado. Literalmente. — ela me olha, surpresa. — Eu me lembrava de todos os nossos momentos juntos, menos dessa caixinha. Teresa que encontrou, na gaveta.

— Teresa é um anjo. Como está seu irmão?

— Bem, finalmente está com seu escritório pronto... Infelizmente vai comprar uma casa para morar com Kate e me parece estar conhecendo alguém.

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Sou abençoado
por ter você

💙

188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now