5. Sensações ☎️

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   Antes do expediente terminar, tive uma longa conversa com a dona da voz mais linda que já ouvi. Não consegui mais informações sobre a mesma, porque seu treinamento não permite. Porém eu me abri mais do que deveria. Contei um pouco da minha rotina e que recentemente encontrei uma jovem que mexeu muito com minha estrutura. A garota do outro lado da linha ficou surpreendida com tudo que eu falava. Não sei o porquê.
 
Agora estou em minha cama, com celular na mão, dando uma olhada no meu Instagram. É certo que não sei mexer nessa ferramenta, mas prefiro não aprender. Estou sentindo uma sensação tão boa de não precisar tomar remédio para controlar minha ansiedade, tudo por causa de ontem.
Com certeza, Deus quer me dizer alguma coisa com isso. Antes de Al aparecer, fiquei com diversas mulheres, de vários tamanhos, cidades, classes... Mas de um tempo pra cá, as coisas tem se tornado tão inúteis. Posso ser safado, entretanto nada vem me atraindo.

— Olha só... — vejo a porta se abrir, revelando a senhora de cabelos grisalhos mais linda que já vi. Carregando em sua mão uma bandeja com um prato que suponho ser sopa. — Trouxe essa sopinha de legumes com macarrão que você adora. — coloca a bandeja sobre a cama.

— Obrigado mamãe. Quantas vezes tenho que dizer que a senhora tem que descansar? — questionei, deixando o celular de lado e colocando a bandeja no meu colo.

— Querido, não seja tão imprevisível. Veja bem, você pode me agradar e me dá descanso me levando para o sítio. — sugeriu, sentando-se na beira da cama.

— Chantagista. — fiz careta. — Fagner comentou sobre minhas férias longe de paparazzis. Acho que posso fazer isso pela senhora e por mim, mas não invente de me fazer acordar cedo para colher ou plantar verduras e frutos. Não nasci para essas coisas. Quero acordar tarde, com barulho de pássaros e esquecer a rede social.

— Combinado. Seu irmão acabou de me ligar, dizendo que comprou duas passagens para Orlando. Finalmente aquele cabeça-dura do Thalles vai tirar os olhos da tela de um computador!

— Isso ele não me conta. Engraçado que preza tanto por fidelidade e eu sou o último a saber das coisas que ele planeja. Mamãe, tem uma amiga que vai precisar da nossa cozinha para fazer uma comida do Brasil que ela gosta muito, será que...

— Claro! É sua namorada? — me olha esperançosa.

— Não! Por que a senhora sempre tem que perguntar isso?

— Porque é a primeira mulher que você vai trazer para dentro da sua casa. Normalmente costuma pagar uma diária em um hotel!

Ela disse uma coisa que eu nunca tinha reparado e isso me deixou perplexo.

— Deus está ouvindo minhas preces, não é possível! — comemora com uma dancinha ainda sentada. — Pois pode trazer essa sua amiga, quero conhecê-la e provar desses pratos maravilhosos, porque tenho curiosidade.

Maldita hora.

— Ela não disse quando viria. Ela é uma jovem muito simples, não tenho certeza se vai querer entrar em minha casa. Digo, de todas as pessoas que conheci, ela não faz questão de muitas coisas, principalmente de quem têm uma reputação muito grande.

Mamãe me olha com carinho e posso ver seus olhos brilharem por conta das lágrimas que queriam sair. Tenho certeza que está sendo imprevisível demais.

— Depois diz que eu sou imprevisível. — murmurei irritado.

Teresa levanta, deixa um beijo em minha testa e se retira sem dizer absolutamente nada.

(...)

3 dias depois...

  Já perdi as esperanças de que a veria. A ideia de ir a mídia era grande. Eu cometeria essa loucura por aquela garota. Só quero saber que sentimento é esse e desde quando fiquei louco atrás de uma mulher? Nada, absolutamente nada me faz esquecê-la.

188 - A DONA DA VOZWo Geschichten leben. Entdecke jetzt