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  Meu futuro sogro é muito divertido. Ele tem umas ideias bastante interessantes sobre a vida, é um homem bastante experiente e sabe viver bem.

  A estrada de terra, bastante mato, céu sem nuvens, ventania batendo no rosto carrega a sensação de paz. O carro se aproximou de um pequeno vilarejo com bastante casas simples, porém coloridas e modernas. As crianças corriam alegremente ao redor de uma fonte que ficava no meio da vila, alguns olhares curiosos foram lançados em direção a mim.

— Alyssa está na escola, então podemos fazer uma surpresa. O que acha?

— Na verdade, eu vim nessa intenção. — falei e ele sorriu.

— Ainda bem que chegou, já não aguentava mais aquele rapaz que está com ela ajudando nas obras. Ele é bem simpático, esforçado e homem para minha filha, mas é bastante forçado quando quer. — explicou, brincando com os dedos.

— Pois então cheguei para acabar com isso. Eu amo sua filha e estou disposto a lutar por esse sentimento, demorei tempo demais para pensar na distância se eu tenho condições de vim. Mas caso ela não queira, eu volto e finjo que nunca a conheci. — determinei.

— Tenha certeza que a mesma te ama, é por você que ela tanto espera, rapaz. Preciso te mostrar uma coisa. 

  Saímos do carro, senti o sol queimando minha pele, mas ao mesmo tempo o vento forte aliviava. Ele me guiou até uma casa um pouco maior que todas as outras.

— Bem-vindo ao nosso lar. — abriu a porta e adentrei depois dele. Que lugar confortável, nem parecia interior. — Os parceiros que minha filha trouxe consigo ajudou a reformar bastante casas da redondeza. A nossa, reformei com o dinheiro que recebia das exportações.

— Sozinho?

— Óbvio! Apesar da vila ser um lugar carente, nem todos os vizinhos se dão bem uns com os outros. É bem capaz de você ouvir alguma discussão por agora. O pau quebra por aqui. — falou, caminhando até a cozinha.

— Estava pensando nas dificuldades que teria em entender as gírias do povo nordestino, mas vejo que o senhor está facilitando para mim. — comentei.

— Justamente por sua causa, pois costumo falar muitas gírias e é bem capaz de algumas escapulirem. — abriu a geladeira e pegou uma jarra com água, oferecendo-me.

— Não precisa fazer esse sacrifício, algumas coisas posso assimilar.

— Aqui na Bahia? Nunca. Vem que vou te mostrar o paraíso de Alyssa. — seguiu em direção ao pequeno corredor e abriu mais uma porta, assim que me aproximei, notei várias telas pintadas e espalhadas pela parede. A maioria delas tinha o meu rosto e do lado as datas de quando foram feitas. — Todas as pessoas que vem aqui questionam sobre você... Pensam que é algum ídolo de um país distante.

Abri um pequeno sorriso e andei em volta do quarto com as mãos no bolso.

— Vou deixá-lo sozinho enquanto preparo algo para o jantar. — disse, retirando-se.

  O quarto colorido virou minha principal atração. Eu nunca senti uma sensação tão boa quanto essa ao estar no quarto de uma mulher. Apesar de seu jeitinho menininha, Alyssa tem caráter.

  Depois de algumas horas mexendo em algumas coisas, o pai dela me chamou para dizer que a mesma estava para chegar, então fechei a porta do quarto. Em seguida, ouvi vozes.

Fica conosco, panda. — ela pedia, mas o menino negava. Isso mesmo.

— Não! Hoje preciso ter uma conversa particular contigo, Lyssa. Amanhã você janta por aqui, Alex.

Tudo bem, tenham uma boa noite.

  Segundos depois, eles começam a conversar e finalmente meu sogro anuncia que tem uma grande surpresa a esperando, no quarto.

— Do que se trata? — a voz dela foi ficando mais perto enquanto meu coração pedia permissão para sair pela boca. A porta se abriu e nosso olhos se encontraram. Alyssa estava mais linda do que antes e pude perceber que havia cortado o cabelo, deixando-o mais curto e com semblante empoderado. — Sweetheart?

  Ah, esse apelido. Como eu não teria percebido antes que as vozes eram as mesmas?

— Meu Deus! — se aproxima e me abraça como se fosse o último momento da vida. — Obrigada Jesus.

Acolhi a mesma em meus braços, beijando o topo de sua cabeça.

— Eu voltei e só saio daqui quando voltar para Nova Iorque comigo. — disse em inglês.

— Théo... A gente tem muito o que conversar, mas devo adiantar minha fala, confirmando que não voltarei tão cedo. — suspendeu a cabeça e mirou seus olhos nos meus.

— Eu espero o tempo que for necessário. — acariciei as maçãs de seu rosto. — Vim disposto a renunciar muita coisa por nossa união, Alyssa, porque eu quero que o tempo pare todas as vezes em que estivermos juntos.

Ela sorri.
— Eu deveria gritar já que não sei o que dizer depois dessa confissão.

— Apenas eu tenho muito o que te falar. Parece loucura, mas... Nunca imaginei que o número cento e oitenta e oito mudaria minha vida, que no dia dezoito do mês oito descobriria que te amo e não consigo viver sem você, que as dezoito horas me disse 'Se cuida', me deixando com uma vontade enorme de dizer 'Por que você não fica e cuida de mim?' É certo que devo ter inventado um conto de fadas nesse período da vida. — ri, fazendo a mesma rir.

— É certo que devo ser o anjo desse teu conto. — disse, convencida. Refleti no que a mesma havia dito e sorri depois, manejando a cabeça instantâneamente.

— Com toda certeza desse mundo. Sendo assim, minha anjinha, leva-me para onde estiver, porque és tu mesmo o meu endereço.

— Sonhei com esse momento. — confessou, tímida. — Porém você dizia em outras palavras.

Acho que havia entendido o que a mesma queria dizer, porém deixarei esse momento para depois. Quero que seja simbólico.

— Todas as vezes em que eu me declarar para você, tenha certeza que, também, estarei dizendo em outras palavras. — deixei um beijo em sua testa.

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188 - 18/8 - 18h
️♥️♥️

Estamos muuuuito perto do fim
😭

188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now