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  O final de semana passou voando. Assim como meu dia de trabalho. Estranho é o fato de que Victory não estava falando comigo normalmente. Tudo bem, tenho muita culpa nisto, mas sinto falta de suas provocações. Então a chamei em minha sala.

— Sim? — suspende o cenho. — Em que posso ser útil?

— Vicky... — levantei e dei a volta na mesa. — quero pedir desculpas pelo ocorrido. Fui um tolo e você não merece ser tratada da forma que lhe tratei. Me perdoa?

Ela suspira e relaxa os ombros.
— Tudo bem, Baccelli. Fiquei extremamente chateada com sua atitude mas posso te perdoar. — e abriu um sorriso no final.

Surpreendentemente a puxei para um abraço. De início ela não retribui, porém logo cede. A atadura atrapalhava um pouco o meu gesto.

— Acho que darei uma chance para Fagner mostrar alguma coisa. — dei os ombros, desfazendo o abraço. — Aquela história de árvore sem frutos é tudo mentira. Ele é um rapaz incrível! Tão incrível que até hoje sua ex-mulher se arrepende de ter feito o que fez, mas acredito que vai te contar com o tempo. Eu só tive medo de perder sua atenção. Meu irmão terminou o relacionamento com Eliza. Ele descobriu a traição. — falei e mesma arregalou os olhos. Victory já havia flagrado diversas vezes a cena romântica entre Eliza e o rapaz. — Digamos que o mesmo ficou chateado comigo. Me chamou de traíra... — continuei. — Graças aos céus, tudo está bem.

— Sabe que pode contar comigo para qualquer coisa. Sou grata a você por tudo que fez em minha vida; jamais, em hipótese alguma irei me afastar. És minha família. O que foi isso em seu braço? — segura meu rosto. Sorri em resposta.

— Nada de mais. Hoje, nós iremos a uma feira de exposição. Ia te chamar para ser minha acompanhante, mas acredito que alguém chegou primeiro.

— Sim. De qualquer forma, estarei ao seu lado. Fagner conseguiu montar um de nossos melhores produtos para serem vendidos. Vai ser um sucesso. Esteja maravilhoso hoje e nada de encontros com aquelas magrelas sem sal. — disse, brincalhona enquanto se distraia com o colarinho do terno.

— Não posso prometer nada. Digamos que você está conhecendo alguém e eu quero me divertir. Ninguém vai sair perdendo.

— Quem sabe nesse evento alguém lhe dá um freio? Quem sabe nesse evento você não encontra o amor da sua vida?

— Sem chances. — bufo.

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A noite...

Cheguei em uma limosine alugada juntamente com meu irmão. Logo os flashes invadiram meus olhos, trazendo uma ardência insuportável, mas eu tinha que manter o bendito sorriso.
Alguns seguranças fizeram uma pequena barreira em minha frente, mas nada que impedisse que os repórteres aproximasse o microfone em direção a minha boca.

Theodore, como está sua expectativa para o evento de hoje? — uma mulher perguntou.

— Bom, muito grande. Tenho certeza que todos irão apresentar excelentes produtos que serão úteis para nosso cotidiano. — respondi, simples.

Baccelli, nós sabemos que os estandes da tecnologia são um dos mais visitados. Acha que sua empresa e as demais que seguem esse ramo vão sair com vantagens? — outro pergunta.

— Fico feliz que a tecnologia tem avançado e aberto o interesse de muitas pessoas, mas eu não descarto o fato de que só dos outros ramos serem convidados para participarem dessa feira, já é uma grande vitória. Se eles estão aqui é porque são merecedores, então não importa quem vai sair com vantagem. O importante é que todos terão oportunidade de expor para o mundo seus melhores produtos.

Logo os seguranças fizeram um sinal de assunto esgotado e nos conduziu ao salão.

— Hum, como meu irmão é chique ao falar em frente as câmeras. — Thalles debochou me fazendo revirar os olhos.

Encontramos o nosso estande logo no início da feira. Era um dos maiores e mais atrativos.

— Que orgulho da minha empresa. — Thalles volta a comentar.

— Orgulho agora, porque na hora de saber o preço desse box, todo mundo vai cair para trás. — resmunguei.

— Desde quando você se importa com preços?

— Desde quando aprendi na faculdade que se a empresa não ter sucesso no lucro, logo ela irá a falência. Eu sou economista e adoro promoções. — falei, adentrando no box e cumprimentando algumas pessoas da empresa. Avistei Victory conversando com algumas mulheres e Fagner mexendo no computador. — Ei, mano?!

— Fala, parça. A feira maumente começou e já vendemos dez produtos. — disse, entusiasmado. — Isso é que é luxo!

— Como é bom ouvir isso. — suspirei. Notei que em algumas das prateleiras havia alguns microfones para atendimento telefônico em um preço absurdo. — Posso saber o por quê daquilo ser tão caro? Tem noção de quantas empresas que trabalham com telemarketing estão aqui?

— Não foi eu quem botei o preço daqueles produtos. — Fagner se defende.

— Ok. Mano, faça-me o favor de descobrir quem foi o indivíduo que cometeu esse absurdo. — ordenei me retirando em direção a placa que indicava o preço. Lasquei o papel e com muita dificuldade (devido a atadura), escrevi em outro com o piloto. — Agora sim.

Aqui é mais barato. — ouço a voz de uma mulher. Voz familiar, mas ignorei. — Com licença, pode preparar dez desses microfones?

Olhei para a garota que estava do lado de Victory. Cabelo longo, castanho escuro, olhos pretos e um semblante de menininha. Não vou negar que é muito bonita, mas não faz meu tipo.

— Sr. Baccelli, me chamou? — um rapaz loiro que usava óculos surge do meu lado, desviando minha atenção.

— Ah, então foi você? — reagi ríspido. — Posso saber o motivo de ter colocado o preço a essa altura?

— Desculpa, senhor. Não foi minha intenção. — curvou a cabeça.

— Como não foi sua intenção? Você tem vários superiores com quem deve se consultar! Tem noção do quanto esse trabalho é sério? Saia da minha frente! — gritei, ajeitando meu paletó.

— Não precisava tratá-lo dessa forma. — a jovem chama minha atenção. Era só o que me faltava.

— Ele é meu funcionário. Trato como eu bem quiser. — suspendi o cenho.

— Olha, não te conheço, não faço ideia de quem seja. Talvez um empresário? Talvez. Mas por que não pergunta o motivo dele ter cometido tal erro? Seria muito mais fácil resolver as coisas com calma.

Sua voz é pacífica. O que me deixava irritado!

— A senhorita vai querer o produto? — revirei os olhos.

— Não mais. — virou as costas e saiu.

Garota estúpida!

— O que deu em você?! — Victory exclama.

— Não estou com paciência para incompetentes. Tem noção do quanto tudo isso é importante para minha empresa? Como um estagiário é selecionado para colocar o preço absurdo em um produto barato?! Não tem lógica! Aqui é uma competição e não faço questão de sair ganhando, mas é necessário existir numa empresa a preocupação com o público!

— Entendo seu esforço, mas não poderia tratá-la daquele jeito. Ela só queria ajudar e não se resolve problemas com funcionários na frente dos clientes. Você sempre se preocupou com a imagem da empresa e acabou de estragá-la sendo o chefe! Idiota. — vira as costas e se retira. 

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“É inesquecível para mim esse
teu sorriso tão bonito”

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Gente, o que estão achando da história? Vocês já tem hipóteses? 😂 Cuidado com as hipóteses. 👀

188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now