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   Al chamou o Uber e ficamos esperando ele chegar. Eu não queria me despedir, mas o que posso fazer? Ela é uma mulher d&d (divertida e difícil).

— Como vou saber que já é o tempo de se encontrar? — perguntei. Estávamos encostado em meu carro.

— Está com tanta pressa assim?

— Você me deve e eu tenho direito de cobrar. — Mentira, eu queria mesmo era não sair de perto dela.

— Só deixa eu receber o dinheiro para fazer o almoço. Não se preocupe, irei te procurar. — assegura.

— Pode ser na minha casa, que tal? Ou quer que eu vá na sua? Não tenho problemas com isso. — sugeri, animado.

— Pode ser na sua. Afinal, não quero mesmo que descubra onde eu moro.

— Você está aceitando as coisas muito fácil, vamos lá baixinha ignorante, apareça. — cutuquei a cabeça dela.

— Eu sou um amorzinho, ok? Mas quando quero ser grossa, saia de baixo. Garanto que sou a melhor companhia que alguém poderia ter. Ele chegou! — exclama ao ver o carro. Suspirei, cumprimentando o rapaz e ajudando a colocar as compras dentro do porta malas. — Tchau, nos vemos por aí.

— Não demora, senão eu vou atrás de você. Volto naquele mercado, peço as imagens das câmeras e divulgo no jornal.

— Não exagera, idiota!

Para a minha "não" surpresa, ela fecha o vidro do carro e o motorista dá a partida.

(...)

  Cheguei em casa com um pingo de felicidade estampado no rosto. Minha mãe me encheu de perguntas sem sentido, então inventei uma desculpa esfarrapada para que a mesma se calasse.

   Encontrei Kate dormindo no quarto que personalizei para ela. A tenho como minha filha. Desde quando nasceu, me transformei em outro homem.

Já tive desejo de ser pai quando Kate me chamou de tio pela primeira vez, mas foi momentâneo. As mulheres não deixavam eu pensar direito nessa possibilidade. Acredito que não foram nem elas e, sim, por mim mesmo que não encontrei a mulher ideal. Será que existe?

Fui para meu quarto e tomei um banho, logo deitei na cama e dormi. Acordei com o despertador bem alto no pé do meu ouvido. Levantei, fiz minha higiene matinal, vesti meu smoking e segui para a cozinha.

— Bom dia, Sr. Baccelli. Teresa mandou avisar que precisou sair mais cedo pois teria o matutino na Igreja. — uma das empregadas avisou.

— Tudo bem. — suspirei. Ela pediu licença e se retirou. Ainda bem que mamãe deixou meu café pronto, pois não tenho ideia de como fazer.

— Bom dia, mano! — Thalles adentra na cozinha e rouba uma maçã da fruteira.

— O que faz aqui? — franzi o cenho.

— Fui levar a minha filha na escola. Não posso? Amanhã é a audiência. — vejo seu semblante cair. — Preciso que você esteja presente para me dar uma força.

— Por que está triste?

— Aconteceu uma coisa que nem eu acreditei que permiti. — confessou, sentando-se. — Eliza me beijou. Não sei se foi pela emoção porque seus olhos não demonstram que me ama.

Bufei.

— Está na cara que ela te traiu porque não te amava mais. Não sei como você permitiu essa burrada. Ainda gosta da bruxa?

— Claro. Tanto tempo juntos, você quer o quê? Estou me distraindo com o que posso, mas nenhuma mulher será como Eliza no início do nosso relacionamento. — disse, mastigando sua maçã. Rolei os olhos.

188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now