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  Apresentei a Al o restante da casa, menos o quarto de Kate. Já que ela anda me privando de conhecer coisas da sua vida, não darei essa corda toda também. Ela focou muito no quadro grande que havia no corredor, foi uma foto que tirei com minha sobrinha no Central Park. Mas nada perguntou.

— Só o seu quarto é maior que minha sala. — falou após finalizarmos o tour.

— Essa mansão era menor, mas após alguns acontecimentos não queria lembranças, então modifiquei.

Caminhávamos pelo jardim em passos lentos.

— Só ainda não entendi como uma mansão desse tamanho não tem uma piscina.

— É. Meu irmão já pensou em iniciar essa obra, só que ele casou, recentemente se divorciou e eu não passo muito tempo aqui. Seria uma desvantagem e gasto de dinheiro. Não consigo ser mão aberta que nem meus amigos que gastam sem pensar no amanhã. — me justifiquei.

— Você é um rico muito diferente e usa roupas de super heróis. — disse em divertimento.

— É. — sorri. — E você é uma baixinha atrevida. Quais seus planos, Al?

— Voltar a morar no Brasil. — falou e meu coração se partiu. — Não tenho muita certeza se quero continuar aqui, pretendo fazer uma faculdade por lá.

— Ah, nem sei o que te dizer. Vai, realmente, deixar sua mãe? Aqui tem tantas oportunidades.

— Eu sei e o sonho de quem mora no Brasil é vir para cá. Tenho uma missão por lá, quero fazer um curso e ensinar as crianças pobres do interior. Desejo fazer um projeto para ajudar essas crianças a encontrarem seu futuro e sonhar alto. — disse, sonhadora.

— Muito... Bonito da sua parte. — sorri. — Gosto muito de crianças. Elas são adoráveis. A garotinha que você viu no corredor é tudo para mim. Muitos pensam que é minha filha pelo fato de estar sempre comigo. Às vezes eu queria que fosse, mas não tenho certeza se um dia pretendo ter um filho.

— Todos os ricos que um dia trancaram o coração para um amor, não conseguiram cumprir a promessa de não ter um filho e uma família feliz. Não creio que vai ficar solteiro para sempre.

Talvez, a verdade é que eu tenho medo de ficar sozinho, mas preciso manter a aparência de que não preciso de uma mulher.

— É ridículo pensar que o amor não existe e que vai lhe fazer mal, pois amar faz bem. Só vai doer muito se não for a pessoa certa, porém quando a encontrá-la, talvez, tenha que fazer alguns sacrifícios que no fundo os farão mais fortes. Por isso que a Bíblia diz que o amor tudo sofre, tudo espera, tudo crer e tudo suporta. Apenas a história que Deus escreveu. Quando não é de seus planos a gente ama pelos dois, a gente toma decisões pelos dois e a gente sente saudades de si próprio, porque nosso tempo será dedicado apenas para agradar o outro. — em seus olhos estavam a delicadeza. — O amor, para você, nem chega a ser uma incógnita; o amor, para você, não se busca por medo de se entregar facilmente, mas no fundo sabe que lhe trará benefícios. Você traz barreiras do passado que te impede de ressignificar. Ressignificar  caracteriza a ação de atribuir um novo significado a algo ou alguém e faz com que as pessoas possam dar novos significados a acontecimentos da vida, a partir da sua mudança na percepção do mundo. — ela senta num banco que havia no jardim. Eu faço o mesmo. Falar desse assunto é algo que me deixa bastante irritado, porém estou gostando de ouvir sua concepção. — O que posso dizer daquela garota que trabalha com você? Eu percebi em seu olhar que tem medo de perdê-la.

— Victory? — franzi o cenho.

— Sim, em apenas um dia eu senti tudo isso. Está apaixonado por ela?

— Eu... — ela me pegou totalmente desprevenido. Nem sei o que sentia por Victory. — Há algumas semanas atrás, estive em seu apartamento e fiquei sabendo que estava conhecendo melhor amigo, então enlouqueci. Ele é o cara certo para ela e tive medo de me trocar. Na época da faculdade, Victory sempre foi apaixonada por mim. Hoje não sei o que sinto, mas naquele fim de semana eu queria que tivéssemos algo a mais, porém uma garota tem confundido minha mente. Na verdade, duas. Uma tem mr salvado de mim mesmo. Sua voz é meu refúgio e a outra me mostrou o mundo que nenhuma outra mulher topou conhecer comigo. Ela me deixa na minha zona de conforto.

Al me olha surpresa.
— Duas?! Isso não existe.

— Elas me faz bem. E não precisa se espantar, porque não estou apaixonado por nenhuma das duas. — indaguei.

— Você nem sabe como é estar apaixonado. Onde vai passar suas férias?

— No sítio de Teresa. Quer ir conosco?  — perguntei já sabendo a resposta. — Espera, faz o seguinte, sei que você é uma garota muito misteriosa, então nós iremos dia vinte às dezesseis horas, ficaremos duas semanas. Caso queira aparecer, sabe o horário e o lugar.

Al sorriu. E que sorriso!

— Prometo que eu deixarei você passar as suas férias em silêncio, sem um tagarela do seu lado. Você vai amar a quantidade de flores que têm disponível para desenhar ou sei lá o quê! Eu pretendo dormir. E muito!

— Você é inacreditável. — balança suavemente a cabeça em negação.

— Farei o possível para manter esse elogio. — assegurei, sorrindo.

— Não foi um elogio. — ergueu uma sombrancelha.

— Sei que foi. Também sei que não me deve nada, mas posso deixar fazer algumas dividas comigo. O tanto que quiser. A consequência você já sabe, baby.

— Desde que em todas elas sejam para lanchar alguma coisa gordurosa... Eu topo. — dá os ombros.

— Não quero ser o culpado da sua morte, garota. Você é bem esperta. Eu deixo comer o que quiser, mas tudo tem limites.

— Ontem me disse que precisava da minha ajuda. O que aconteceu? — seu semblante muda para solidária.

— É... — Droga! Me esqueci totalmente desse detalhe. — Preciso de mais tempo antes de contar. É uma coisa muito séria.

— Hum. — me olha desconfiada. — Quero deixar bem claro que não sirvo para conselhos amorosos.

— Fique tranquila, Al. Sabe, não vejo a hora de descobrir seu nome.

— Prazer, alguém que você odeia. — estende a mão e eu aperto.

— Prazer, alguém que pretende te amar. — falei a deixando assustada. Ri da cena. — Seremos grandes amigos, Al. Nem pense em fugir de mim. As vezes tenho a impressão de que te conheço a muito tempo.

Al parecia surpresa com minha confissão. É como se ela sentisse a mesma coisa.

— Eu não pretendo fugir, mas não prometo ficar. E... — pigarreia. — Também tenho a mesma impressão que você.

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"E no lugar daquela cicatriz marcou
as cenas lindas que o tempo já notou."

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188 - A DONA DA VOZWhere stories live. Discover now