Capítulo 2

4.3K 553 528
                                    

O frescor adentrava a grande janela e as cortinas sacudiam no ritmo da brisa de verão.

O belo moreno estava com os cotovelos apoiados no parapeito da janela, observando toda a vida do lado de fora. O azul tanto do céu quanto das casas enchia os olhos do príncipe, que sorria para a sensação de paz que sentia dentro do peito.

— No início era o nada e do nada veio o tudo...

O príncipe escutou a voz começar a ler um dos seus livros de cabeceira da cama e se virou, apoiando as costas na janela enquanto sentia o vento lhe refrescar a parte de trás do corpo. O moreno sorriu ao perceber que já conhecia toda aquela história, mas não se viu capaz de interromper quem a lia.

No início era o nada e do nada veio o tudo. De uma grande explosão, milhares de moléculas se agitaram e se fundiram. Centenas de milhares de anos depois, as células que se expandiram, subdividiam-se e passaram a movimentar-se. De quatro a duas pernas iniciaram a exploração e conquista de novos territórios, sem saber que dentre eles haviam seres acima da sua cadeia alimentar, os quais se escondiam por serem em menor quantidade e quando apareciam, transformavam-se em folclore da mente humana.

Os nascidos com dons ficaram dispersos pelo mundo, cada um vivendo sua vida pacífica, como pessoas comuns, afinal também eram primos distantes dos humanos; todavia, na evolução não deram a sorte de serem a maioria e por conhecerem a fúria humana contra o diferente, mantiveram-se na espreita, sempre atentos, mas nunca agindo.

Com o passar do tempo, os humanos criaram guerras em cima de guerras, bombas e destruições nucleares e quando o tudo virou nada outra vez, os superiores na cadeia alimentar ainda eram a minoria, porém possuíam mais poder que os Homo sapiens sapiens.

Quando tudo estava destruído, os dotados trouxeram esperança e foram os líderes para os perdidos humanos seguirem. Então, reinos foram erguidos e nações divididas, deixando claro que uma nova ordem política era estabelecida pelo globo terrestre.

— Quantas vezes você já leu essa história, hn?

— Já perdi as contas — respondeu o príncipe, finalmente saindo da janela e se aproximando da cama. — Mas eu gosto da sua voz, então pode continuar...

O loiro que estava na cama sorriu, chamando o príncipe com o dedo indicador. O moreno colocou um sorriso de lado no rosto e engatinhou sobre o colchão, deitando-se ao lado do outro homem, sorrindo quando o mais alto largou o livro de lado e se aproximou dele, puxando delicadamente o seu rosto e lhe beijando no pescoço.

— Jin, você está... com fome? — sussurrou o loiro, passando o nariz na curvatura do pescoço do outro. — Eu estou pronto... Você pode se alimentar de mim...

— Joonie, eu não quero te machucar...

— Você nunca me machuca.

Namjoon sorriu enquanto começava a desabotoar a camisa branca e deixando o tecido deslizar por seus ombros até formar um emaranhado por cima de seu colo. O loiro então deitou a cabeça para o lado, deixando seu pescoço exposto, que ainda possuíam alguns leves resquícios de marcas avermelhadas da última vez que Seokjin havia se alimentado dele.

Seokjin era um vampiro. Não um dos que se viam séculos atrás em programas televisivos ou os que eram temidos por alguns humanos; ele não era morto, não era vencido com uma estaca ou com alho, muito menos com um crucifixo. Na verdade, nem mesmo de sangue ele se alimentava, mas no momento em que suas presas furavam a pele humana, o líquido vermelho sempre caía. O príncipe odiava o gosto de ferro — como muitos da sua espécie —, mas era um mal necessário para sobreviver.

O plasma. Era do plasma que Seokjin e todos os outros vampiros estavam atrás quando sugavam o sangue humano. Mas, felizmente — para os humanos —, os da espécie não precisavam se alimentar constantemente, pois também podiam comer alimentos fornecidos pela natureza, então não havia a necessidade de drenar homens pelos quatro cantos, mas não significava que o príncipe não poderia fazer aquilo.

Glass BridgeWhere stories live. Discover now