Capítulo 74

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Os dentes sendo cravados em sua pele, sempre deixava Namjoon entregue a quem mordia. No início havia realmente pensado que de alguma forma estava viciado no veneno de vampiro e que aquela era a maneira que seu corpo reagia à substância, porém nunca tinha ficado atrás de vampiros, desesperadamente pedindo por mordidas, por isso, depois de um tempo, percebia que era algo que acontecia somente com Seokjin. Com Jungkook, mesmo que fosse bom, nunca havia sido igual.

Estavam no terceiro dia de guerra e seus amigos haviam desaparecido durante a noite, informando que estavam atrás da bomba. Seokjin tinha ficado tão preocupado que quase tivera um ataque de pânico; a visão foi tão estranha a Namjoon, pois estava acostumado a Jungkook tendo um daqueles e não seu noivo, que sempre carregava um ar tranquilo, mesmo quando tudo parecia prestes a desmoronar. O escudeiro então praticamente arrancara os botões da camisa que usava para oferecer o pescoço ao mais velho, afinal era assim que vampiros se curavam de praticamente qualquer coisa que sentiram. De certa forma, eram viciados em plasma.

A língua do vampiro correu a extensão dos furos diversas vezes, até sobrar somente marcas rosadas no local. Namjoon ia comentar algo, quando a boca do monarca começou de distribuir beijos pelo ombro do escudeiro, para depois subir pelo pescoço, por fim, encontrando os lábios do loiro, que a nada resistiu, somente deixando seu corpo tombar no colchão, com a boca do noivo pela sua pele.

— Jin?

Seokjin não queria falar nada, mas sabia que daquela maneira não chegariam a lugar nenhum, então somente suspirou alto, jogando-se ao lado do loiro no colchão.

— Eu quero esquecer de onde estou — disse o monarca, engolindo a seco. — Eu quero desistir, Joonie. Eu quero fazer sexo com você. Eu quero sumir. Não aguento mais.

Namjoon ficou genuinamente assustado com a fala de Seokjin. O que ele queria dizer com aquilo? E por que o noivo estava com pensamentos tão sombrios? Durante aqueles três dias estivera ao lado do mais velho e já havia percebido o olhar perdido do monarca, porém não pensou que a situação estivesse daquela maneira. Há quanto tempo Seokjin guardava aqueles sentimentos dentro de si?

— Amor...

— Joonie, tantas pessoas estão morrendo e o verdadeiro culpado não está nem aqui — disse o mais velho, fitando o teto da tenda. Por um momento, ele procurou a figura conhecida de Dawon, mas logo lembrou-se que Hoseok não estava mais ali. — O rapaz metamorfo que se infiltrou disse que os generais dele estão por aqui, mas Hyungteo não. Ele deve estar no meu castelo, bem da vida e as pessoas por aqui morrendo.

— Jinnie... — o mais alto murmurou, acariciando as maçãs do rosto de Seokjin. Ele só queria ser capaz de aliviar todo aquele sofrimento para o mais velho. Seokjin era bom e justo e nem de longe merecia estar passando por aquilo. — Nós vamos vencer. E tudo isso irá passar.

— Namjoon, não é questão de vencer. Quantas pessoas estão sendo mortas aqui? Ontem eu vi um rapaz que treinou comigo no exército morto; sei que tecnicamente agora ele era meu inimigo, mas... é tão absurdo isso tudo.

— E não é sua culpa. Tudo o que podemos fazer agora é vencer e dar um basta nessa situação. Chorar pelos mortos nós só podemos fazer quando acabar.

Seokjin nada falou, sentindo os dedos de Namjoon lhe acariciando o cabelo com cuidado. Às vezes ficava a pensar como não merecia o noivo e muitas outras não queria nem imaginar o escudeiro no campo de batalha, pois somente em ver a tristeza que Suran havia se tornado, sabia que ficaria da mesma maneira se algo acontecesse ao homem que amava. Talvez fosse melhor continuar sem reino e garantir que todos ficassem bem, porém, na mesma medida, sabia que havia uma população sofrendo e esperando por ele. Era complicado e apavorante, mas era o seu dever como rei.

Glass BridgeWhere stories live. Discover now