Glass Bridge

Capítulo 88

Seokjin não sabia como se sentir naquele momento, mesmo que fosse a sua segunda coroação; de alguma maneira aquela parecia mais importante e necessária. Na primeira vez estivera preocupado com o pai mesmo tendo assinado o decreto não gostar da ideia, porém agora não tinha mais o homem ali e céus, tudo parecia mais difícil. Sentia falta dos seus pais e cada canto daquele castelo trazia uma lembrança deles para o moreno.

O discurso estava decorado e a vestimenta real não era tão pomposa quanto a primeira, afinal as circunstâncias eram outras, porém eram bonitas e sofisticadas. O salão estava armado e os convidados provavelmente já em seus lugares, então por que era tão difícil dar um passo para fora daquele quarto?

— Majestade?

A voz vinha do lado de fora do quarto, fazendo o moreno piscar várias vezes para o seu reflexo. Quantos tinham morrido na guerra? Mesmo sabendo que havia feito o certo, tudo ainda parecia lhe trazer um gosto amargo a garganta.

— Está tudo pronto — Yugyeom proferiu colocando somente parte do corpo para dentro dos aposentos reais, ao abrir uma fresta da porta.

— Obrigado. Onde está Namjoon?

— O esperando com as crianças no salão real.

O moreno suspirou fundo pela última vez e foi em direção à saída do quarto, deixando o seu reflexo e medos para trás.

**

As crianças já dormiam quando Seokjin fechou a porta do quarto com cuidado e seguiu para o cômodo real. Estava exausto, ainda mais depois daquela cerimônia pomposa de coroação. Agora, depois que tudo havia dado certo, sentia-se bobo por ter tido tanto medo daquele momento.

— Amor, o que você ainda faz acordado? — Seokjin quis saber, assim que viu Namjoon rodeado de papéis na cama. — Está muito tarde para isso, Joonie.

— Só estou trabalhando um pouco...

— Trabalhando no que? — Seokjin já se movia pelo quarto, deixando os sapatos em um canto ao mesmo tempo que desabotoava a camisa. — É sobre os escudeiros?

— Não... Só estou tentando organizar documentos, finanças, essas coisas para te ajudar... — falou o loiro. — Amor, perdemos todos os nossos soldados; sei que Somin emprestou alguns, mas é preocupante demais.

— Eu sei, Joonie. Os que não morreram, foram presos e decapitados juntos com Hyungteo — disse o monarca, abrindo a braguilha da calça. — O que você sugere?

— Estava pensando em fazer chamadas para o exército e ir treinando recrutas o mais rápido possível. Muitos comércios e estabelecimentos estão fechados, então as pessoas vão procurar por outros empregos. Eu poderia treiná-los.

— Se você acredita que esta é a solução então eu confio. Vamos comunicar aos conselheiros amanhã, tudo bem? Agora, que tal dormirmos um pouco?

Namjoon concordou, arrumando as pilhas de papel e as colocando no criado mudo ao lado da cama do casal. Assim que terminou Seokjin já estava pronto para recebê-lo em seus braços.

— Você fez um belo discurso hoje. Eu pude ver nos olhos de algumas pessoas que elas realmente levaram suas palavras ao coração. Principalmente quando você disse que seu pai o havia ensinado a ser um rei justo e não vil e a colocar o bem-estar da população acima dos cofres da coroa.

— Eu estava tão nervoso... Nem enxerguei as pessoas — comentou o moreno, dando um sorriso. — Eu só consegui ver você — afirmou. — Sei que sempre falo isso, mas você que me dar forças para sempre continuar, Joonie.