Prólogo

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[Escritório de Imigração da Vida após a Morte]

— Esposa! —Hyun Eui-ong chama por Taluipa contente, escondendo uma caixa enfeitada com um laço gigante, atrás de si. — Trouxe um presentinho para você...

— O QUÊ? Acha que eu não tenho trabalho para fazer para ficar dando atenção a suas besteiras, hein?

— Estava pensando, estamos aqui nessa casa enorme, e falta um pouco de vida para trazer um pouco mais de alegria...

Taluipa para de digitar no computador e olha furiosa para Hyung Eui-ong.

— VOCÊ BATEU A CABEÇA? COMEU ALGO ESTRAGADO? Ora mais er...

O esposo mantém o rosto sereno e tem um pequeno sorriso nos lábios. Ele ignora todo o escândalo de Taluipa e mostra a caixa, assim que a abre um gato preto e felpudo pula para cima da mesa. Olha para Taluipa com inocência.

Ela novamente olha para Hyung Eui-ong, as unhas impecáveis tamborilam pausadamente na mesa.

— Livre–se dele, agora.

— Querida, olha só como ele é fofinho, tenho certeza que alguns dias com ele vai melhorar o seu estresse e... — ele percebe o que acabou de dizer e se interrompe. — Sente aqui no sofá, deixa eu te fazer uma massagem. — Hyun Eui-ong fala enquanto leva Taluipa para o sofá. — Aigoo... Olha só como você está tensa...

Taluipa se deixa levar pela massagem do marido.

Enquanto isso, o pequeno gato olhava concentrado para a luz verde do computador, como um leão prestes a pegar sua presa, o gato abaixa em posição de ataque. As letrinhas iam aparecendo no monitor e o gato acompanhava com os olhos, o rabo balançando astutamente. Até que ele pula na tela e cai em cima do teclado.

______֎______

Tudo estava escuro, Rang não via nada a um palmo de distância, uma névoa pesada tomava de conta de todo o lugar, por mais que houvesse um chão ele não via cor, e se havia um teto ou paredes ele não sabia dizer. O fato era que a solidão que ele sentia era tão sufocante quanto a névoa escura que tomava de conta do lugar.

Rang já havia perdido a conta de quanto tempo estava andando, se perguntava todas as pessoas que morrem iam para aquele lugar ou só pessoas... como ele. Se perguntava também em como estariam todos que havia deixado pra trás, a última coisa que viu foi Yu-ri correndo ao seu encontro. Shin-joo saberia consola-la? E Soo-oh, entenderia o que havia acontecido? No entanto, o que mais mexia com a cabeça de Rang era saber se o irmão teria voltado ou não, como ele estaria? Teria o mesmo corpo? Ainda se lembraria de tudo? Se lembraria dele?

Rang suspirou, quanto tempo ele ainda ficaria naquele lugar? Será que algum dia sairia? Dessa vez não tinha artimanhas, não tinha truques, teria apenas que esperar e ficar ali, sem a certeza de que um dia ele sairia ou não.

Como se alguém tivesse ouvido seus pensamentos, Rang viu uma luz no meio de todo o breu, "o que seria isso? ", ele pensou. Não sabia dizer, mas sem pensar duas vezes Rang correu naquela direção.

______֎______

Eram poucos os momentos que Taluipa baixava a guarda e sedia aos agrados do marido. Era exatamente o que acontecia agora, andava muito estressada realmente, sempre que acontecia alguma tragédia seu trabalho ficava mais puxado, e foi o que havia acontecido nos últimos dias, um acidente de avião havia acontecido e as coisas demorariam um tempo para voltar ao "normal". Mas só o fato de não ser alguma praga ela já agradecia, só de pensar na última, e na quantidade de pessoas que passaram pelo serviço de imigração, seu pescoço voltava a doer outra vez.

Taluipa tornou a fechar os olhos e se concentrou na massagem do marido, inspirou lentamente, Hyun Eui-ong sabia realmente como fazer uma massagem...

"Era um hospital, haviam vários médicos em volta de um rapaz extremamente machucado, o jovem estava entrando em choque e os médicos faziam de tudo para salvá-lo, se revezando na massagem cardíaca e usando a carga máxima do desfibrilador. Do lado de fora da sala de cirurgia, os pais do rapaz gritavam desesperados vendo que estavam perdendo seu filho.

Um dos médicos balançou a cabeça negativamente, não tinha mais jeito, o rapaz não havia voltado a vida, o barulho ininterrupto do aparelho encheu a sala, o jovem havia perdido a vida.

Hora da morte...

PI...PI...PI...PI...

O som que veio do aparelho espantou os médicos, como que por um milagre, o coração do rapaz tinha voltado a bater"

Taluipa arregalou os olhos. O que exatamente ela tinha acabado de ver? Foi às pressas para o seu computador e um aviso de erro no sistema piscava insistentemente. Ao olhar para a tela, Taluipa sentou em sua cadeira quase desfalecendo.

— Querida, o que houve?

— ISSO TUDO É CULPA SUA! QUEM MANDOU TRAZER ESSE GATO PRA CÁ? CINCO ALMAS ESCAPARAM DO CAMPO DOS VAGANTES! CINCO! SABE QUEM ESTÁ ENTRE ELAS? LEE RANG! AI...

Taluipa colocou as mãos na cabeça, em breve seu irmão ligaria para que ela resolvesse as coisas já que tudo aconteceu por conta do descuido do seu departamento.

— Os Ceifadores não podem resolver isso? — Hyun Eui-ong perguntou, sua voz era quase inaudível, temia de a mulher tornar a gritar outra vez.

— Eu não sei, vai depender do que Yeomra decidir. Se ele disser que sou eu que tenho que resolver PARTO VOCÊ EM PEDACINHOS! — Taluipa disse jogando um peso de papel na direção do marido.

Hyun Eui-ong desviou do objeto e saiu da sala antes que o segundo pudesse lhe atingir.

I'll be there: uma segunda chanceDonde viven las historias. Descúbrelo ahora