5. Eu sei do que estou falando

426 58 11
                                    

Soo-ho não ia tão bem na escola. As disciplinas em si ele conseguia levar numa boa, suas notas eram sempre acima da média, mas o problema eram as pessoas. Quando se é uma criança que não tem pais, torna-se sinônimo para outras pessoas machucarem você.

Por mais que ele dissesse que estava com uma família boa agora, os valentões da sua turma sempre o perseguiam, roubando seu lanche ou exigindo que ele fizesse os deveres de casa para eles. Soo-ho estava cansado, poderia simplesmente contar para Yu-ri que ela resolveria tudo, mas ele não queria a deixar preocupada, assim como ele, Yu-ri estava tentando levar a vida sem Rang.

E hoje, assim como nos outros dias, não estava nem um pouco a fim de ir para a escola.

— Soo-ho, levanta, você vai se atrasar para a escola. — Shin-joo diz de forma gentil na porta do quarto.

— Desse jeito ele não vai levantar nunca. — Yu-ri fala empurrando Shin-joo levemente para ao lado. —Acordaaaaa. — ela diz puxando a perna de Soo-ho de leve para fora. O garoto reclama um pouco, e volta a dormir. Yu-ri o puxa um pouco mais, fazendo que ele tenha que se segurar na cama para não ser arrastado para o chão. Soo-ho começa a sorrir e gritar, achava graça da forma como Yu-ri o acordava, era impossível não cair na gargalhada sempre que ela fazia isso.

______֎______

Rang observava seu quarto minunciosamente. Precisava obter o máximo de informações possíveis sobre "ele mesmo". Abriu o guarda-roupa, dava para perceber a personalidade do antigo dono do corpo pelas roupas. Não havia nada colorido, todas as roupas eram sóbrias e de cores frias. Rang não achou de todo ruim, mas achou que precisava de umas peças vermelhas. Mexeu nas coisas da escrivaninha, remexendo os papeis, todos devidamente organizados e as pastas estavam etiquetadas por ano. Haviam dois porta-retratos: o primeiro era ele e Yu-na na Torre Namsan, alegres no meio da neve, e outra com os pais. Percebeu que em termos familiares era bastante sólido, e até o relacionamento dele com Yu-na era bastante firme, apesar de estarem numa crise.

Pensar na família, o fez lembrar da sua. Já havia passado quase um mês que tinha voltado e ainda não os tinha procurado. Achava que não correria risco se os observassem de longe, pelo menos para ter certeza de que estava tudo bem.

Rang deu uma olhada na estante, percebendo que a maioria dos livros entre as prateleiras eram sobre Direito. Em uma outra ocasião, ele teria que dar uma lida em algumas coisas se realmente quisesse continuar seguindo a direção a qual estava percorrendo. E pelo o que havia ouvido de Yu-na, era uma profissão que elevou o status da família, o que só estimulava o empenho dele.

Mandou mensagem para ela perguntando se ela sabia qual era a senha do computador e também quais dos livros de Direito ele deveria ler. Se arrependeu de ter mandado no momento seguinte, Rang não era de procurar fazer tudo corretamente, ia agindo conforme a situação mandava, independente dela ser boa ou não. E depois de toda essa análise sobre o antigo Jihoon, se deu conta que nunca seria o mesmo de antes.

Assim que entrou no carro, Yu-na mandou mensagem de volta com a senha (que era a data de aniversário dela) e avisou que teria aula daqui há uma hora, que não adiantaria muita coisa.

Rang percebeu o tom áspero vindo da mensagem, provavelmente Yu-na já estava se preparando para terminar o relacionamento com ele. No entanto, Rang ainda precisava dela, não ia deixar ela ir assim tão facilmente, sua ida a sua antiga casa teria que ser adiada.

Chegando na sala de aula, avistou Yu-na sentada próximo a parede, antes de chegar até ela, foi cumprimentado por vários colegas, tentou agir ao máximo como Jihoon agiria.

— Bom dia, Yu-na. — Rang disse. Yu-na endireitou-se na cadeira, rabiscando alguma coisa no caderno, respondeu o cumprimento do rapaz sem olhar para ele.

I'll be there: uma segunda chanceWhere stories live. Discover now