16. Apenas sentimentos humanos

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A jovem havia demorado muito para conseguir pegar no sono, e mesmo quando ele veio, não foi um sono tranquilo, teve diversos sonhos que beiravam a pesadelos, e ao abrir os olhos se sentia além de angustiada, bem cansada. Olhou para a foto na cabeceira da sua cama, era uma lembrança dela com Jihoon num passeio que fizeram para ver as cerejeiras na primavera. Yu-na era filha única, e se sentir sozinha era um hábito que levava consigo desde pequena, no entanto, desde que conhecera Jihoon no ensino médio, ele foi o seu companheiro de aventuras, seu parceiro de estudos, seu confidente... até chegar a faculdade e se darem conta de que gostavam um do outro como homem e mulher. Pensar nisso a fez lembrar que foi ele quem a ajudou a superar muitas coisas nos sentidos mais diversos da sua vida, um grande exemplo disso foi quando Jihoon a apoiou a contar para os pais que não queria seguir na área médica, como todos da família, e sim uma promotora; o rapaz estava lá ao seu lado, e sem ele com certeza tudo teria saído um desastre. Yu-na sempre foi uma tempestade, já ele era a calmaria, então sempre conseguia resolver as coisas pacificamente.

Jihoon costumava dizer que pelo fato dela ser filha única, os pais dela não deixaram que ela experimentasse muita coisa da vida e a protegiam em excesso, assim, sempre que dava, ele organizava detalhadamente uma viagem para que ela pudesse experimentar coisas. Yu-na achava interessante, porque Jihoon também era filho único, no entanto, sempre foi muito independente e resolvia suas coisas sozinho desde muito cedo. A verdade era que ela gostava de saber que ele estava sempre por perto e o fato dele quase ter morrido por causa dela a fazia se sentir uma hipócrita, como se não tivesse o direito de se sentir assim. Hoje ela tinha certeza que se pudesse voltar no tempo, nada daquele dia do jantar teria acontecido.

Desde o acidente, ela costumava sempre checar como ele estava, grande parte do motivo era por culpa, mas Yu-na também se importava verdadeiramente, desde que o namorado voltou a vida, ela notou que ele não era de silêncios, sempre respondia algo, nem que fosse com um gracejo. Ainda mais depois da noite passada, que aparentemente tinham se acertado. Ela estava preocupada, não tinha notícias de Jihoon desde quando ele a deixou em casa, não havia respondido suas mensagens e seu telefone estava desligado. Se perguntava o que poderia ter acontecido para que Jihoon não a respondesse, teria ele lembrado de algo?

No dia em que Jihoon havia faltado a aula, a jovem fez um passeio com Oh Yoon-seo, sua única colega de sala, à um festival tradicional itinerante que estava acontecendo nos arredores de Seul. Ela estava deprimida por ter terminado o namoro e Yu-na sempre ia a esses festivais quando criança e se lembrava de ser muito colorido e animado, achava que era o entretenimento perfeito para que a amiga se distraísse. E de fato se divertiram muito naquele dia, tinha sido bastante agradável, mas uma das coisas que aconteceu lá, reverberava dentro de si até hoje.

Yu-na e Yoon-seo haviam parado numa barraca para comer um hot-dog no palito quando uma senhora com a idade bastante avançada abordou as duas. Ela dizia que podia ler a sorte e ofereceu o seu serviço as duas. As amigas tiveram reações opostas: enquanto Yoon-seo ficou extremamente empolgada por mais que não acreditasse totalmente nas palavras da senhora, Yu-na se mantia cética, não gostava dessas pessoas que se aproveitavam da ingenuidade de pessoas boas e diziam meia dúzia de palavras genéricas.

— Quem vai ser a primeira? — a senhora com os olhos brilhantes perguntou. Yu-na notou como ela andava curvada, se perguntava se ela não estaria cansada de tanto andar por aí, e chegou até a levantar do banquinho que estava para que ela sentasse, mas a mesma recusou, dizendo que ela nunca devia se deixar levar pelas aparências.

— Eu! Ajumonni, eu terminei com o meu namorado, vou encontrar um novo amor rápido?

A senhora olhou para a jovem e pegou em sua mão, Yu-na quase revirou os olhos, mas se conteve, se Yoon-seo ia se deixar levar por aquelas palavras de conforto, não era da conta dela.

I'll be there: uma segunda chanceWhere stories live. Discover now