4. Da água para o vinho

498 56 23
                                    


[Duas semanas depois]

Rang finalmente sentia melhoras em seu novo corpo. Já conseguia sentar sozinho e tinha tirado as ataduras da cabeça, um curativo foi posto no lugar e o braço que continuava com o gesso.

Nesses dias que se passaram pode compreender melhor a rotina dos que o cercam. A senhora Kang era completamente devotada ao filho, e não ficou um dia sem vê-lo, nos primeiros dias ela dormia, mas por muita insistência de Rang, ele passou a dormir sozinho. O senhor Kang, era um homem atarefado, suas visitas eram sempre rápidas.

Quanto a Yu-na, por enquanto era a sua pessoa favorita, adorava o jeito como ela ficava quando ele fazia perguntas provocativas de propósito, e como era divertido vê-la ficar irritada ou sem jeito. Inclusive foi durante a visita dela que o médico veio dar boas notícias.

­ — Sua recuperação está sendo muito boa, seus exames estão normais, creio que não há mais nada que o prenda aqui. Vou providenciar os papeis e hoje mesmo você está de alta.

­ — Que ótimo! —­ Yu-na disse abraçando Rang.

­ — Uau, você está mesmo feliz em se ver livre de mim hein?

Yu-na se deu conta do que tinha feito e o soltou. Não que não pudesse, afinal era o seu namorado, mas estava tudo tão estranho, que ela não se sentia à vontade para fazer isso. Pegou a sacola de roupas que a mãe dele tinha trazido de dentro do armário.

­ — Vai dizer que você não está feliz em sair daqui? — ela entregou a sacola para ele e saiu do quarto. — Vou avisar a sua mãe.

Rang riu. Ele realmente estava feliz por sair do hospital, agora ele finalmente podia dizer que a diversão ia começar. Achou estranho quando Yu-na disse que ela que o levaria para casa, não esperava essa atitude da senhora que era tão apegada a ele, mas também não deu tanta importância, não era da conta dele mesmo.

Agora ele estava ali, no quarto de hospital, de frente para o espelho, olhando-se pela primeira vez de corpo inteiro. O corpo no qual Rang havia se apoderado era jovem, e em relação à altura, agradeceu por continuar praticamente da mesma altura; apesar de ser fisicamente mais magro, era mais forte, os músculos eram bem definidos e todos no lugar. Até o cabelo tinha a textura e um corte parecido com o seu, era apenas um pouco mais curto. Olhou para o seu rosto, sorriu. Tinha uma expressão inocente, seria difícil desconfiar de alguém com aquele rosto.

­— Já está pronto? —­ Yu-na pergunta na porta, mas não olhava para dentro do quarto.

Rang se olhou no espelho mais uma vez, tinha vestido a camisa preta social apenas pela metade, o braço com gesso estava atrapalhando um pouco, e muito provavelmente ele não conseguiria vestir sozinho.

"Ah, eu devo fazer isso? Sim, eu devo. ", pensou ele, sorrindo maliciosamente antes de virar com uma expressão inocente.

­ — Eu acho que preciso de ajuda aqui.

Yu-na entrou no quarto sem perceber sobre o que Rang estava falando, quando seu deu conta, foi uma mistura de sentimentos, não sabia se cobria os olhos, se voltava para o lado de fora, ou fazia o que ele tinha pedido.

­ — Err... você devia ter pego uma camisa mais fácil. — ­ Yu-na disse completamente sem jeito com a situação. Ela tentava ao máximo fazer o que estava fazendo sem olhar tanto. Sentia o seu rosto esquentar, para piorar mais a situação.

Com cuidado pegou o braço quebrado de Rang e passou pela manga da camisa, e ao terminar, deus alguns passos para trás e abriu o armário para arrumar as coisas e ficar à espera do médico voltar com os papeis de alta. Olhou de relance para Rang e ele tentava com dificuldade fechar os botões da camisa.

I'll be there: uma segunda chanceWhere stories live. Discover now