2. A nova vida de Rang

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Os médicos avaliavam Rang muito surpresos por ele ter acordado. Ainda estava com dor de cabeça, e estava meio confuso por ter memórias que não eram suas.

— Você consegue me ouvir? — o médico perguntou lançando uma luz nos olhos de Rang, ele balançou a cabeça afirmando.

— Minha cabeça... — Rang começou a falar mas parou ao ouvir sua voz, por mais que sua garganta tivesse seca, percebeu que era um pouco mais suave do que a sua. O médico injetou um analgésico no acesso na mão de Rang e disse:

— O paciente ainda precisa de cuidados, vamos avaliar o quadro dele essa noite para fazer um diagnóstico mais concreto. Ele deve dormir um pouco agora, mais tarde volto para ver como está.

Rang aproveitou a deixa e voltou a fechar os olhos, não queria ser obrigado a falar agora. Precisava colocar a cabeça no lugar e pensar no que fazer, por mais que ele tivesse escapado de onde estava, tinha certeza que havia várias pessoas a sua procura. Rang teria que agir com muita cautela para que não fosse descoberto.

Primeiro, precisava saber o máximo possível do corpo que estava ocupando e aos poucos tentar se adaptar, assim evitaria suspeitas sobre ele. O que mais Rang queria era ver sua família, mas teria que evitar pelo menos por um tempo.

Não sabia também como esse corpo reagiria a ele, se tinha alguma implicação, precisava observar sua recuperação, se seria normal como dos humanos, ou se seria como meia raposa. Poderia inclusive parecer suspeito para os médicos se seus ferimentos curassem rápido, mas deu sorte de que onseu médico acreditava em milagres. Suspirou, se sentia muito aliviado de estar ali, mesmo em uma cama de hospital todo machucado, só de não estar naquele lugar horrível era de grande valia, o efeito do analgésico fez efeito e ele acabou dormindo com esses pensamentos.

Não soube dizer quanto tempo ficou adormecido, mas o cheiro de azaleias e um choro baixo o despertou de seu sono. Sentiu uma mão macia e fria entrelaçada a sua, imediatamente teve vontade de soltar, mas decidiu continuar "dormindo" ao ouvir o que garota começou a dizer.

— Me desculpe. — a voz dela estava rouca por conta do choro, mas ainda assim Rang percebeu como era limpa e penetrante. — Eu não deveria ter dito aquilo, você também não podia ter saído de moto naquela chuva, só se preocupe em ficar bom e sair logo desse hospital...

"Então esse tal de Jihoon tem uma namorada... interessante", Rang pensou, sua curiosidade para ver o rosto da pessoa que cheirava azaleias estava incontrolável, deu a entender que ia acordar se mexendo um pouco, o que fez com que ela largasse sua mão imediatamente.

— Sra. Kang, ele está acordando. — disse a garota abrindo a porta do quarto.

Rang abriu os olhos e agradeceu por terem diminuído a quantidade de luzes acesas, a garota deixou a porta aberta para que a mãe dele entrasse e voltou para o lado da cama.

— Eu apaguei algumas luzes, acho que vai ajudar sua dor de cabeça.

Rang tentou se mexer, mas a dor o impediu, ela percebeu e arrumou os travesseiros para que ele ficasse numa posição mais confortável. A jovem sentou na poltrona ao lado da cama e passou a olhá-lo calmamente, nem parecia a garota que estava aos prantos, minutos atrás.

Foi impossível Rang não prestar atenção nela, afinal, aquele tipo de perfume era totalmente incomum para ele. Ela tinha os cabelos pretos que desciam impecáveis com suaves ondas até o meio das costas, Rang notou que o jeito dela ao mesmo tempo que era delicado, era decidido. Com certeza ela devia chamar atenção por onde passava, mesmo tendo uma beleza comum era sua personalidade que lhe parecia atraente.

Rang não sabia bem como devia agir, afinal aquelas pessoas pensavam que ele era outra pessoa. A impaciência de ficar naquela cama começava a tomar conta de si, não via a hora de poder sair dali.

I'll be there: uma segunda chanceWhere stories live. Discover now