15. Prazo de Validade

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Rang precisava de ar fresco, sentado num banco da praça respirando o ar frio da madrugada, pensava nos acontecimentos daquela noite. Nunca foi de acreditar em destino e coincidências, inclusive achava que isso era coisa de humanos bobos que não tinham coragem de correr atrás do que queriam, no entanto, depois daquela noite ele havia mudado de opinião. A cada dia que passava, via as coisas saírem do seu controle, e se percebia mais humano do que um dia jamais foi.

O jantar dessa noite era a maior prova disso, Rang sentiu tantas emoções ao mesmo tempo que agora se sentia meio tonto. Não esperava e nem queria ter encontrado o irmão daquela forma, pensar nisso o fez perceber que ele teve muita sorte – outra coisa no qual ele não acreditava- de não ter sido descoberto, foi salvo por Yu-na, e por uma pirralha meio raposa.

Ao se encontrar com Yeon, pensou que a miniatura dele fosse falar alguma coisa, e inclusive isso o deixava bastante intrigado, a criança era muito pequena, mas tinha um raciocínio muito rápido para a idade dela. Rang não sabia se com ele também teria sido assim, pois não havia ninguém que pudesse perguntar. Se perguntava o que apareceria olhasse para ela com as sobrancelhas de tigre, quem ou o que ela foi?

E Yu-na? Rang sorriu, agora era assim que ele reagia ao pensar nela, sem dúvida a humana foi fundamental para que conseguisse manter a calma, mesmo sem saber o que estava acontecendo, tomou de conta da situação e o levou para respirar. Yu-na estava a cada dia ganhando mais espaço na vida de Rang e agora ele já se perguntava se a deixaria ir embora quando ela soubesse de tudo, porque com certeza ela não o procuraria depois que soubesse que havia realmente sido a culpada do acidente. Yu-na provavelmente não olharia mais para ele. Rang suspirou, o que era isso que estava sentindo agora? Parecia que um elefante estava sentado sob seu peito.

Olhou despreocupado para o lado e a figura que caminhava na sua direção o deixou estupefato. O que Yeon estava fazendo andando com aquela expressão tão cabisbaixa no meio da madrugada? E o que Rang deveria fazer se o irmão viesse falar com ele?

Yeon já estava a uma distância que era impossível Rang sair sem deixar evidente que estava fugindo, a ex raposa ainda olhou para os lados para ter certeza de que não dava para escapar, mas sem sucesso, ele agora estava a sua frente.

— Jihoon, certo? — Yeon perguntou, o irmão notou que ele parecia com a cabeça distante, era visível que estava angustiado.

— Sim, sim. Você é o genro da senhora Nam, Yeon? — disfarçou Rang. Ao perceber que o irmão não prestaria atenção nele, relaxou e se endireitou no banco abrindo espaço para que Yeon pudesse sentar. — Noite turbulenta?

Lee Yeon se sentou no banco, mantinha a cabeça um pouco virada para o lado contrário de onde Rang estava sentado. Olhava longe o ponto vermelho da antena no telhado do prédio em que morava. Ele deu um longo suspiro antes de responder.

— Sim...

Rang supôs que fosse algo entre o irmão e a humana que infelizmente ele tinha escolhido duas vezes para amar. A aparência física de Yeon agora estava melhor, não estava mais tão pálido, como estava no jantar. Mas o que será que teria acontecido para que ele ficasse assim? "Teria ela descoberto o que ele estava fazendo? Mas se a Ji-ah descobriu, então quer dizer que não sabia que Yeon ainda era uma raposa... Hmmmm! Ele está realmente com problemas", Rang concluiu depois observar o irmão durante alguns instantes.

Estavam os dois a sós ali, e Rang achava que era a oportunidade perfeita para contar tudo, mas ao vê-lo daquele jeito, achou que não era o momento apropriado, Yeon já estava com coisas demais na cabeça.

— Eu já vou, ficar parado não vai me ajudar em muita coisa.

— Ah... certo.

Yeon o cumprimentou com um aceno de cabeça e Rang o viu continuar o seu caminho. Se sentia incomodado, havia perdido a oportunidade perfeita de revelar tudo, não fazia ideia de como e quando eles se encontrariam de novo. Rang deu de ombros, quando que ele pensava tanto nas outras pessoas antes de si? Ele tinha que resolver os seus problemas e não ficar pensando nos problemas dos outros, Rang se levantou, já que tinha tido tantas coincidências naquela noite, não deixaria a oportunidade passar.

I'll be there: uma segunda chanceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora