9. Brincando com fogo

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Rang havia se cortado, foi um corte superficial, mas ele desconfiava que não deveria sangrar daquele jeito, já tinha colocado duas vezes a mão debaixo da torneira, e por mais que pressionasse o sangue continuava a sair. Achou alguns curativos no armário do banheiro, colocou uma gaze e a prendeu com esparadrapo, não ficou muito bem feito, pois fez tudo com a mão esquerda. Ligou para o médico apenas para tirar a dúvida da sua suspeita, e como previsto, o médico havia aconselhado ele a fazer uns exames, porque poderia ser algum problema de coagulação no sangue.

Ele duvidou muito que fosse, na verdade isso já vinha preocupando Rang há algum tempo, teria ele um prazo de validade dentro daquele receptáculo? Ele desconfiava cada vez mais que sim, e não tinha nada que ele pudesse fazer no momento.

Foi até o balcão da cozinha e sentou no banco, ficou vendo a senhora Kang cozinhar, ela realmente fazia uma boa comida, não havia um prato que Rang não tivesse gostado. A mulher quando percebeu que ele a observava já perguntou se ele queria um pouco do kimbap, e imediatamente serviu um pratinho com alguns para ele. Assim que ele pegou, a senhora viu o curativo malfeito em seu dedo.

- Filho, o que foi com o seu dedo? Deixe o kimbap aí, vamos fazer esse curativo direito. - ao dizer isso, deu a volta na bancada e saiu puxando o filho pelo pulso.

Rang deixou-se levar pela mãe, sentir-se cuidado por alguém pela primeira vez. Sim, ele reconhecia tudo que Yeon já tinha feito por ele, mas todas as vezes Rang teve que provocar algo para que o irmão viesse. Ficou ali observando a senhora passar um remédio no pequeno corte e envolver o dedo com um curativo bem feito.

Na mesa do café da manhã, o senhor Kang falava bem animado sobre um caso que tinha sido bem resolvido no Tribunal, com um brilho nos olhos ele falava orgulhoso do trabalho, realmente gostava muito do que fazia. Se serviu de um de kimchi de rabanete, e assim que o filho se sentou na mesa junto com a mãe, começou a falar:

- Não tenha planos para sábado à noite, fomos convidados para um jantar de aniversário de uma grande colega dos meus tempos de escola. Chame a Yu-na para vir conosco. Inclusive, vocês já têm algum compromisso? Já estão juntos há bastante tempo...

Rang estava com a boca cheia de kimbap e quase engasgou, ao entender o que o senhor Kang estava querendo dizer. Até onde ele sabia, já estavam juntos há três anos e eram bastante íntimos, mas a família não fazia ideia de que o casal estava passando por uma crise. Então era totalmente normal, que questionassem quando eles iam dar um próximo passo, mas ele nunca se imaginou namorando alguém quanto mais tendo uma relação um pouco mais séria do que isso. Ele bebeu um pouco de água e deu um pigarro antes de responder.

- Estamos conversando, afinal, eu não lembro de nada do que a gente viveu. - certo dia, mexendo no computador, Rang encontrou uma pasta de fotos do casal, e pelo modo que se comportavam de forma descontraída e sem receios, ele tinha certeza que Jihoon a pediria em casamento. Mas a noiva não pensava do mesmo jeito, e Rang precisava saber o que exatamente aconteceu na noite do acidente, já imaginava, mas precisava fazer com que Yu-na dissesse.

- Faço muito gosto do relacionamento de vocês.

- Yeobo, nosso Jihoon está ficando vermelho, vamos parar com essa conversa. - disse a senhora Kang, e os dois ficaram sorrindo da cara que o filho estava fazendo.

Depois de toda aquela cena no café da manhã, Rang pensava em como fazer o que o senhor Kang havia pedido, Yu-na estava distante, e ele sabia a intenção, mas não sabia o por que dela tomar essa atitude.

Se Rang acreditasse em coincidências aquela seria a oportunidade perfeita para confrontar Yu-na e saber de alguma coisa. A garota estava parada em frente ao elevador próximo a entrada do Tribunal, sua baixa estatura a deixava com um ar mais delicado do que Rang achava que ela tinha. Usava um vestido que a deixava com um ar mais sério, combinando com o local em que estavam, e mesmo com os saltos médios que usava, quando ele se aproximou percebeu que ainda era bem mais alto que ela.

I'll be there: uma segunda chanceWhere stories live. Discover now