32. É tudo culpa do Rang

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[ 6 MESES DEPOIS]

Yeon olhava surpreso para o contato que aparecia na tela do seu celular. Depois de tudo que havia acontecido, ele não tinha mais recebido notícia alguma do submundo, e pensava que não teria, agora que havia se transformado em humano pensou tal gesto não aconteceria mais.

— Vovó!

— YA! — Taluipa grita no telefone. — É PRECISO EU TER QUE LIGAR PARA OUVIR NOTÍCIAS SUAS, SEU MOLEQUE?

— Mas humanos não...

— Eu fiz a regras desse lugar, Yeon. Preciso que você venha aqui, até o fim da tarde.

Antes mesmo de dar uma resposta a anciã, ouviu ela desligar. Ele olhou para a tela do celular e deu de ombros, se perguntando o que aquela senhora mal-humorada tinha para dizer.

Lee Yeon havia se recuperado de todas as suas lesões, e agora estava tentando se habituar a sua nova vida. De cara algumas coisas mudaram drasticamente: sentia mais fome que o comum, e seu estômago já não era tão tolerante a receber sorvete de menta com chocolate logo pela manhã, mas ás vezes ele ainda encarava, mesmo se sentindo enjoado depois. Além disso, tinha dias que não tinha pique para acompanhar o ritmo frenético de Mi-rae, e a noite já não conseguia ler com tanta clareza.

Mas para ele o mais difícil não era ter que lidar com as mudanças nele mesmo, e sim ter que aceitar a regra humana de que "as coisas acontecem e não há nada que você possa fazer". Um grande exemplo disso foi a filha que levou uma queda espetacular no parquinho, ele não foi rápido o suficiente para impedir que ela batesse no chão. Sabia que esse tipo de coisa aconteceria e não teria nada que ele poderia fazer, ele já não poderia mais salvar o mundo.

Agora ele estava aprendendo a ser mais cuidadoso, e isso era um grande desafio também, principalmente com Ji-ah, estava na reta final da gravidez e poderia entrar em trabalho de parto a qualquer momento. A ex raposa estava sempre por perto e não a deixava sozinha, ficava atento a cada expressão diferente dela.

— Você precisa de alguma coisa, amor? — Yeon perguntou pela milésima vez naquela tarde.

— Não, querido... Talvez só colocar mais um travesseiro nas minhas costas.

Nam Ji-ah estava levando a gravidez bem, na medida do possível, não teve mais sustos ao ponto de ter que ir ao hospital, grande parte disso era culpa de Mi-rae que todo mês dava um pouquinho de energia a mãe e a irmã com a supervisão do pai. Ainda assim, ela ficava grande parte do tempo na cama. Ela e Yeon estavam se preparando para ver um filme quando o celular dele toca.

— Alô? Sim, é ele. Ah... — a voz dele foi sumindo ao ouvir a senhora falando do outro lado da linha. — Eu estarei aí sim, não se preocupe.

— O que foi?

— Era da creche da Mi-rae, parece que vai ter uma apresentação e a professora quer falar algo sobre isso comigo. O filme vai ter que ficar para outra hora. Você quer que eu traga alguma coisa?

— Sim! Pés de galinhas apimentados. — Yeon assentiu ao ouvir o que a esposa disse e se despediu dando um beijo na testa dela.

Por sorte, tinha recebido o telefonema de Taluipa antes, e já tinha avisado a Yu-ri que precisaria dela. Assim, não tardou muito para que a raposa chegasse cheia de sacolas nas mãos.

— Yu-ri, desse jeito vamos precisar de mais um bebê para conseguir usar todas essas roupas. — Yeon disse antes de sair.

Ele dirigiu até a escola pensando no cenário que encontraria. A diretora foi bem específica ao dizer que a Mi-rae tinha causado problemas. Se perguntava o que poderia ter acontecido para que a filha fizesse algo na escola, teria ela usado seus poderes? E se tivesse, o que ele faria? Teria que convencer a diretora apenas com desculpas. Como ele ia contar isso para a Ji-ah...

I'll be there: uma segunda chanceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora