Epílogo

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[20 ANOS DEPOIS]

As coisas mudaram bastante depois de todos esses anos. Meu pais continuam sendo o mesmo casal amoroso de sempre. Minha mãe decidiu publicar uma coletânea de contos de terror, enquanto o meu pai, mesmo entrando na casa dos cinquenta ainda prestava consultoria para a polícia e deixava a minha mãe aos nervos. Agora ela estava bem menos paciente. Algumas vezes eu já o peguei dormindo no sofá.

Ma-rin estava no ensino médio, representante de turma, era o primeiro lugar em tudo que se propunha a fazer, ela nunca entrava numa batalha para perder. Pensava em prestar vestibular para jornalismo, queria apresentar um programa de tv, como a mamãe.

Soo-ho prestou exame para a policia. Desde criança quando conversávamos ele dizia que gostaria de ser um super herói e salvar o mundo como o meu pai, o tio Rang. Assim, decidiu ser o super herói das ruas, seu desempenho na delegacia que trabalhava era espetacular, e em pouco tempo foi promovido para detetive. Agora ele cuidava de casos mais perigosos, ele sempre compartilha comigo as dificuldades e maravilhas das investigações.

O tio Shin-joo e a tia Yu tiveram uma crise que durou dez anos. Chegaram a morar em casas separadas por um tempo, mas depois que o tio se machucou feio ao lutar com um urso numa trilha, ela o trouxe de volta para morar com ela. Eles fizeram uma viagem para a Rússia, iam ver se conseguiam achar algum parente ou descendente da família dela. Não acharam ninguém, mas voltaram com o sonho deles realizado: tia Yu-ri estava grávida, de gêmeos!

Quanto a mim, bom, estava fazendo faculdade de história coreana, era um curso bom e eu poderia falar mais abertamente sobre criaturas, lendas e mitos que para os humanos são apenas histórias, mas que para mim é o máximo aprender mais sobre encontrando-os por aí. Mas isso era uma parte que eu escondia completamente dos meus pais. Se Nam Ji-ah ou Lee Yeon soubessem que eu saía a procura de criaturas por aí, não sei o que seriam capazes de fazer comigo. Ainda bem que eu tinha Ma-rin, Soo-ho e o tio Rang para me dar cobertura. Além da vovó. Taluipa sempre me mandava alguns casos para eu ir atrás, em troca disso, ela me ajudava a descobrir mais sobre o meu dom, e saber usá-lo ao meu favor.

Já o tio Rang... agora posso dizer que ele está bem. Apenas no aniversário de morte da Yu-na que ele ficava bastante melancólico, e era difícil animá-lo. Como agora, antes de ir atrás do que a vovó tinha me pedido, fui encontrar com ele. Tinha tido um sonho, não consegui descobrir quando aquilo aconteceria, mas só de saber que aconteceria já era motivo para eu ficar feliz.

Era plena primavera e o tio Rang andava por uma rua bastante movimentada, quando uma mulher deixa o lenço cair. Ele voa até o pés do tio Rang, e quando ele pega em suas mãos sente o perfume característico para ele. Até que uma moça vai ao seu encontro em busca do lenço perdido. Era ela.

Não eu não iria contar todos os detalhes, eram uma das instruções de Taluipa, falar dados demais poderia interferir e o que aconteceria naturalmente poderia nem acontecer. Assim, o encontrei num píer olhando para o rio, ao seu lado tinha uma quantidade considerável de garrafas de soju vazias.

— O que veio fazer aqui, pirralha?

— Vim dizer para você parar de ser um bebum.

— Mas eu não faço isso sempre... — a ficha dele foi caindo aos poucos. — Quando?

— Não sei dizer, assim como pode ser nessa primavera, pode ser na primavera daqui há 70 anos. O fato é, vocês vão se reencontrar.

— Ah, que ótimo. — Rang revirou os olhos bebeu de uma vez o conteúdo restante da garrafa.

— Bom, quis fazer você tentar se sentir melhor. Agora eu vou indo.

— Ele sabe que você pegou?

— O quê? — perguntei, e o tio apontou para o guarda-chuva que ela carregava nas costas.

— Não. Mas ele vai.

Assim me despedi do tio Rang e fui em busca do que Taluipa havia me pedido. Senti as gotas de chuva começarem a cair e vários guarda chuvas se abriram na rua. Passaria completamente despercebida se não fosse por um detalhe: eu estava com um guarda-chuva vermelho.

Aquele guarda-chuva vermelho.

FIM.

I'll be there: uma segunda chanceWhere stories live. Discover now