Capítulo 49

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Luna pov. (🛑)

Sábado que foi meu aniversário foi um dia tão bom, tão espetacular. Eu nunca fui de comemorar aniversários por conta da situação financeira dos meus pais e depois que eles finalmente poderiam bancar alguma coisa legal pra mim, eu já não queria mais. Depois não tinha mais amigos para chamar para uma festa e depois não tinha mais graça comemorar um dia que não era feliz.
Mas eu costumo dizer que Deus escreve certo por linhas mais certas ainda, Ele não falha nunca. E vendo tudo que eu passei, resolveu colocar pessoas incríveis na minha vida que tornaram um dia tão entediante como um dia bom novamente.

E meu domingo também foi muito bom, minha mãe chamou toda a família para almoçar lá e dessa vez foi ótimo. Comemos a deliciosa comida da minha mãe e até minha sogra e avó de Miguel foram convidadas. O clima estava ótimo, a comida mais deleciosa ainda. É muito bom pertencer a um lugar que você se sente bem.

Mas hoje é segunda feira e estou de volta à toda aquela correria de faculdade e estágio.

Chego na faculdade e encontro Bia sentada em uma mesa sozinha olhando fixamente para o celular. E antes de me aproximar dela, Júlia e Marcus passam por mim e nem se dão ao trabalho de me comprimentar. É extremamente estranho ver pessoas que já fomos muito próximos se tornarem apenas estranhos.

Luna: Amiga, tá tudo bem? - Me sento ao seu lado

Beatriz: Sim, tudo ótimo. Mas digamos que eu esteja um pouco surpresa.

Luna: Com o que? - Ela me estende o celular em que o WhatsApp está aberto na conversa com o João, meu irmão. E na mensagem ele diz que está sentindo algo a mais por ela. - Uou, por essa eu também não esperava.

Beatriz: Ele não falou nada com você? - eu nego com a cabeça - E o que eu falo pra ele agora? Me ajuda, Luna. Eu estou nervosa

Luna: Calma, bi. - seguro sua mão que está por cima da mesa - João é um rapaz maduro e vai entender se você não sentir o mesmo que ele. Mas você não seria uma pessoa ruim se desse uma chance de o conhecer melhor

Beatriz: Desde o dia em que fomos no barzinho perto da minha casa, nós passamos a conversar todos os dias. Ele se mostrou um grande amigo e esteve comigo e todos os momentos desde que começamos a criar um laço.

Luna: Mas você só o vê como amigo? - ela assente - então seja sincera com ele, Bia.

Beatriz: Sincera? Chegar na lata e falar que só gosto dele como amigo? Tenho medo de o magoar, Luna.

Luna: Isso não é você quem decide. Sempre diga a verdade e ele decide se vai magoar ou não. Isso se chama responsabilidade afetiva. Não é sobre você ser recíproca, mas sempre ser clara sobre o que sente.

Beatriz: E se a minha verdade fosse que não sinto o mesmo ainda, mas estou disposta a tentar alguma coisa? - ela aperta os lábios

Luna: Pois então, vai em frente! Só sempre seja verdadeira

Beatriz: Você tem certeza que não quer seguir psicologia? Teria futuro

Luna: Tenho, vou guardar meus conselhos pra você - nós rimos e sinal toca - Agora pra sala, mocinha.

Beatriz: Obrigada por sempre estar aqui, te amo! - eu a abraço rapidamente.

Luna: Sempre estarei, de uma forma ou de outra. Te amo - ela me olha confusa e eu apenas saio andando - Bora, pra aula!

Chego na minha sala de aula e sento no meu lugar. Desde que acordei estou com um aperto muito forte dentro de mim, não é um pressentimento. É uma angústia pós crise de ansiedade.

Ontem eu dormi no meu apartamento e tive uma crise de ansiedade muito forte. Sim, mesmo depois de um final de semana incrível os meus monstros não me deixaram sozinha.

E algo dentro de mim me diz que eles nunca irão me deixar, independente do tempo ou circunstância. Só que é extremamente ruim você viver pisando em ovos com medo de encontrar um gatilho que ative todas aquelas crises dentro de você.

Eu não aguento mais ter de conviver com essas crises constantes que acontecem em qualquer lugar, em qualquer hora e que só me tiram a vontade de viver.

Não é fácil levantar da cama todos os dias, vestir a capa da mulher maravilha fingindo que está tudo bem sendo que não está nada bem. Sempre terá algo na minha mente que irá tirar o meu sono, me trará preocupações e com elas a ansiedade vem e faz o que quer de mim.

Eu me sinto uma marionete da ansiedade. Estou a todo tempo sendo controlada por ela, ou seja, ela faz o que quer de mim sempre. Ela que diz quando eu vou ficar bem ou quando vou estar mal. A máscara se tornou uma coisa mais real do que o esperado, eu a coloco todos os dias só para que as pessoas pensem que está tudo bem.

Olho para o colar que Miguel me deu no meio daqueles mil presentes e a lágrima que eu tanto estava segurando cai. Acho que já perceberam que eu sou uma pessoa chorona.

Na Odontologia eu me encontrei, desde descobri o que era dentista eu soube que era exatamente aquilo que eu queria pra minha vida. Mas hoje nem isso faz mais sentido, nada tem sentido para ser mais verdadeira.

Eu tento olhar para a minha futura profissão, para os meus amigos, para a minha família, para o meu namorado e colocar na minha cabeça que não vale a pena desistir de tudo por conta de um sentimento ruim. Mas eu já não consigo enxergar nada a minha frente, pra mim já não há mais esperança.

É duro dizer, mas a minha vida já não tem mais razão. E com isso eu tomei a minha decisão mesmo tentando correr dela com todas as minhas forças. Eu tentei, lutei, mas eu não consigo mais conviver com isso.

Eu tô cansada de tentar, tentar, tentar, tentar e nunca conseguir. Minhas insistências não tem mais resultado. Parece que eu estou fazendo broa extra em um lugar que nunca me pertenceu.

Professor: Turma, a aula se encerra por aqui. Nós teremos um obra na faculdade e por isso os cursos estarão dispensados até semana que vem. Aproveitem esse tempo para colocar as matérias em dia e nós nos vemos na segunda. Se cuidem!

Eu percebo que passei mais de quatro tempos de aula só pensando na minha vida. Essa era a resposta que eu precisava, vou fazer essa última semana valer a pena. Não por mim, mas por você.

Penso olhando para a foto na minha tela de bloqueio que sou e Miguel... Pego minhas coisas e saio da sala



























Até aqui eu alternei os pontos de vistas entre Miguel e Luna. Agora em diante será meio aleatório e digamos que iremos dar um foco a mais no ponto de vista de Luna. É algo necessário para o enredo da história.

Aviso de amiga: preparem os lencinhos! 💣💣💣

Até o próximo capítulo, amigos 💖

por você Where stories live. Discover now