Capítulo 35

5.7K 362 27
                                    

Luna pov.  (🛑)

Eu tô morta de cansada, mas ainda tenho uma madrugada inteira de estudos. E eu achava que a faculdade de Odontologia não seria tão difícil.

Já estou no meu quarto copo de café pós começo de estudos para lutar contra o meu sono e me manter acordada. Todos os semestres e períodos são assim, mas eu não me acostumo nunca!
Não tem nada melhor do que dormir e só de pensar não irei domir direito até as provas acabarem, eu já fico triste. Essa é a luta do universitário.

No meu quarto, a minha escrivaninha fica de frente para minha janela e daqui eu tenho uma visão bem privilégiada da rua. Em um momento de distração, eu olho para rua e vejo uma pessoa muito bem conhecida por mim caminhando tranquilamente pela calçada, com roupas pretas e um boné igualmente preto. O cara olha para minha janela e em um ato impulsivo, eu levanto da cadeira e saio pelo apartamento fechando todas as janelas e me certificando que a porta estava trancada.

Vocês que pensaram que seria Bernando, estão enganados. É o meu vizinho, o meu abusador.

Será que ele sabe que eu moro aqui? Como ele me achou?

O pânico toma conta do meu corpo inteiro, minhas mãos tremem e soam muito. Em um ato de desespero eu ligo para Miguel, eu preciso dele aqui comigo.

Ele não atende de primeira e isso me desespera mais ainda. Mas logo ele retorna a minha ligação e avisa que está vindo até mim.

Poucos minutos depois eu ouço batidas fortes na porta e meu coração acelara com medo de quem pode estar atrás dela.

Miguel: Luna, é o Miguel. Abre aqui - Corro para porta e o abraço já chorando - Meu amor, o que aconteceu?

Ele entra comigo em casa, e eu tranco a por porta por precaução. Vou até Miguel e o abraço novamente chorando nos braços da pessoa que mais me traz segurança no mundo todo. Esse homem me tem e nem sabe.

O desespero e o medo ainda correm por minhas veias, mas ter Miguel aqui comigo acalma meus ânimos.

Miguel: Luna, o que aconteceu? Eu estou preocupado e só posso te ajudar se você me disser o que houve.

Luna: Eu tenho... tenho medo - cubro meu rosto com minhas mãos chorando e tentando criar forças para contar tudo que aconteceu a Miguel

Miguel: Eu não estou aqui pra te julgar, nem te machucar. Só quero te ajudar, mas você precisa ser sincera comigo. - Ele segura minhas mãos, como em todas as outras vezes, na tentativa de me encorajar.

Luna: Miguel, eu fui abusada.

Miguel: Sim, eu sei o que Bernardo fez com você e nós já estamos cuidando disso. Já já ele será preso, fica tranquila.

Luna: Não, eu fui abusada de verdade. A história com o Bernardo, por mais que por lei seja considerado abuso, foi uma tentativa. - eu olho no fundo dos olhos dele e sua expressão já mudou completamente. Ele tem raiva no olhar - O homem que abusou de mim, era meu vizinho. Na época meus pais ainda eram casados e obviamente, nós morávamos juntos. Além de vizinho, ele era um amigo querido da minha família. Existia confiança entre nós.

Miguel: Como aconteceu? - eu sinto frieza em suas palavras

Luna: Eu estava voltando de uma festa que fui com alguns amigos, mas na hora de vir embora, eles não puderam vir comigo. E como eu não queria acordar meus pais por ser muito tarde, eu optei por ir sozinha mesmo. Foi então que ele me agarrou na rua e me estuprou. Naquele dia ele não tirou apenas minha virgindade, ele tirou minha pureza, minha inocência, minha alegria e minha vontade de viver. Ele acabou com a minha vida! - Miguel me puxa para um abraço - Eu tinha só 17 anos.

Miguel: Porque não denunciou? Já tinha desenvolvido aquele medo de delegacia?

Luna: Não, ele também foi o culpado disso. Eu sofria por parte dele, grandes e constantes ameaças a mim e a minha família. Até pensei em contar para minha mãe, mas no mesmo dia ela veio desabafar sobre alguns problemas que estava tendo com meu pai, então eu desisti de falar alguma coisa. - eu respiro fundo e continuo - Eu fui até a delegacia porque não estava aguentando mais todas aquelas ameaças e todo medo que me consumia, mas ao chegar lá eu o encontrei. Pois é, ele trabalhava na delegacia e eu não pude fazer nada. Eles nunca acreditariam em mim.

Miguel: Ele soube que você foi a delegacia?

Luna: Sim, ele me viu lá e no mesmo dia entrou no meu quarto pela janela, enquanto meus pais estavam fora, e abusou de mim novamente. Ele abusou de mim e me bateu muito. Eu carrego marcas até hoje - eu estendo meu braço e mostro minhas pernas onde são visíveis alguns hematomas que estão há anos ali e pelo jeito, nunca irão desaparecer.- Eu te liguei porque enquanto estudava em meu quarto, eu o vi passando em frente ao meu prédio usando roupas pretas e boné preto também. Será que ele está atrás de mim?

Miguel: Luna, eu ainda estou digerindo essa história toda.

Luna: Se você não acreditar em mim, tudo bem. Eu vou te entender.

Miguel: Eu acredito totalmente em você e não te culpo por nada, estou apenas tentando controlar a raiva que está sobre mim. Não consigo acreditar que alguém que trabalha envolvido diretamente com casos assim, pode cometer um crime nesse grau. Por mais que, infelizmente, seja algo que eu presencie com constância no trabalho, eu não consigo entender!

Luna: Não dá para entender... - As lágrimas descem por meu rosto, as imagens de tudo que aconteceu passam repetidas vezes em minha mente. E o pensamento de que ele está atrás de mim, me assombra e me causa calafrios.

Miguel: Deixa eu te abraçar até que cada pedacinho do seu coração se junte novamente. - Ele encosta no braço no sofá e eu me aconchego entre suas pernas o abraçando - Luna, eu não sei quem fez isso com você. Mas eu vou caçar esse cara até no inferno se for preciso. Eu te prometo isso.

Luna: Obrigada por esse cuidado comigo e também por acreditar em mim.

Miguel: Eu tô fechado com você até o fim de nossas vidas, princesa! - Ver ele me chamando com esses apelidos carinhosos faz meu coração bater mais forte - Eu vou lutar com você e vamos vencer isso juntos.

Eu o beijo e e nossas línguas dançam em uma sincronia inexplicável. O nosso beijo se completa.

Luna: Eu quero ver ele preso!

Miguel: Se não for preso, vai ser morto. E eu farei o possível para ser o responsável pelos atos, seja morte ou prisão. Eu tenho nojo desse tipo de gente e me dói mais ainda pensar que ele fez isso com você - Ele alisa meu rosto e eu fecho os olhos sentindo o carinho - Como você é forte!

Luna: Não sou forte, eu tento ser. Existem pessoas que eu não quero decepcionar, e é por elas que eu ainda estou aqui.

Miguel: Você é forte pelo simples fato de ter escolhido tentar - Ele me beija novamente - O que acha de passar a noite no meu apartamento hoje?












Capítulo dedicado a Jenni2548 que marca presença nos votos e nos comentários sempre! Gratidão💖

obs: Se o nome não aprece é porque provavelmente você está lendo no modo escuro. Mude a cor rapidinho para facilitar ou só clica em cima do espaço preto que o nome aprece.
Beijo e bebam água!

por você Où les histoires vivent. Découvrez maintenant