Capítulo 57

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Luna pov.

Saio do abraço com as pessoas mais importantes da minha vida, mas sinto falta do menino que a salvou. O vejo andando pela orla e quando eu vou até lá, sou impedida

João: Ele precisa de cinco minutos, daqui a pouco você vai lá. - ele diz e eu assinto - Desculpa, mas eu preciso perguntar

Luna: Perguntar o que?

João: Foi premeditado?

Luna: Sim, foi. Eu já tentei algumas vezes, mas assim como essa, foram tentativas frustradas. Nas outras vezes foi no calor do despero, já essa eu realmente planejei.

João: Se não se sentir a vontade pra falar agora, eu entendo

Luna: Eu preciso. - ele assente e eu entendo que é para prosseguir - Durante a última aula da semana passada, que foi na segunda feira, eu comecei a pensar na minha vida. Sempre muito grata pelas pessoas e pelas coisas boas ao meu redor, mas eu sentia que já estava fazendo hora extra aqui. Me sentia um fardo para vocês, fora toda dor que existia dentro de mim. Diferente do que o mundo fala por aí, nenhuma dor é mimimi. Depressão, ansiedade, bordeline, o que for, machuca as pessoas de verdade. E saber que isso não tem cura, é como lutar em vão. E eu me sentia assim, mesmo em um dia feliz, eu não estava plena realmente. Sempre faltava algo e eu procurando esse algo, que eu não sabia o que era, me causava ansiedade e então chegavam as crises. É péssimo conviver com algo que não tem fim.

João: Eu te entendo, Luna. Entendo de verdade, eu tenho depressão e transtorno de bipolaridade - por essa eu não esperava - Eu também já pensei em cometer suicídio, mas nunca tentei de fato.
Mas eu reagi. Eu não queria apenas existir, eu queria viver. Então eu procurei ajuda médica, já fazem dois anos que eu faço terapia e além de me ajudar em todos esses probelmas psicológicos, eu tenho me conhecido de verdade. Aprendi que dizer não, não é errado. Aprendi a impor limites e a respeitar os meus próprios limites. Fora que também tenho aprendido a lidar muito com meus sentimentos. Eu também tomo medicamentos. Obviamente não estou curado, pois como você disse, não existe cura. Mas minhas crises, que quase nunca ocorrem, são leves e eu consigo controlar.

Luna: Eu não fazia ideia, João. E eu aqui apenas focada na minha própria vida

João: Você estava focada nos seus problemas, não na sua vida. Faça terapia, é apenas uma hora por semana.

Luna: Irei fazer, de verdade mesmo. - Meu irmão segura minhas mãos.

João: Você é minha irmã e eu quero que conte comigo para todas as situações. Você não está sozinha, mesmo que se sinta assim.

Luna: Eu te amo e muito obrigada! - o abraço

João: Eu também te amo. Mas agora vai atrás do seu homem - eu rio pela forma que meu irmão se refere a Miguel e me. levanto indo atrás dele.

Vejo que ele agora está sentado perto do mar em uma distância maior do que tinha visto da última vez. Ando até ele e me sento ao seu lado.

Miguel: Desculpa sair andando, eu precisava de um tempo para pôr a cabeça no lugar.

Luna: Você está bem?

Miguel: Eu que deveria estar te perguntando isso, mas estou bem.

Luna: Miguel - Ele olha pra mim - Obrigada por não ter desistido de mim! Você enfrentou aquele mar revolto, mesmo que quando eu tenha acordado, ele estava totalmente calmo como agora. Você não desistiu de mim nem mesmo quando eu já tinha desistido.

Miguel: Te amar e te ter por perto me faz feliz e isso me fez ser egoísta ao ponto de não deixar você ir. Eu não quero e nem vou desistir de você. Luna, eu te amo e quero passar o resto da minha vida ao seu lado.

Luna: Eu te amo muito, muito, muito! - ele me beija

Miguel: Tenho que te contar uma coisa que não posso guardar só pra mim.

Luna: O que? - Pergunto realmente curiosa

Miguel: Quando eu te encontrei, o mar parece que estava ainda mais agitado. Era humanamente impossível eu te tirar de lá com toda aquela brutalidade do oceano. - Ele respirou fundo, sorriu aparentemente lembrando de algo e voltou a contar - Só que eu sempre ouvi você orando, mas eu nunca fui um cara muito ligado com isso. Mas ousei pedir a Deus que me ajudasse a te tirar de lá. E como em um piscar de olhos, o céu que estava totalmente fechado, se abriu com um sol lindo. O mar que estava totalmente agitado, se acalmou. E como pena, eu consegui te tirar de lá.

Ele termina de falar e eu estou completamente arrepiada. Me sinto cuidada por Deus!

Luna: Uau, me sinto tão amada e cuidada por Ele.

Miguel: Depois disso, eu não duvido disso. Acho que Deus também quer que você fique viva.

Luna: Eu também acho.

Miguel me puxa para um beijo, até que meu pai me nos interrompe nos chamando para irmos pra casa.
Decidimos todos irmos para casa da minha mãe, por que mesmo dopois de tudo isso, ainda era 08h da manhã. E eu sinto que precisava dormir.

Chegamos na casa da minha mãe, ela disse que irá assistir alguma coisa na TV e o resto do pessoal acabou por acompanhar. Mas eu só precisava dormir e Miguel me acompanhou nessa. Mas uma dúvida pairou sobre minha mente: Como Miguel sabia que eu estava lá?

Luna: Amor? - ele me olha deitado na minha cama - Como descobriu que eu estava lá?

Miguel: Apalpei a cama e não te encontrei, mas esbarrei da caixinha e naquela carta. Desci as pressas atrás de você, mas o porteiro me avisou que você tinha saído de uber há poucos minutos. Então liguei para João para ele entrar em contato com a sua família e me ajudar a encontrar você. Nisso fiquei desperado por tudo o que estava acontecendo, sentei o chão da portaria e desabei. Um homem entrou lá, mas eu não dei a mínima. De repente, o porteiro veio falar comigo e o homem atrás. Sabe quem era ele?

Luna: Não! Um anjo?

Miguel: Acho que devo chamá-lo assim. Mas era o uber - eu o olho incrédula - Ele disse que ficou incerto do seu destino e questionou a você se estava certo, porque aquele lugar era muito deserto, principalmente aquele horário. Então você disse que estava certo e tinha uma conhecida que morava lá. Mas ele me contou que o último lugar em que havia pessoas morando naquela praia, fechou na semana passada. O moço deve ter percebido a sua intenção ou nervosismo e veio procurar por alguém que te conhecesse.

Luna: Eu estou perplexa com tudo isso. Nunca imaginei essa hipótese.

Miguel: Pois é, mas agora vamos dormir. Porque eu e você precisamos descansar.

Me deito ao lado dele e me alinho ao seu seu corpo. Sinto seus braços me envolvendo e assim fecho os meus olhos adormecendo sabendo que aqui é o meu lugar.

por você Where stories live. Discover now