Capítulo 12 - Sthelari, A Rainha Das Valquírias.

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 Ryuujin estava incógnito. Imerso em todas as suas emoções e ilusões. Todas as palavras que Gaia lhe dissera provocaram o surgimento de uma escuridão tão profunda que a humanidade sequer poderia enfrentar nas mínimas possibilidades. Desejos que um dia jaziam adormecidos, acostumado com toda a gloriosa prosperidade que seu poder poderia proporcionar. Dessa vez, ele havia encarado um perigo real.

Em seu bioma, todos os seus equipamentos do zodíaco foram colocados em uso. Toda a tecnologia da humanidade mesclada com o poder biológico estava ali. Sua armadura estava dividida em várias partes, juntamente com seu elmo. Todo o equipamento se transformava em um tom negro, e sua modelagem era feita de neodímio e dracanis; capaz de se moldar e criar formas. Absorvia qualquer impacto nuclear e suportava pressões extremas abaixo da gravidade. Adaptados à atmosfera de Júpiter e banhados nas profundezas de Urano. Suas duas lâminas foram feitas a partir da presa de um draconiano Ancião.

Ele se vestiu e Ryuujin estava irreconhecível. Caminhava pelos corredores de Tomenta, Azartar estava presente ali.

— E o menino? Você se despediu como um guerreiro? —

— Sim — respondeu Ryuujin. Pensando em seu filho e no jogo de pega-pega simples que haviam feito sob o sol, afinal, Lucios ainda era uma criança. — Ele ainda está longe de me alcançar no pega-pega, mas eu lhe dei uma chance.

— Sempre misericordioso... 

Roran entrou na parte principal da Tormenta, sua nave já estava acoplada e conectada a ela. Mastigava um punhado de bolachinhas de uma bandeja de alumínio.

— Pela sua expressão, o que o imperador quis não deve ter sido algo bom. 

— Quando toda a equipe estiver reunida, irei relatar a missão. 

Agora, Ryuujin precisava reunir toda a sua equipe. Primeiro, teria que começar por Sthelari. Há muito tempo ela estava distante e perdida, não podia aceitar viver entre humanos, há muito tempo afastada em um planeta chamado Midga. Ele a encontrou pela primeira vez, segurando em seus braços sua família toda morta, e Ryuujin, depois de testemunhar o poder que seu corpo biológico era capaz de exercer.

  


Depois de um longo tempo, Sthelari se acostumara com aquela vida de batalhas que levava. Ela era uma guerreira valquíria de uma nobre raça do universo, capaz de viver por milhares de anos sem a necessidade de tecnologia. Há muito tempo, ela vivia entre os humanos. Agora, Ryuujin não tinha a menor ideia de onde ela estava. Ele precisaria procurar por seu sinal no universo.

— Roran, você sabe onde Sthelari está?

— Há muito tempo não a vejo. Mas ouvi rumores de que ela está trabalhando para o mercado de mercenários de Júpiter. —

— Júpiter... Era o mínimo que ela poderia fazer depois de eu ter ficado aposentado por tanto tempo. —

Roran parecia se perder em suas lembranças, quando passaram por um momento entre os dois que não terminou bem. Roran tentou se aproximar dela nos aposentos, buscando um relacionamento tranquilo. No começo, tudo estava indo bem, mas à medida que o romance crescia, as missões resultavam em discussões, e Roran acabou desistindo dos dois.

— Eu sei sobre o romance que vocês tiveram, e eu apoio. Foi o casal mais bonito que vi em tempos. Roran... você raramente dá uma chance à sua vida amorosa, quantos anos tem e nunca pensou em se casar? —

— Minha vida de solteiro é boa, você bem sabe. 

— Meu caso é diferente. Meu coração já pertence a outra pessoa. 

— Sim, talvez um dia ela melhore, primo. Eu espero que sim. 

— Você sabe o que a Matriz fez com ela. Agora, ela prefere viver nas camadas múltiplas da existência, em vez de viver em sociedade — disse Ryuujin em tom triste.

— Eu até poderia viver com ela, mas não conseguiria aceitar viver cercado por inteligência artificial o tempo todo. 

Roran começou a rir. — Você poderia introduzir outros jogadores, e vocês poderiam viver em outros mundos. 

— Eu sei, Roran. Já tentei isso. Vivenciei muitas vidas ao lado dela, e mesmo quando estou longe em meus sonhos, permaneço presente com ela. 

— A Starlight é diferente para aqueles que possuem o elixir. 

— Sim, estamos conectados a todo o universo — respondeu Ryuujin.

— Aquelas IAs são carregadas de sentimentos. Eu estava com Nagas buscando novas formas de codificar a origem da forma biológica que se inicia com o processo de IA, em sua busca pelo questionamento da vida. — disse Roran para Ryuujin, enquanto Azartar parecia ausente, como se as palavras carregassem significados tão distintos. — E então, a IA carregada de dor e programada pelos nossos testes demonstrou uma grande capacidade altruísta, e surpreendentemente, seu núcleo começou a irradiar. —

Ryuujin parecia surpreso — Um verdadeiro nascimento através do fluxo?

— Sim...

A Tormenta estava acoplada à nave de Roran, guiada pelo vento que começava no sul. A grande plataforma começou a decolar. Ao longe, outra nave gigantesca estava se preparando para voar. Raio-solar alcançava seus voos próximos à localização da Tormenta, enquanto a nave de Brahms se dirigia junto com ela. Ao chegarem ao local, outro Zodíaco que havia sido convocado para participar da missão estaria presente, o de Aquário.

Sua localização seria uma galáxia primitiva próxima de Andrômeda.

Mas antes, ele precisaria fazer três paradas para reunir sua equipe completa.

Lúcia estava com sua equipe completa, Jord, Magma, Lipe, Karlo e Magma, além de duzentos funcionários responsáveis por administrar a imensa espaçonave Thor, uma das mais poderosas e tecnológicas de todas as naves, contendo a arma primordial de Gaia: o martelo de Asgard.

Ryuujin tinha uma equipe modesta: Azartar, sub-comandante; Roran, mestre perito em medicina. Agora, ele precisaria encontrar os outros membros da equipe, totalizando dez integrantes.

Os humanos voluntários, que serviam como apoio em manutenção, engenharia, agricultura e infantaria, somavam cem pessoas. Todos eles estavam abaixo da hierarquia da equipe de Ryuujin.

Perdidos em uma estação em Júpiter, a Cidade de Platina...

— Sua recompensa vai me render bons Solaris! — gritou Sthelari para um Krak gelatinoso. Seus olhos eram marrons.

Então, vindo das sombras, um sussurro.

— Não perca tempo com esse ser imundo, tenho uma oferta melhor. 

Sthelari largou o Krak.

— Alguém que se esconde nas sombras, no mínimo merece sentir o peso de minha lâmina. — Então, essências azuis materializaram-se em sua arma, enquanto se preparava para atingir seu oponente pelas simples palavras. O cabelo platinado de Sthelari não parecia ameaçador, mas seus olhos carregavam traços de lobos famintos.

— O poder das valquírias! 

— Eu estava procurando por você, Sthelari, e tenho uma oferta para lhe fazer! Muito melhor, muito melhor do que a simples recompensa por esse estúpido Krak. O crime que ele cometeu contra os jupiterianos daquele vilarejo não pode passar impune. —

— Você está certo. 

Em seguida, a lâmina de Sthelari perfurou a garganta do Krak.

— Agora, me diga sua oferta, ou lhe darei o mesmo destino. 



Zodíaco - SingularidadeWhere stories live. Discover now