Capítulo 82 - Punição dos Deuses

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No planeta Arbri, onde AIDA estava estabelecida, ainda ecoavam os gritos daqueles que lutavam para sobreviver e escapar. Seu objetivo inicial era purgar o planeta de toda vida. Suas flâmulas tocavam o solo, onde estavam infestadas por longos tubos que sugavam as partículas de sua fauna e flora, junto com todo o seu DNA. As sirenes do alerta haviam cessado, pois aqueles que controlavam seus sinos já haviam sido capturados. Logo, um silêncio avassalador se abateu sobre o planeta, dominando as regiões que outrora abrigavam vida e beleza esplêndidas. O propósito de AIDA permanecia desconhecido, mas, como todas as informações dos monarcas do abismo eram visíveis para Gaia, sua insaciável sede pela vida era reconhecida. No entanto, manter os cativos envoltos em membranas permanecia um mistério.

 Tuhuh despertou de seu sono ao perceber que um dos tubos de AIDA não o conectava. Seus olhos se abriram lentamente, enquanto seu coração batia acelerado. Ao observar centenas de pessoas de seu planeta presas em tubos, ele sentiu suas forças se esvaindo, como se toda a sua energia tivesse sido drenada. Inicialmente, tentou encontrar uma saída na região onde os remanescentes estavam enfileirados e conectados por tubos. O chão era viscoso ao toque, com cores tão brancas e tonalidades roxas que seus olhos ardiam com seu brilho. Ele caminhou lentamente por um estreito caminho, buscando uma saída, sem perceber que um dos buracos se abria como as brânquias de um peixe para respirar, lançando-o em um abismo em direção ao solo de seu planeta. A queda foi aterrorizante e, diante da visão daquela criatura colossal, ele desmaiou antes de tocar o chão.

 Trenah, envolto em um longo roupão que alcançava seu pescoço, com cores marrons combinando com as sardas em sua testa, residia em um dos templos de seu planeta. Colocou seu colar após um longo processo de meditação. Ele desejava entender por que os longos tentáculos não o haviam atingido inicialmente. Muitos de seus companheiros do templo foram capturados, restando apenas Trenah, Proheh e Temehris. Eles meditavam incessantemente, mantendo sua fé em seus princípios ao perceber que não haviam sido capturados.

  Seu planeta estava à beira do colapso. A entidade que sobrevoava seu mundo era resplandecente; próximo à montanha, era possível discernir uma face semelhante à dos habitantes, mas transcendental, inexplicável, com longos cabelos brancos que desafiavam a gravidade. Seus imensos olhos observavam o planeta, emitindo um brilho auroral refletido pela estrela Wolf 359. Apesar de estar na jurisdição de Leo, muito próxima de Alpha Centauri e, portanto, tão perto de Gaia.

 A primeira nave Classe Alpha Destroyer estava se aproximando da fronteira com a estrela Wolf 359, quase alcançando a distância interstelar do sistema solar, sendo puxada pelo campo gravitacional do sistema.

Naquele momento, uma esperança surgiu para os habitantes de Arbri.

Trenah estava preparando o almoço do dia.

— Hoje teremos rabanetes de triozi, acompanhados de acibi, regados com o molho de ostra de janaith.

Proheh o encarou e se aproximou, beijando-o no rosto.

— Você sempre tão dedicado em cumprir suas tarefas para agradar a todos. Temehris está cuidando das crianças, Lui e Suh, as únicas que encontramos no vilarejo.

Trenah serviu em um prato feito de madeira roxa, colocando uma porção para ele, sentado diante de uma mesa com tons mais suaves de roxo.

— Não sabemos quando será nosso momento, mas quando chegar, teremos uma refeição deliciosa — disse Trenah, com um sorriso. Seus olhos de cores púrpura, sua pele suavemente branca tingida de roxo, e seu rosto, muito semelhante ao humano, mas com variações de cores. Seus cabelos longos e escuros, tingidos de um roxo profundo, brilhavam sob a luz intensa.

A luz de Wolf tingia a atmosfera de roxo, criando um céu todo em tons de violeta, com nuvens brancas. Por isso, observar AIDA era fácil para os cidadãos, já que sua aparência era de um branco platinado, com detalhes que pareciam nuvens, mas que se revelavam parasitas quando tocados por seres vivos.

— Trioh e os outros viajaram para suas cidades natais em busca de segurança. Ainda não temos notícias deles. Estamos em uma situação complicada, sem entender por que ainda não fomos arrastado por aquilo — disse Trenah, enquanto provava a sopa que havia preparado, pensando que o sabor estava tão bom quanto antes.

— Deus nos deixou aqui por um motivo, seu anjo nos deixou aqui com um propósito, para aproveitar o que resta. Apesar de não termos mais alimentos, o templo nunca esteve tão cheio de comida — comentou Proheh.

— Sim, comida... mas e vida, onde está? Antes tínhamos muitos fiéis e pessoas boas. Aquilo não é divino — exclamou Trenah. — Além disso, não acredito que seja enviado por nosso Deus sagrado Artoris. Não há menção de uma criatura semelhante em nossas escrituras.

— Não se engane, há sim um sinal, e a passagem é em Termonioh 88883:333: "No véu da noite, quando tudo estiver caindo, ele virá como uma chama de luz intensa, diferente de tudo que vimos e conhecemos, sempre visível como o véu do céu e do dia púrpura."

— Há muitas contradições nessa citação. Se ainda pudéssemos pensar, poderíamos descobrir o que está por trás dos mandamentos, mas isso nos foi tirado quando éramos crianças.

— Pare com isso, Trenah. Você está questionando nossa missão para Artoris. Temos que ser purificados de nossos pecados. Se perdemos nossas dúvidas, foi por um bom motivo.

Zodíaco - SingularidadeWhere stories live. Discover now