Capítulo 49 - Garras de Sangue.

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 Sua mão se contraiu, as unhas alongando e se afiando em garras. Brahms dominava um profundo conhecimento sobre os Seker, considerados uma subespécie dos Eterianos que não passavam de vermes, uma escória que rastejava pelo cenário político. Viviam sob um regime ditatorial, servos leais de Bozonari, buscando expansão por meio da brutalidade, especialmente aqueles que haviam se fortalecido com os Vorgs. Ele havia prometido não interferir nas políticas do planeta sem a aprovação de Gaia, mas diante da iminente destruição desse mundo, ele finalmente se permitia soltar as amarras.

Uma onda de raiva incendiou seu interior. Como aquele planeta, à beira da sua extinção, podia continuar tolerando tanta crueldade? A visão dos Seker lhe causava desprezo, uma sensação de nojo pela sua natureza e pelas suas ações repugnantes. Seu desejo por justiça e vingança pulsava como uma chama selvagem, alimentando sua determinação de eliminar essa infestação de violência.

No entanto, Brahms também sabia que essa tarefa não seria desafiadora. A criatura diante dele, embora irracional de todo o seu poder, parecia forte e poderosa, mas para ele somente via vulnerabilidade, erros de postura, aberturas invisíveis que seus olhos já capturaram, um golpe e já estaria tudo acabado.

  Esses Vorgs, se tornaram um empecilho no cosmos. Sua nave já havia sido limpa de toda sujeira semelhante aos Vorgs e agora esse planeta também enfrentaria sua ira. Mas a ironia da situação o atingiu: acabar com alguém que absorveu a essência dos Vorgs parecia quase trivial. Ele esperava um desafio maior, algo que testasse seus limites.

O objetivo maior ainda estava à frente: a libertação de Larissa de seu sono profundo no momento certo, sentia que algo grande estava por vir. O Tiro de Gilgamesh, aquela entidade, ou melhor, Leziaraatã. Essa busca incessante de poderes e maravilhas cósmica era sua verdadeira paixão, mas a incerteza pairava no ar. Se tudo saísse errado, se o plano não desse certo, ele teria que enfrentar essa possibilidade sombria. No entanto, sua determinação persistia, alimentada por um misto de raiva ardente e a crença inabalável de que ele poderia fazer a diferença..

Suas mãos estavam com suas garras afiadas como lâminas, suas veias visíveis. O tigre marrom tentou atacá-lo por cima, como um predador silencioso. Mas Brahms se virou e encarou-o com tamanho poder e exuberância que o tigre marrom fugiu rosnando. Os soldados Seker que estavam juntos começaram a atirar. Brahms pulou como um predador alfa, atacando um por um, atingindo seus peitos e arrancando seus braços. Restaram apenas um, outros que começaram a correr em direção ao arco curvado, que levava à saída do vilarejo, fugiram desesperadamente. 

Jalios se aproximou de repente, percebendo o confronto há alguns minutos. Agarrou um dos soldados com seus tentáculos de metal.

Veneta começou a chorar e implorou por sua vida. — Eu posso te dar todo o oganossonio, todo o plutânio neutro azul. Aqueles cristais não me servem. Tenho um estoque deles. Você poderá viver rico para sempre, eu te pago, mas seja meu. Lute como um súdito de Seker, vem para nosso lado!

— Senhor, este aqui já é suficiente para descobrir a localização deles.

— Obrigado, Jalios. Este me enojou.

— Eu... — antes mesmo de Veneta terminar, Brahms arrancou sua cabeça do corpo.

Agora, em um galpão onde guardava os suprimentos da casa de Timoti o tempo passou mais devagar, a essência das estrelas, com o luar das luas abrangentes de suas tonalidades azuis destacavam as casas maravilhosas dos habitantes de Dakra em uma tranquilidade e plenitude.

Jalios extraía informações do Seker, com seus tentáculos penetrando seu neurocórtex pelas costas. A consciência de Torki esvaía, fugindo para outras flutuações das camadas da matriz. Distante, talvez para uma nova chance de encontrar um novo propósito.

— Informações recebidas. A noroeste daqui, a apenas duzentos quilômetros de distância, Jade está presa. Senhor, junto com Valerian. Pela minha informação, ele conseguiu absorver um Vorg de nível neutron. Duas vezes de uma só vez. Talvez, extraindo a consciência de Valerian, eu possa descobrir mais sobre a anomalia que invade a Regulus X, restabelecendo assim a conexão com Starlight. Será uma ideia melhor nos juntarmos com os outros.

— Talvez assim possamos salvar este universo, e é claro, também o nosso— concluiu Jalios.

Torki não aguentou a próxima extração. Sua pele, que era azul, e seus olhos verdes se perderam. Nem todos os Seker absorveram os Vorgs e ficaram com a pele negra e com formas anormais pelo corpo.

No próximo dia, a missão de resgate estava estabelecida.

Naquela noite, Brahms se divertia com Meretra, deitado sobre seus três seios, passando as mãos por sua cintura fina que formava curvas. A pele azul do Eteriano proporcionava sensações agradáveis. Brahms, tão pequeno comparado a esse gigante, experimentou um orgasmo tão profundo que começou a sentir dor em sua pélvis.

— Talvez assim, tenhamos trazido ao mundo mais um filho — murmurou Meretra, sua voz carregada de expectativa e um leve toque de melancolia.

Com passos lentos e contemplativos, Brahms dirigiu-se à sacada de seu prédio, um refúgio privado acima das luzes da cidade, onde se abria um panorama de estrelas distantes. Acendeu uma palheira com Maharinu, uma espécie de planta alucinógena que oferecia uma fuga temporária da realidade.

Brahms soltou a fumaça lentamente, observando-a se dissipar no ar noturno, onde se entrelaçava com as constelações. — Tantas luzes, tão distantes e pequenas... Nesse microcosmo de estrelas, na Starlight, tudo parece tão igual. Fico imaginando se tudo isso é tão irreal quanto parece. Será que este lugar, assim como nosso mundo real, é apenas uma camada de outros universos, uma sobreposição de realidades? 

"Ah, esses pensamentos que nos atormentam, levam-nos à beira da insanidade. Já experimentei essa agitação antes, recordo-me vividamente. Foi naquele intricado mundo gerado por Sthelari, uma matriz onde tudo era possível. Uma cidade efervescente, bares repletos de risadas efêmeras. Tentar manter a normalidade era um desafio que pouco me cativava. No entanto, o multiverso, vasto e insondável, desdobra-se diante de nós, um espetáculo de grandiosidade indomável."

Meretra, confusa diante das palavras enigmáticas de Brahms, segurou-o delicadamente e ergueu-o em seus braços fortes. Ele fechou os olhos e envolveu-a com um abraço, sua cabeça repousando sobre o ombro dela. Um suspiro escapou dos lábios dele, carregado de um misto de sentimentos.

— Às vezes, Brahms, suas reflexões me levam para lugares profundos e desconhecidos. Você tem essa habilidade de questionar o mundo ao nosso redor de uma maneira que eu nunca pude compreender completamente. Mas eu sempre estarei aqui, ao seu lado, mesmo quando a realidade parecer escapar entre nossos dedos como a fumaça que se dissipa no vento. Seja irreal ou não, este momento é nosso, e nada pode tirar isso de nós.

Zodíaco - SingularidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora