Capítulo 19 - Rios de Sangue, A Ira dos Taurus. - A carta de Platina.

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  Sairos, comandante da guarda real de Karhar, estava diante de Helias, o primogênito de Platina. Helias, agora com duzentos anos de idade, um adolescente ainda, começou a ler a mensagem que sua mãe lhe havia deixado.

''Foi difícil me despedir de Draha, aquele Taurus de pelos rosas sempre me deixou ansiosa com todas as possibilidades que eu poderia encontrar no universo. As naves estavam prontas, depois de muito tempo de aperfeiçoamento em busca de novas tecnologias, conseguimos extrair de nosso planeta uma substância capaz de fazer dobras no espaço com mais velocidade.

No começo, as agências não acreditavam que um dia seríamos capazes. Agora, como uma das principais capitãs, por tudo que fiz por este planeta, com a minha descoberta, graças à tecnologia de manipulação de RNA, podemos evoluir. Muitos me consideram sua rainha, mas não é isso que eu quero. Não quero poder, nem glória, nem nada disso. Só quero ver todos felizes. As outras raças, aqueles que estiveram próximos de nós, poderiam evoluir também. Eles foram os Canideos; demos essa chance pela proteção que deram para nossos bandos em tempos primitivos. Mas outras raças não sobreviveram, passamos por um período difícil chamado de Ventos Solares Selvagens, no qual muitas raças foram extintas em nosso planeta, deixando assim um mundo com apenas Canideos e Taurus evoluídos, foi triste. Um planeta com apenas duas raças, quem poderia imaginar isso? Tentamos ao máximo preservar as outras espécies, mas sua adaptação ao habitat não foi igual a nossa; a consciência do passado e futuro nos fez enxergar meios de sobreviver além do comum.

Todas as crianças estavam na minha frente, jogando flores e mostrando o quanto essa viagem seria incrível.

Então, com aquela nave que encontrei, tinha certeza de que existia algo além no cosmos, algo incompreensível, e hoje seria o dia em que finalmente descobriria sobre o universo. Recebemos um sinal de um planeta a alguns anos-luz de nosso sistema solar, parecendo ser de uma raça inteligente. Fomos em direção a ele.

Paisagens tão lindas, nebulosas tão belas, buracos negros tão densos que se chegássemos perto deles, nunca mais poderíamos ver nossa família novamente. O tempo tem um jeito diferente no espaço. Não vivíamos em cápsulas, a viagem levaria meses e por isso passávamos o tempo meditando e treinando com nossos equipamentos biomas. Durante a jornada, não tivemos nenhuma dificuldade, era possível extrair muitos minérios de muitos asteroides, o que tornava nossa viagem mais tranquila.

Lá estava aquela esfera azul, carregada de muitos mistérios. Finalmente, poderíamos encontrar uma raça inteligente e nos comunicar com eles.

 De princípio foi tranquilo, eu sentia a alegria daquele povo. Eles eram muito menores que a gente e muito simpático. Nossas naves estavam pousadas e deixamos claros que manteríamos nossos armamentos em caso de segurança, eles pareciam ser muito mais primitivos, em uma época muito mais remota que a nossa. Graças à nossa tecnologia não foi difícil se comunicar com eles e descobrimos que eles eram humanos e seu planeta se chamava Marte.

Tudo aquilo que eu vi nesse planeta era lindo, plantas, animais tão belos e exóticos que, se Helias pudesse ver tudo que eu pude. Helias é meu filho mais novo, um jovem Taurinus muito brincalhão. Lágrimas escorrem nesse instante pelo que fizemos, nunca poderia imaginar que algo tão horrível passaria em frente aos meus olhos. Algo que eu não poderia sequer imaginar que um dia nossa raça poderia fazer, em meio ao ódio e à vingança fomos criados.

Os humanos, se alimentando de nossas raças, torturando em calabouços e prendendo eles. Sairos, nosso subcomandante em nome do imperador, decidiu exterminar todos os humanos.

E então o rio de sangue começou. Os gritos daqueles seres, as cidades pegando fogo com nossas naves atacando. Muitos Taurus faziam o mesmo que eles e se alimentavam de seus corpos e carcaças. Foi um caos, até o planeta que era verde se tornar amarelo, a água evaporou e poucos humanos restaram.

Então quando mal vi, estava mudando de papel. Antes estava segurando a arma e exterminando as crianças desse povo, agora estava tentando proteger as poucas crianças que choravam próximas de mim. Seres de tanto amor, que não deveria jamais ter passado por isso.

Eu odeio Sairos! E como o odeio! Descobri que cultura é muito mais que isso, que é levado pelo viver, levado pelo nascer.

Meu coração não pode aguentar pelo que Sairos decidiu, então ao receber essa mensagem, Helias, saiba que eu resolvi me aliar com os poucos humanos desse planeta, estamos fugindo para bem longe, em um lugar onde Sairos não poderá nos encontrar. Espero que compreenda que a cultura desse povo se tornou baseada em sua maneira de sobreviver, como nos tempos remotos em que nosso corpo era recurso para outras espécies. Espero que entenda e diga para Draha que eu o sempre amei muito, peço que por favor cuide dele por mim, minha criança. Espero que um dia ele possa me perdoar por abandoná-los. Mas meu coração não é levado pelo ódio e pelas guerras. Então saiba que sua mãe te ama muito, tome controle novamente pelos Taurus de Karhar, um povo que sempre amou e semeou a bondade. E forme um império unificado apenas pelo bem. Jamais leve para a violência meu filho.

A mensagem foi uma despista para eles, em um planeta próximo de seu planeta natal me isolei com esses poucos humanos, chamamos de  Terra, mas além de terra, tem muitas marés e lagos lindos.

Seu clã principal era chamado de Dakkar."

Sirios olhou sério para Helias. — Essa mensagem está codificada apenas para um leitor, o que ela diz nela?

Helias virou para Sirios.

— Apenas que ama muito a gente. Até mais, comandante Sairos. Muito obrigado!

Zodíaco - SingularidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora