Zodíaco - Singularidade

Capítulo 15 - Sonhos de Régulo.

                 

                                                                          

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  A viagem para o setor Galapro, próximo de Andrômeda, levaria seis meses através do buraco de minhoca. Uma viagem longa e solitária, no meio do turbilhão de emoções. Muitos dos que estavam dentro não queriam adormecer em suas cúpulas e viver momentos únicos, apenas dormir sem sonhos até a chegada. Os passageiros que assim o desejassem praticavam esgrima, jogavam videogames e estudavam diversas estratégias para aperfeiçoamento próprio. Outros viam seus familiares há muito tempo perdidos na coletividade, enquanto alguns queriam viver momentos únicos, passando por dezenas de histórias. Assim, mesmo sem a escolha de consciência, muitos optavam por viver um "matrix" que se seguiria através da conexão da Starlight e tubos para impedir a radiação de Boson de Higgs.

 Até o momento, o único que tinha conhecimento sobre a missão eram os Zodíacos. Brahms estava frustrado, sabia que poderia enfrentar uma morte real e não sabia o que aconteceria a seguir. Um vampiro imortal que um dia sonhou tanto com a morte finalmente chegaria para a sua vida, se é que algum ser é capaz disso. E entre as estrelas, através da gravitação de um buraco negro, ele poderia se encontrar além de sua imaginação.

Brahms, com todos os seus longos cabelos extremamente lisos depois de tomar um grande banho, estava em sua nave principal, deitado sobre sua cúpula e conectando todos os seus cabos até o seu corpo.

O buraco de minhoca continha partículas primordiais de Boson-higgs, partículas nítidas de radiação que, se infligidas ao corpo da pessoa, fariam sua mente sofrer uma convulsão existencial, podendo até mesmo ser desintegrada pela reação do carbono em relação a isso.

A estrela de Regulo se perdeu na existência onde ele poderia se encontrar, e a viagem através das camadas o levou a uma época em que viveu e se apaixonou, em uma época em que o mundo estava se transformando. Em uma época em que ainda existia Alicia.

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  No planeta Júpiter.

Ísmin estava sentindo as sensações leves que um banho de aprofundamento poderia proporcionar. A água quente passava pelo seu corpo, e no seu salão extenso, havia uma banheira no centro, além de detalhes de quadros espalhados por todo o lugar com dezenas de tipos de árvores e paisagens de Mida, seu planeta natal.

Em um círculo, um elevador chegou à sua superfície. A porta abriu e dois homens e uma mulher entraram totalmente nus.

Um deles começa a deslizar sobre seus ombros e o outro a acariciar seus cabelos. A mulher de cabelos loiros começa a dar beijos leves, descendo devagar, até chegar onde ela queria. As suas expressões de prazer começaram a borbulhar através de seu ser. Seus gemidos eram doces e refletiam as formas que recebia. Através da Starlight, Ísmin estava caminhando por um bosque e tocava as flores. As sensações cinestésicas invadiam junto com a perspectiva de observá-la contemplando todas as flores.

Quando sentiu que tudo isso acabou repentinamente, como se estivesse saindo de um buraco, sua visão do presente voltou. Os humanos estavam inconscientes. E Sthelari estava em sua frente apontando sua lâmina.

Sua expressão era de raiva e desamparo.

— Irmã... Como ousa? Vieste até aqui para me matar? 

— Não... Não sujaria minha lâmina com uma pessoa tão desprezível. 

— Seu ódio ainda está grande, mesmo depois de termos derrotado Ikol juntas. 

— Mas com que propósito nós o derrotamos? O que levou à destruição do nosso planeta. 

— Pelo menos assim ele nunca mais irá destruir nenhum planeta mais. 

— E todas as crianças, mulheres e pessoas que viviam lá. Você não deveria ter feito isso. Poderíamos ter fugido com todos juntos, mas você decidiu salvar só uma porção. Sua ganância e egoísmo nos levaram para onde estamos, e agora encontramos essas formas diferentes de vidas. E sou acusada por crimes que não cometi, eu lhe odeio Ísmin, você vive no luxo da realeza de Júpiter e se apega a seres tão repugnantes. Preciso que retire minhas acusações e preciso de passagem livre para fora do planeta. 

— Primeiro, abaixe essa lâmina e deixe-me colocar uma roupa digna e orgulhosa de nossas origens. 

Então Sthelari abaixou a lâmina e ficou de costas. Enquanto ela se vestia, Ísmin colocou um roupão de seda lisa de cores azuis suaves.

— Não poderia te livrar daqui mesmo se quisesse, você enfureceu demais a raça dos Taurus. Eles querem sua cabeça, querem que você seja condenada ao Abismo e viva como uma Taurus até que esse universo seja desintegrado. 

 Sthelari cuspiu no chão. — Jamais, eu morreria, destruiria todos antes que isso acontecesse.

— Não duvido que não...

— Irmã, tudo o que posso fazer por você agora é te dar uma nave nova.

— É o mínimo que você deve fazer.

E então, Ismin e Sthelari caminharam até o elevador. Ismin digitou os códigos que levariam até a base onde ficavam todas as naves de Júpiter.

— Agora me diga, o que lhe fez matar aquele Taurus?

— Você está desinformada com todo o luxo, mal sabia de todas as suas ações por trás de tudo que fez. Cheguei lá e dezenas de humanos estavam espalhados... mulheres, crianças... todas em situações deploráveis, e ele se alimentava deles.

— Não acredito nisso. Eu sabia que tinha algo grande por trás de todos os raptores das cidades menores de Júpiter.

— Mas eu não podia imaginar que seria Karu... ele era um herói para o povo. Desconhecia Taurus mais bondoso do que ele, mas sua maneira de falar mostrava grande preconceito com humanos e raças menores de Taurus. Muito bom por ter feito isso, papai estaria orgulhoso — suspirou Ísmin, — De onde você conseguiu a informação?

— Um homem me procurou, sua mulher havia sido raptada. E por dezenas de Solaris ele me contratou, mas depois de saber de toda a história, eu não cobrei nada. Aquele Taurus sujo fede na minha lâmina.

O elevador desceu, passando por todas as camadas de Cérberos e indo até a parte de um grande salão extenso com entrada para o exterior, tampados e fortificados por um portão. Nele havia centenas de humanos e Taurus trabalhando. Sthelari usou a roupa de Ísmin e se vestiu como uma galá normalmente. Seus cabelos platinados chegavam até a sua bunda e reluziam; suas cores chamariam atenção demais. Então, com um mecanismo de mudança de aparência, Ísmin trocou seus cabelos para cor preta.

Um Taurus mais gordo estava conversando com outro Taurus mais magro.

Os dois estavam animados.

— O salão da rainha é mais difícil de passar, a gente precisa do level 20, mano. Aquelas valquírias são muito poderosas.

O outro estava perplexo quando Ísmin e Sthelari passaram por ele.

— Nossa, cadentes novas...

— Que horror graha! Elas são humanas.

— Não, cara... elas lembram valquírias.

— Ahh... — expirou o Taurus mais magro.

— Essas mesmas, foram guerreiros imperiais de Gaia por muitos milênios e foram as que determinaram a origem dos elixires.

— Vamos, Ísmin, rápido. Me leve para a nave. — disse Sthelari friamente, depois de reparar olhares. — Parece que estou famosa por Júpiter.