Capítulo 17 - O Julgamento das Valquírias.

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  Júpiter, agora esplêndida pelas arrais que flutuavam em sua densa névoa, abrigava todas as formas de vida. Visitantes de muitas galáxias andavam pelas ruas coloridas, enquanto hologramas voavam, mostrando todos os acontecimentos. Raças muito distantes que não conseguiram sua cidadania em Gaia encontraram abrigo em Júpiter, um dos sete planetas povoados do sistema solar e de suas luas. Júpiter não passava mais fome, graças ao querido filantropo Karu. Morto pela valquíria, injustiçado pelas atitudes de uma rebelde e mercenária.

  Dezenas de pessoas reunidas prestavam homenagens sinceras; seu túmulo jazia em Cerberos, adornado com flores de todos os ciclos solares e lembranças familiares. Um luto infinito na vastidão do cosmos e um sofrimento sem volta. Sthelari iria pagar por seus crimes. Porém, essas lembranças ruins acabaram e a culpada iria ser condenada.

  Diante do Júri do conselho de Júpiter estavam Ísmin e Sthelari.

— Senhores, estamos diante desse tribunal para condenar as duas valquírias por seus atos. 

— Um passo à frente, Ísmin. 

— Ísmin, como contribuiu para a fuga de uma criminosa que cometeu assassinato, julgada pelo crime hediondo em Gaia e no sistema solar, aqueles que cometem assassinato e não estão sob o Júri a mando do Imperador Supremo de Gaia são condenados com reencarnações condenadas. 

— Mas... decidimos que Ísmin fez muito por Júpiter em todos os seus serviços remunerados, então, será apenas condenada a serviços voluntários em Júpiter, administrando orfanatos e fazendo o que Karu fazia. 

Ísmin e Sthelari estavam amarradas com um grande tecido que cobria todo seu corpo até o pescoço, impedindo os movimentos dos braços e das pernas.

No semblante de Sthelari, apenas carregava ódio e um silêncio profundo.

— A ré tem algum argumento para sua defesa? — perguntou Traga, o humano regente de Júpiter.

Sthelari cuspiu no chão. Então, Ísmin tremendo por sua irmã ser condenada injustamente, até mesmo a si, perdendo todos os seus direitos. — Não tenho palavras para tratar contra um sistema corrupto. Gaia estará ciente de que vocês, do conselho, estão sabotando Júpiter, defendendo um homem como Karu... 

Boro se intrometeu.

— Não ouse falar assim do meu irmão, taurino mais bondoso não existe! 

— Tão bondoso, você já esteve em sua residência? — perguntou Sthelari.

— Sim, muitas vezes. E não vi nada do que vocês o acusam injustamente, apenas uma prática pública para se livrar dos seus crimes. A jovem renegada valquíria será sucumbida novamente, e seus dias de glória acabaram. 

Trata se levantou da sua cadeira novamente. — Chega, já tratamos desse assunto suficiente. Guardas, levem Sthelari para o topo de Gromir, em direção às reencarnações.

Eles afastaram-na, enquanto Sthelari a observava nos olhos e lágrimas lhe invadiram. — Vai ficar tudo bem, irmã! Vai dar tudo certo!

Sthelari nada disse.

Conforme ia subindo a torre, seus pensamentos se tornavam conturbados. Imaginar passar por uma nova vida, ainda mais na forma de um Taurino, seria repugnante. Talvez o que poderia viver, ser uma das raças evolutivas de começo que são usadas para abates. Para que universo seria mandada? Fora da realidade fixa, toda a sua vida iria mudar, e quando acordasse novamente, quais seriam suas sensações depois de passar pelos tormentos que os antigos Taurinos passaram na mão de bilhões de espécies pelo universo.

No começo da história de Gaia, os Taurinos tiveram um papel importante na sobrevivência da espécie humana. Eles encontraram um animal que poderia atacar e não revidava, esse foi o pontapé inicial para a sobrevivência.

Uma torre negra, com uma grande escada que subiu dezenas de metros acima. Sthelari era carregada pelos guardas que preenchiam várias fileiras. Ela subiu no topo, e lá estava. Em todas as chances para fugir, percebeu que nenhuma delas daria certo.

Aquele homem estava em sua frente para garantir que isso não acontecesse.

O Zodíaco de Touro, Rufus.

— Eu soube das suas histórias, valquíria, sempre fugindo de todos os guardas imperiais de Júpiter e se mantendo na sombra por muito tempo. Nos tempos antigos, você era respeitada por muitos, principalmente por ele. Aposto que se ele estivesse próximo de Gaia , o primeiro lugar que iria vim era buscar a querida valquíria dele, tão habilidosa, e agora vai ser reencarnada como um mero taurino, vai sentir na pele pelo que eu passei. Por tudo que eu passei, e todas as batalhas que eu tive que chegar até onde estou.

Rufus de Aldebarã estava em sua frente, encarando seus olhos azuis, e a valquíria não desviava o olhar, mantendo firme mesmo nos últimos suspiros. O focinho branco de Rufus era visível, com seu bio-suíte, um dos mais poderosos de todo o sistema. Sua pelagem era totalmente branca, com apenas algumas manchas pretas no rosto.

O Império dos Taurinos não foi de fácil acesso para os humanos, desejando uma paz para o sistema solar inteiro e impedir o grande avanço das invasões humanas. Rufus, um descendente do Rei Tauros, foi escolhido para carregar o elixir. Todo o conhecimento que a humanidade adquiriu não serviu de nada, pois após vários testes para conseguir modular a estrela de Aldebarã em um deles, não tiveram sucesso. Dezenas de humanos mortos tentando obter o poder dos sonhos que tanto queriam. Mas Rufus, por assim decidir unir-se com a humanidade, tornou-se o Zodíaco e conseguiu o elixir de Aldebarã.

Boro, que estava ao lado de Rufus.

— Está na hora. — disse Rufus, apontando para Sthelari e para uma cúpula conectada por vários cabos. — Preciso coagi-la?

Sthelari abaixou sua cabeça e deu passos leves em direção à cúpula. Um medo cresceu dentro de seu interior; passar por tudo isso novamente a assustava. Ela se desesperou e tentou fugir, dando uma cabeçada em um dos Taurinos, que caiu no chão. Nesse momento, Rufus ativou sua bio-arma, transformando-se em um grande touro, carregando uma pesada maça.

— A morte seria mais fácil, não é mesmo? Agora, dê um passo e tenha um mínimo de respeito mesmo em sua condenação! 

Tou deu um passo à frente, vestido com seu traje vermelho. Seus cabelos tinham fios que se erguiam e flutuavam no ar, como se estivessem vivos.

— Então, pela Lei Federal de Júpiter para mercenários e bandidos, com causas de homicídios e agressões contra a coletividade, declaro Sthelari a contemplar um ciclo de aprendizado através da ancestralidade do seu inimigo abatido, Karu, um dos nossos mais prestigiados cidadãos de Júpiter. Suas lendas contra as criaturas que habitavam as profundezas de Júpiter são contadas por gerações. Já contemplando seu milionésimo aniversário, foi brutalmente assassinado por essa indivídua. Assim, seja. Através do poder concedido por mim, declaro Sthelari culpada. 

Alguns minutos se passaram, e Sthelari fechou os olhos enquanto flutuava na existência da ancestralidade de Karu.

Uma voz ecoou na parede, quando um homem apareceu das sombras, todo vestido com uma armadura negra, com um elmo mostrando a cabeça de um dragão. Em sua mão direita, segurava uma espada, que cintilava seu brilho pelas paredes. Logo, uma pressão gigantesca caiu sobre todos os Taurinos e humanos ao redor de Sthelari, fazendo-os adormecer no chão. Rufus foi o único que se manteve em pé.

— A morte não é o final, é apenas o começo — disse Ryuujin.


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