Capítulo 13 - Cerberos, A Capital de Júpiter.

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   A cor do céu transmitia a mensagem do grande planeta, com seus gigantes como sua marca. Enormes águas-vivas, que se estendiam por milhares de quilômetros, traziam uma variedade de tamanhos, proporcionando uma perspectiva profunda ao planeta que um dia parecia tão distante dos sonhos da humanidade.

 Graças ao conhecimento da raça chamada Taurus, a humanidade conseguiu estabelecer residências em cada uma dessas águas-vivas. Por meio de um processo de mesclagem com substâncias químicas, as águas-vivas foram domesticadas.

 Sobre a água-viva Cerberos está localizada a capital de Júpiter, um grande assentamento formado pelos remanescentes de Gaia juntamente com os futuros colonos de Júpiter. Sua líder é a Rainha Ísmin, uma humana que vive há mil anos em Júpiter, comandando apenas 40% de sua vida. Cerberos é sua grande aliada.

  Essas águas-vivas possuem uma telecinese extremamente poderosa. Graças à sincronia proporcionada por um dispositivo de conexão baseado em ondas de neutrinos, podemos nos comunicar com outros seres vivos, inclusive animais.

— Hoje é um dia difícil. Tive que enviar três naves da minha frota e uma água-viva mãe como reserva de comunicação e oxigênio para planetas desabitados. — disse Ísmin diante do conselho de Júpiter.

— Não enviamos soldados o suficiente para Gaia? — questionou Suvin.

— Gaia nos fornece neutrinos manipulados, não podemos fazer muito mais por eles. Também estou ciente da nossa relação com Gaia.

Mais à direita, sentado em uma cadeira, havia um homem de cabelos grisalhos. Sua roupa era toda preta e suas orelhas eram finas, com chifres negros que se contorciam.

— Na Terra, ainda há pessoas que se alimentam dos meus ancestrais — disse Boro.

— Gaia já está lidando com isso há anos, impedindo o consumo de carne. 

Boro não parecia satisfeito.

— Os humanos nunca abandonarão suas obsessões.

Karu começou a franzir suas sobrancelhas espessas, seu chifre era curvado e seus olhos irradiavam uma cor vermelha, como se estivessem em chamas.

— E nossa raça já se importou alguma vez com esses seres menores? — disse Karu.

Boro olhou para ele desaprovando, mas sabendo que estava certo.

Os Taurus são uma raça que vivia isolada em um planeta distante. Devido à falta de predadores, um tipo de veneno se espalhou, deixando apenas as plantas e os Taurus vivos. O planeta era repleto de alegria e batalhas rituais, até que os remanescentes da raça, após a Era Colonial Espacial, descobriram uma verdade que os deixou perplexos, distante no setor próximo à sua constelação. Após adquirirem a capacidade de viajar na velocidade da luz, suas mentes mudaram, incluindo sua perspectiva sobre o universo.

Eles se perguntaram: Será que devemos nos intrometer?

Os Taurus sobrevoavam o planeta, Karu e seu general Lazordo estavam prontos para qualquer combate. Embora os Taurus fossem uma raça que não enfrentava predadores, podendo ser a única raça no planeta, seus únicos inimigos eram eles mesmos. Sua raça era frenética em torneios de combate, utilizando armas a laser e um bio-corpo de combate especial que se fundia com seus corpos biológicos.

Ismin se levantou, seu vestido de cor púrpura reluzia e mostrava seu poder.

— Sim, um planeta primitivo. Agora Gaia ressurge através do princípio da coletividade. Qualquer indivíduo que ousar agredir seres vivos em Gaia passará por um processo de reencarnação em cúpulas adormecidas. 

— Sim, sim — disse Boro.

— Também graças ao Zodíaco de Virgem, não perdemos nosso imperador. E somos gratos por isso. — respondeu Boro com complacência.

Karu então ativou um holograma à sua frente, exibindo as próximas notícias em Júpiter.

— "Mercador de seres humanos infantis." Olhando para frente e percebendo que todos estavam olhando em outras direções, passou para a próxima notícia. "Valquíria procurada por causar anarquia." 

Ismin reconheceu os sons de Sthelari em batalha.

— Deixe-a. 

— Minha irmã está apenas perseguindo criminosos. 

— Um mero lazer de suas origens remanescentes — disse Ismin, mergulhando em suas lembranças. Lembrou-se do momento em que lutava lado a lado com Sthelari contra o Mestre das Sombras e o Senhor dos Gigantes.

 O dia se perdeu na noite, e a noite se perdeu no dia. Dentro das águas-vivas, era impossível perceber essa transição. Suas estruturas eram diferentes e inusitadas, graças aos avanços tecnológicos e à manipulação, pareciam cômodos e lugares aleatórios de diferentes planetas. Até mesmo as cidades pareciam tão grandes quanto, mas tudo era tecnológico. A atmosfera de Júpiter era densa, mas a localização das águas-vivas estava próxima o suficiente da superfície para receber pequenas doses de luz solar necessárias para sua sobrevivência.

  As águas-vivas possuíam uma personalidade que se tornou possível graças à Starlight. Assim, a humanidade conseguiu se comunicar com elas e descobrir que são seres belos e pacíficos, desprovidos da maioria das emoções sentidas pelos seres sencientes. A sabedoria da sobrevivência e o poder de se materializar como seres livres pelo universo fazem com que sejam eternamente gratos aos seres humanos.

Karu, com seus olhos vermelhos reluzindo na sombra de uma pequena estrada cercada por árvores e lampiões, como nos tempos antigos, avistou uma porta paranormal à sua frente. Parecia estar flutuando. Ele adentrou e digitou um endereço.

O elevador começou a se transformar e se dirigiu para um lugar desconhecido.

Seus olhos iluminavam todo o ambiente escuro quando ele viu meninos e meninas acorrentados em um estado deplorável. À direita, havia ganchos pendurados com pernas de adultos e jovens.

Eles tremiam.

Seus olhos refletiam o terror, o medo, a vontade de serem livres. A sensação de buscar a liberdade. Mas ali, diante deles, estava aquele Taurus.

Karu removeu toda a sua armadura e suas roupas, ficando completamente exposto diante dos humanos.

Na cena que era totalmente negra e trancada, com várias estruturas de pilares, no alto estava Sthelari com seu rifle de plasma mirando em seu peito. Sua mira atravessava toda a distância até o andar onde Karu estava.

 Um feixe de luz brilhante como o cintilar do Sol atingiu o peito do Taurus.

Ao perceber que ele ainda estava de pé, Sthelari jogou seu rifle para o lado. Aquela esquiva não era normal. Então, ela desceu com suas espadas em mãos, com sua armadura completa e seu elmo de penas cobrindo todo o rosto. Ela caiu e cravou as espadas no chão, encarando Karu.

Sthelari apontou sua espada para a cabeça dele.

— Então, és o responsável por todas as mortes. Não mereces uma morte digna... — seus olhos tremiam e seu instinto se aguçava. E, com toda a sua ira, ele a atacou.

Zodíaco - SingularidadeWhere stories live. Discover now