Capítulo 42 - Singularidade Revelada.

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A mensagem universal espalhou-se como uma grande praga, dessa vez, carregando algo pior ainda. Os povos que tinham conhecimento de tecnologias de rádio conseguiam interceptar somente bipes, bipes distantes que não eram revelados; já aqueles que se aprofundavam mais conseguiam ver.

No refletor principal da nave, presente na área de navegação, o relato do Guarda Real Dellusion transmitia uma mensagem: um monarca do abismo havia sido revelado.

Ryuujin, que estava junto com seus recrutas, estava sério olhando. Soharis, Lipe e os mais novos mal entendiam, pois esse conhecimento não era ensinado aos jovens recrutas. Ryuujin lembrou-se de seu passado nesse momento.

9800 MIL ANOS ANTES. AO REDOR DE GAIA RISING.

Os recrutas Lighters estavam enfileirados para o teste do elixir solar.

Elissa, responsável pelo teste, vestia a roupa formal de Gaia, que consistia em uma blusa que ia até seu pescoço, com cores azuis e verdes, um bolso no lado direito e, ao lado, duas insígnias. Em seu braço direito segurava um bastão, detectando anormalidades que poderiam interferir nos processos cognitivos e causar uma combustão.

— Quando terminar o teste, haverá duas portas, uma para os não selecionados e outra para os selecionados. Provavelmente, a maioria de vocês não será escolhida — Elissa sorriu. — Embora, tenhamos mil recrutas aqui, apenas dez serão selecionados e, com muita sorte, talvez uns quinze.

Todos estavam ansiosos na frente, outros não demonstravam semblantes, porque estavam com seus neurotransmissores emocionais desligados. Uma configuração que poucos da Starlight conseguiam.

Ryuujin sussurrou para outro que estava na sua frente. — Ela tem olhos bonitos, não é? — Varus sorriu em resposta.

— É mesmo — respondeu Varus. — Pelo menos disfarça seu olhar.

 Ryuujin notou que ela percebeu que estavam observando-a. Seu olhar era tão penetrante que parecia estar em sua própria mente; mais tarde descobriria que sim, era como um sussurro persistente. "Você não deveria estar aqui."

 Elissa era a telepata mais poderosa de toda Gaia, considerada o Zodíaco do setor de Virgem. Ela possuía um tremendo poder. Qualquer ato imprevisto era previsível, ela conhecia cada sentimento e coração de todos. E sentia que a chama que existia em Ryuujin era diferente.

Ryuujin se virou eufórico, olhando para os lados sem saber de onde vinha a voz.

Em um holograma, apareceu o Guarda Real Titan — Muito bem, homens, agora seus destinos estão guiados por Gaia. Deixaram suas vidas para trás e terão ainda mais responsabilidades. Agora, como descendentes de nossa própria estrela, serão capazes de grandes feitos. Comecem o processo.

 Enquanto Ryuujin passava por Elissa, ela o encarava com um olhar enigmático. Seus cabelos curtos até o ombro davam uma sensação estranha, suas expressões pareciam de admiração para com Ryuujin, como se estivesse excitada. Ryuujin a encarava com a mesma intensidade, até ver que a porta estava à sua frente, totalmente escura. Ao entrar em um túnel, caminhou em direção a uma luz; quando atravessou a porta, tudo ficou branco. Percebeu que todos haviam desaparecido atrás dele. No centro, um pilar estava com um grande cálice em seu meio.

Ryuujin aproximou-se; então o líquido que estava no cálice começou a brilhar, emitindo raios como túneis em todas as direções.

A sensação que percorreu o seu corpo era difícil de explicar, como algo que o estava chamando. Suas mãos lentamente chegaram até o cálice. Suas cores brancas e amarelas traziam sensações de alívio. Em seu centro, um símbolo do sol formado por cinco pontas distintas. Ryuujin bebeu, quando de repente, uma porta se abriu na imensidão do salão branco.

Ele caminhou até lá, mas depois não se lembrava de nada. Acordou em uma sala, com Elissa à sua frente.

— Muito bem! Você agora é um portador do nosso sol, está acima de muitos Lighters. Seja bem-vindo, cavaleiro do sol.

— E Varus? Onde está ele? Também conseguiu?

— Infelizmente não, seu destino foi mais trágico que o seu. Não suportou o emanacionismo que o cálice lhe impôs.

Ryuujin fechou seu rosto por completo. Depois os dias passaram mais rápido do que imaginara, suas aulas começaram a ficar mais intensas. Ele estava sentado em uma das cadeiras flutuantes, em meio a um grande salão extenso, mas incrível que havia apenas mais nove com ele. Cada um com uma expressão mais distante e isolado em seu próprio mundo. Mal poderia dizer que alguns eram humanos, até perceber que realmente não eram. Havia outras raças de outros planetas ali, que tiveram a chance de receber o dom do nosso sol.

O professor estava como um holograma em meio ao grande espaço. Estrelas e constelações forneciam detalhes para tudo o que acontecia, explicando sobre buracos negros e espécies de outros planetas mais poderosas. Até que chegou a um assunto que ele nunca imaginou ser real: a explicação para todo o universo, a criação de tudo.

— Esses são considerados destruídos. Chamados de Monarcas do Abismo.

Era difícil distinguir o que era. Tinha uma forma preta, parecendo até um humano, mas não tinha olhos. Sua energia se dissipava, transformando-se em outras, seus átomos não seguiam a estrutura padrão, conceitos de uma física muito distante. Cada detalhe passado por Stuart era difícil de entender. Suas perguntas eram enviadas como ondas telepáticas através da Starlight, onde ele mandava um texto com suas dúvidas.

— Ryuujin, realmente é mais difícil explicar com palavras. Vou enviar ondas de sensações mais simples para te explicar.

Então Ryuujin se viu com um sentimento negro, absorvendo e buscando energias poderosas. Estava em uma simulação onde um buraco negro sugava a essência de uma estrela, mantendo o equilíbrio no universo.

— Em partes, eles são necessários para universos desequilibrados. Eles aparecem e destroem; infelizmente, nenhum desses universos poderá sobreviver. Mas é assim que o multiverso funciona, para manter tudo em equilíbrio. Exceto que...

Stuart se transformou em um grande holograma e mostrou a criatura que Ryuujin jamais poderia imaginar. Seria difícil encontrar palavras tão belas para descrever, ao contrário do que ele havia experienciado antes.

— Esses são monarcas da iluminação.

Parecia uma borboleta, ou até mesmo uma centopeia. Em alguns detalhes, poderia ser confundida até mesmo com uma árvore. Era branca e parecia emitir uma energia bela. Mas Ryuujin não entendia como essas criaturas existiam.

— Bom, quando descobrimos a Starlight, graças a algumas IAs e à estrutura biológica do DNA e RNA, conseguimos localizar um padrão de origem. Esse padrão nos levou a eles.

— De um lado, destruidores de universos, e do outro, criadores. Eles mantêm o equilíbrio no universo, sem que um supere o outro. No entanto, alguns estão acima de outros, tornando-se muito mais do que seus próprios universos. A realidade existencial é um conceito muito fútil para tais seres.

— Ryuujin?! — exclamou Lúcia. — Você parece distante. Já ouviu falar sobre essas criaturas?

Ele se levantou, foi até um painel de uma nave, ativou uma máquina de fabricação quântica e dela saiu uma garrafa de uísque escocês. Bebeu a garrafa inteira.

— Mais do que eu poderia imaginar. Nas aulas para recém-emergidos, aprendemos muito sobre eles e uma coisa que descobrimos... — Ryuujin tomou outro gole longo. Azartar o encarava, esperando que ele continuasse. Em uma parte lateral, Roran estava agachado com vários tubos conectados em suas costas, como tentáculos, junto com uma injeção em seu pescoço que mostrava toda a sua rede neural. Ao seu lado, Sthelari estava; ambos não vestiam nenhuma roupa.

— É melhor não se envolver com eles.

Zodíaco - SingularidadeWhere stories live. Discover now