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Q u a t r e

— É um dos melhores apartamentos nessa região.

Era o que o rapaz em minha frente tentava me fazer acreditar, enquanto em seus olhos eu podia enxergar a mentira exalar como enxofre. Sorri, sabendo que de mim ele não conseguiria nenhum ponto de confiança.

— Qual é a função daquela viela ali? — me escorei na janela, assistindo alguns adolescentes presente na viela recém mencionada. Dois garotos e uma garota, que sorria com a ideia do que estava para acontecer ali.

— É um local seguro, garanto que não é para...— se colocou ao meu lado, encarando boquiaberto a aventura perigosa que passou a acontecer ali. Foi uma péssima decisão ter ficado encarando a cena por mais alguns minutos.

— Nem ferrando — fechei a janela o mais rápido que pude, querendo apagar os últimos cinco minutos de lembrança.

— Não é sempre que isso acontece — o rapaz tentou assegurar. — Eu juro — Por seu desespero em querer me alugar um apartamento sofisticado, mas em uma vizinhança agitada demais para meu gosto, ele certamente era algum novato, ou apenas precisando fazer algum avanço em seu trabalho.

Meu celular vibrou em minha mão, um aviso de que já era hora de encerrar aquela frustrada tentativa de negócio.

— Não acho que hoje seja seu dia, mas obrigada por se prestar a me trazer até aqui. Foi uma boa tentativa — falei amigavelmente. — Agora podemos ir embora? — mesmo com as janelas fechadas, eu conseguia escutar barulhos de três adolescentes vivendo a vida como se não existisse regras.

Constrangido, o rapaz confirmou e me guiou pela saída do prédio. Estacionado ao outro lado da calçada estava um carro que pude reconhecer imediatamente. Suprimi um sorrisinho.

— Me desculpe — Dave, o corretor que eu cismava em não querer decorar o nome, disse assim que finalizamos os degraus. Ele abriu um sorriso envergonhado. Dave era simpático, apesar de desesperado. Também tinha um charme interessante, mas que não me atraía. — Não levei em consideração muita coisa. Devia ter pensando nisso antes de mostrar o lugar. Eu sou um pouco inexperiente, estou apenas começando, esse é meu terceiro dia. Queria fechar um negócio antes de acharem que sou incompetente — revelou o que eu já desconfiava.

— Você não é incompetente, talvez um pouco apressado demais, mas nada que não consiga dar um jeito. Espero que na próxima visita você consiga me convencer — ele poderia não ter conseguido me fazer alugar o apartamento, mas conseguiu me convercer de que era um bom rapaz. — Tenha mais sorte na proxima vez, Dave — me despedi com um sorriso simpático e fui até o carro estacionado que estava a minha espera.

— Em momento algum da nossa conversa eu me lembro de ter me ofertado para ser seu chofer particular — Disse Jungkook, assim que entro no carro, sem mesmo prestar atenção em mim. Seu olhar se mantinha preso no rapaz que fracassou em me convencer a alugar o apartamento. Observou cada movimento do homem, até que o mesmo entrasse em seu carro estacionado à nossa frente.

— Em momento algum da nossa conversa eu me lembro de ter aceitado sacrificar minha folga para te ajudar — revidei. O carro de Dave foi se distanciado e por fim Jungkook me olhou. Nem um pouco satisfeito com minha alfinetada. — Pelo esforço que estou fazendo para te ajudar, o mínimo que você deve fazer é me buscar quando eu precisar — afirmei dando de ombros.

— Pelo esforço que estou fazendo para não corrigir esse seu comportamento ousado, o mínimo que você deveria fazer é controlar essa sua língua — corrigir não era bem a palavra que ele queria ter usado. A maneira a qual seus olhos me afrontavam, exalava uma tensão maliciosa e o verdadeiro significado do que ele queria me fazer.