T r e n t e - q u a t r e

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Talles estava imóvel há exatos dez minutos. Vez ou outra abria a boca em tentativa de dizer algo, mas se calava antes que algum som pudesse sair. Por vezes me levantei do sofá, andando em círculos pela sala da casa da minha mãe, me questionando se tal silêncio seria capaz de matar.

De certeza que seria, se caso se prolongasse pelas próximas horas. Respiro fundo, reunindo coragem e decidindo que já estava no momento de me pronunciar.

— Talles...

— Não. Espera. Preciso de um pouco mais de tempo — ergueu o indicador no ar, pela primeira vez em minutos mexendo-se. — Quando, exatamente, a investigação casual sobre a morte de uma mulher passou a ser roteiro de novela das nove?

— No capítulo quinze. Mais precisamente na primeira tentativa contra minha vida.

— Minha nossa! — riu. Tão alto que me pego indecisa sobre rir junto ou não. — Você tá maluca?! — a resposta era não.

— N-não sei o que devo responder — me encolho no sofá. De repente sua estrutura passou a ser ameaçadora. 

— Você me prometeu que isso não era nada demais! E desde quando pessoas psicopatas não são nada demais?! Puta que pariu, Rosellyn, a mulher tá viva!

Estava em surto. E tudo bem, também estaria caso em seu lugar. Tinha todo direito. Escondi muitos pequenos detalhes dele, e agora, quando foi necessário conta-los, entendi que a verdade sempre deveria vir em primeiro lugar. Ainda mais se caso ela tinha como segredo a mãe morta, agora viva e psicopata, do meu ex-namorado.

— Quando pretendia me contar? — perguntou furioso.

— Agora?

— Rosellyn!

— Me desculpa! Mas você precisa entender que minha intenção era manter vocês seguros, afinal Ryan é o ex-padrasto de Kris.

— E quanto à você?! E não me venha com essa de que Jungkook estava te protegendo, porque ele está tão psicologicamente mais ferrado que você!

Aquilo me deixou sem argumentos. Não por ser uma resposta irrefutável, mas por ser verdadeira. Por ser uma realidade que machuca só de pensar. Em um ato involuntário meus olhos se voltam ao relógio na parede. Estava perto de meia noite, e desde o nascer do sol não tinha notícias suficientes para me tranquilizar em relação à Jungkook e seu encontro com Yoora.

— Me diz — falou Talles sentando-se ao meu lado. — Sobre o que estão pretendendo fazer, quais são as chances de dar certo?

— Bem poucas.

— E quando vai ser?

— Entre os próximos dias — Jogou a cabeça para trás, tentando respirar o mais fundo possível.

— Se caso nada disso dar certo eu te mato. Eu verdadeiramente te mato.

— Pode até tentar, mas existe grandes chances de Hank me matar primeiro.

— Vaca! — acertou meu rosto com a almofada. — Eu juro por Deus, Rosellyn, que se você se machucar eu vou matar você e aquele cretino gostoso do Jungkook. E que merda, eu quero um salário equivalente de um ator de novela, já que isso tudo não passa de scripit maluco.

1 4 3 • jjkDär berättelser lever. Upptäck nu