V i n g t - n e u f

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Kris me ligou naquela manhã. Aos berros me dizendo que dois do seus bolos haviam queimado. De cinco bolos feitos, dois era um número consideravelmente grande para sua superstição. Horas se passaram até que eu conseguisse tranquiliza-lo, afirmando que não havia motivo algum para que algo de ruim acontecesse naquele dia em ocasião.

O que na verdade, era uma mentira tão absurda que chegava ser hilária. E mesmo assim, com inúmeros avisos dados, havia tomado a decisão mais arriscada da minha vida. Parada ao meio do hall da casa eu me perguntava o quão profundo seria aquele problema que estava me metendo. Provavelmente grande em escalas que não poderia ser mensuradas.

— Mãos na mesa — disse a voz autoritária que me acompanhou até ali. Se aproximando ele fez sinal com o indicador para que me virasse.

— Pelo amor de Deus, nem mesmo se quisesse teria como trazer, estou usando um vestido, onde vou esconder alguma bebida aqui?

— Hoje mais cedo você conseguiu esconder uma garrafa de uísque no outro vestido.

— Aquilo foi diferente.

— Como se isso importasse — balançou a mão no ar. — Você prometeu ao camaleão que não iria mais beber, só estou fazendo a minha parte e te vigiando — era vergonhoso o fato dele estar com toda razão para si.

— Isso é patético. 

— Mãos na mesa, Rosellyn — Coagida eu me viro, apoiando as mãos sobre a mesa. — Afaste as pernas e se curve — tal ordem dançava perigosamente entre a malícia e o prazer que ele sentia em me ver obedecendo suas ordens.

— Vai me revistar ou...— Sua mão tocou a curva da minha bunda. — Sua família está atrás daquela porta, então pense melhor onde vai colocar suas mãos.

— Aquela não é minha família — levantou o vestido e deslizou a mão por entre minhas pernas, tocando perto demais de onde não devia. — Eu não tenho família. Talvez uma irmã, de restante, eu não tenho nada — suas palavras me distrairam por segundos, carregando entre elas o clima melancólico.

— Ainda sim, são pessoas as quais estamos prestes a encontrar, imagina como será se caso algum deles abrir aquela porta e nos encontrar nessa situação?

— Você já não deveria saber que eu não dou a mínima? — reviro os olhos sem que ele pudesse ver. — Seios — disse contra meu ouvido. O empurro para se afastar e me viro irritada para ele. O longo decote do vestido me permitiu afastar o decote o suficiente para mostrar que não levava nada ali além dos meus seios.

— Satisfeito? — um sorriso ordinário se desenhou em seus lábios diante da visão que tinha.

— Muito — pela segunda vez reviro os olhos, deixando nítido que estava odiando sua presença. Ajeito o decote no lugar e pego minha bolsa sobre a mesa.

Nesse momento, antes que pudesse me dirigir até a porta que separa o hall de entrada do restante da casa, alguém abriu primeiro. Sarang.

— Rose, você veio!E...Jungkook? — questionou com o olhar a razão do irmão estar ali.

— Antes de mais nada, a presença dele aqui é algo que me desagrada. No entanto, ele resolveu bancar o neandertal ciumento e espantou todos os táxis que chamei, e como ainda não tenho confiança em ter um carro em minhas mãos, ele está aqui — olho descontente para Jungkook ao meu lado. — Me diz que a mesa de jantar é grande o suficiente para que eu não consiga ver o rosto dele pelas próximas duas horas.

— Dez lugares.

— Melhor que nada — Ainda sim, para uma casa que tinha seu próprio hall de entrada, não ter uma mesa com, no mínimo, vinte lugares, era uma tremenda demonstração de dinheiro não bem gasto. — Ah, me desculpa pelo o atraso, por culpa do cretino precisei trocar o vestido.

1 4 3 • jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora