V i n g - E t - U n

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A decepção é, em grande parte das vezes, o que chamam de necessário. A evolução faz parte da decepção. Com ela aprendemos lidar com o lado amargo da vida. Era o que mamãe costumava me dizer quando me frustrava facilmente com algo. Mesmo que ainda fosse uma adolescente não querendo conselhos sobre a vida, aqueles eu aprendi a guardar desde cedo, pois eu sempre esperei pela decepção. Aquela era sua segunda visita, e eu estava a odiando.

Repirar fundo me cansava, mas era tudo o que podia fazer por momento. Sentia tudo em mim gritar em cansaço, gritar que já havia chegado na beirada do precipício. Não só fisicamente como também psicologicamente. Era como se aquilo tudo já não estivesse dando mais certo. Sendo sincera, acredito que em momento algum aquilo teria dado certo. Fui burra em não ter aprendindo com a primeira decepção. Fui tola em acreditar que saberia lidar com tudo. Eu deveria desistir.

Mas não agora. Por enquanto eu precisava me manter forte e esboçar a quem precisasse a imagem de uma Rosellyn inabalável. O que, mantendo em segredo, era exaustivo demais.

— Byeol — pronuncio o nome com um sorriso acompanhando um feliz tom de voz. — Estava ansiosa para conhecer você — digo tomando as rédeas da situação e agora sendo eu quem segurava suas mãos.

— Você sabe quem sou? — questionou ela surpresa demais para esconder. Todos ali ficaram surpresos demais para esconder. Evito soltar um suspiro e continuo.

— É claro — que não. — Jungkook me falou sobre você.

Dirijo o olhar ao rapaz que me encarava tentando a todo custo não entregar o que quer que seja que seus olhos transmitiam naquele momento. Byeol também olhou Jungkook por cima do ombro, procurando por respostas. Respostas as quais ela não teria.

— Sério? — perguntou ela sorrindo um pouco. — Porque não acho que ele tenha feito isso — sinto o perigo exalar naquelas palavras.

— Pois acredite, ele fez — afirmo confiante. Quanto mais ela acreditasse que eu estava ciente de sua existência, menos idiota eu me sentiria. Izabela, após o que pareceu minutos, voltou a sorrir, mas não um sorriso amigável.

— Byeol. Chega de brincadeiras — repreendeu. Byeol aos poucos puxou sua mão das minhas. Seus olhos tão afiados quanto de uma cobra tentavam me afugentar. Ah, graças à Deus por Bordelle e suas fitas de cetim existirem e me deixarem confiante o suficiente para achar graça daquele olhar. — Me desculpe pela brincadeira sem graça da minha sobrinha, Rosellyn. Ela e Jungkook não tem nenhum tipo de relação — explicou o que eu já imaginava.

— Nenhuma relação? Que pena, estava realmente empolgada com o casal — falo cinicamente. Ao fundo Jungkook revirou os olhos, desaprovando a provocação. 

— Por enquanto — comentou Byeol voltando se aproximar dele. — Temos um passado juntos, não vai demorar muito para voltarmos a ser um casal. É apenas questão de tempo.

Todos naquela sala pareciam estar observando-me atentamente, na espera de alguma brecha que demonstre meus verdadeiros sentimentos para com aquela situação. Jungkook era o único que parecia saber que eu não iria desmoronar. Pois ele já desconfiava que a única coisa que poderia estar sentindo naquele momento fosse raiva. E ele obviamente era o alvo de toda minha raiva. Bom, estava certo ele pensar daquela maneira.

Sem esperar alguém se pronunciar, eu abro um outro sorriso, suspirando em meio ao ato. Então, debochadamente, mantenho meus olhos em Byeol. Não deixando ela acreditar que me afetaria tão fácil assim.

— Rosellyn — Jungkook chamou, sua voz rouca salientado sua irritação. Não para comigo, talvez com a situação em si. Mas ele era o que menos tinha direito de se irritar ali. — Podemos conversar em particular?

1 4 3 • jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora